1. Assim como em 2008, é possível dizer que os maiores vencedores das eleições municipais foram os aliados não-petistas do governo federal. Em 2008, o PMDB. Em 2012, o PSB.
2. São Paulo não é tudo. Apesar da vitória na maior cidade do Brasil, o PT perdeu as prefeituras de Fortaleza e Recife, não fez nem apoiou o vencedor em Belo Horizonte depois de muito tempo, e teve uma importante derrota simbólica: perdeu em Diadema. Além disso, venceu o menor número de capitais desde 1996.
3. Houve uma inversão em relação às duas últimas eleições para presidente. O PT teve muitas vitórias no "Brasil azul" e muitas derrotas no "Brasil vermelho". Nas quatro capitais em que o PT ganhou, três (São Paulo, Goiânia e Rio Branco) deram maioria confortável para Serra em 2010. Em Recife, Salvador e Fortaleza, lulistas desde 1989, o PT perdeu. Isto é um sinal de que o julgamento que o eleitor faz das administrações locais conta mais do que apoio do Lula, da Dilma, do Aécio, do Alckmin ou do Eduardo Campos.
4. O PT teve vitórias em cidades de alta renda. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, ganhou apenas em Niterói. No Estado de São Paulo, passou pelo inusitado de perder em Diadema, mas também pelo inusitado de ganhar em São José dos Campos. Foi importante o apoio do eleitor de baixa renda dos municípios de alta renda.
5. O PSOL sempre foi estilingue, e agora vai ter pela primeira vez a oportunidade de ser vidraça, em Itaocara e em Macapá.
6. Fernando Haddad teve votação maior que qualquer votação do Lula na cidade de São Paulo. Em comparação com outros candidatos do PT, Haddad foi apenas um pouco menos votado que a Marta em 2000, que teve 58%. A maior votação de Lula em São Paulo (e única vez que ele teve maioria) ocorreu em 2002, quando atingiu 51%. Ou seja, o apoio do Lula não explica sozinho a vitória de Haddad.
7. Mesmo com kit-gay, Fernando Haddad teve maioria esmagadora na periferia, atingindo 80% em algumas zonas. Isso mostra que o temor de perder votos do eleitor de baixa renda se desagradar igrejas é superestimado, e que as concessões a religiosos foram maiores do que o necessário.
8. O apoio de Maluf não impactou negativamente a candidatura de Haddad, mas também não impactou positivamente. Serra ganhou com confortável maioria nas zonas onde o Maluf era forte: Mooca, Tatuapé e Vila Maria.
9. Márcio Pochmann em Campinas foi outra aposta do PT em novatos em eleição, que participaram do governo federal e que tem ligação com as universidades. Perdeu por larga vantagem para Jonas Donizette porque, ao contrário de Haddad, não conseguiu formar maioria esmagadora na periferia. Na zona mais periférica da cidade, teve 52,5%. Nas zonas centrais, não foi pior do que Haddad foi nas zonas centrais de São Paulo.
10. Enquanto o voto do PT é forte na periferia, o voto no PSOL ainda vem de eleitores com renda mais alta. No Rio, Marcelo Freixo teve 28% no total, e 40% na Zona Sul.
11. Fechadas as urnas e apurados os votos hoje, foi possível ver que muitos candidatos do PT tiveram de 2 a 3 pontos percentuais a menos do que o que foi indicado pelas pesquisas divulgadas sábado à noite. Quando o erro persiste na pesquisa boca de urna, o problema é da metodologia da pesquisa. Quando o erro não persiste na boca de urna, é possível perceber que muitos indecisos optam pelo anti-PT na última hora. Isso já aconteceu com Lula em 2002 e 2006 e Dilma em 2010. O PT tem que observar isso.
12. Nenhum candidato vai ter tempo de tomar posse, porque o mundo acabará em 21 de dezembro de 2012.
domingo, 28 de outubro de 2012
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Márcio Pochmann no segundo turno em Campinas
O PT parecia estar queimado na cidade. O primeiro prefeito do PT em Campinas foi Jacó Bittar em 1988, que deixou o partido no meio do mandato. O segundo foi Toninho, no qual a população tinha grandes esperanças, mas foi covardemente assassinado em 10 de setembro de 2001. A administração da vice Izalene não foi bem avaliada pela maioria da população. Posteriormente, o Vilagra, o vice petista de Dr. Hélio que assumiu a prefeitura por causa do impeachment deste, também sofreu impeachment por estar vinculado a escândalos de corrupção.
Além disso, Márcio Pochmann era um desconhecido para não acadêmicos. Nunca havia disputado uma eleição. E não são todos os cidadãos que sabem o que é o IPEA. E nem mesmo sabem o que é Unicamp, que não é acessível para todos.
A maior aparição de Márcio Pochmann na grande mídia foram os temores de que ele ia colocar um monte de comunista para comer criacinha dentro do IPEA.
E o principal adversário de Pochmann à prefeitura era Jonas Donizette, um conhecido político local, que concorria pelo PSB em aliança com o PSDB. Era aliado do governo estadual sem ser oposição ao governo federal.
Na primeira pesquisa do Ibope, realizada em meados de julho, o petista tinha 1% das intenções de voto.
Apesar de tudo isso, Márcio Pochmann cresceu, obteve 28,56% dos votos válidos no primeiro turno e vai disputar o segundo turno contra Jonas Donizette, que teve 47,60%, depois de passar semanas sendo favorito para ganhar no primeiro turno.
Outra surpresa em Campinas foram os 2,39% no candidato do PSOL e os 2,16% na candidata do PSTU, em uma cidade que teve candidato do PT.
Além disso, Márcio Pochmann era um desconhecido para não acadêmicos. Nunca havia disputado uma eleição. E não são todos os cidadãos que sabem o que é o IPEA. E nem mesmo sabem o que é Unicamp, que não é acessível para todos.
A maior aparição de Márcio Pochmann na grande mídia foram os temores de que ele ia colocar um monte de comunista para comer criacinha dentro do IPEA.
E o principal adversário de Pochmann à prefeitura era Jonas Donizette, um conhecido político local, que concorria pelo PSB em aliança com o PSDB. Era aliado do governo estadual sem ser oposição ao governo federal.
Na primeira pesquisa do Ibope, realizada em meados de julho, o petista tinha 1% das intenções de voto.
Apesar de tudo isso, Márcio Pochmann cresceu, obteve 28,56% dos votos válidos no primeiro turno e vai disputar o segundo turno contra Jonas Donizette, que teve 47,60%, depois de passar semanas sendo favorito para ganhar no primeiro turno.
Outra surpresa em Campinas foram os 2,39% no candidato do PSOL e os 2,16% na candidata do PSTU, em uma cidade que teve candidato do PT.
O maior herdeiro dos votos no Maluf foi Russomanno? Não!
O maior herdeiro dos votos no Maluf foi José Serra.
A maior fortaleza do Maluf era a "zona leste de dentro", de classe média média e classe média baixa. As zonas onde ele ia melhor era Mooca, Tatuapé e Vila Maria. Na "zona leste de fora" e na "zona sul de fora", as partes mais petistas e de renda mais baixa de São Paulo, Maluf tinha as piores votações, mais baixas até do que nos bairros nobres.
Pois foi na "zona leste de fora" e na "zona sul de fora" que Russomanno teve sua maior votação, embora tenha ficado atrás de Haddad nesses lugares. Quem ganhou disparado na Mooca, Tatuapé e Vila Maria foi José Serra, que teve bem mais que os 31% que teve na cidade como um todo.
Parece que o aperto de mão Lula-Maluf não ajudou muito o Haddad.
A maior fortaleza do Maluf era a "zona leste de dentro", de classe média média e classe média baixa. As zonas onde ele ia melhor era Mooca, Tatuapé e Vila Maria. Na "zona leste de fora" e na "zona sul de fora", as partes mais petistas e de renda mais baixa de São Paulo, Maluf tinha as piores votações, mais baixas até do que nos bairros nobres.
Pois foi na "zona leste de fora" e na "zona sul de fora" que Russomanno teve sua maior votação, embora tenha ficado atrás de Haddad nesses lugares. Quem ganhou disparado na Mooca, Tatuapé e Vila Maria foi José Serra, que teve bem mais que os 31% que teve na cidade como um todo.
Parece que o aperto de mão Lula-Maluf não ajudou muito o Haddad.
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