Em 9 de novembro de 1989, o muro de Berlim foi aberto e milhares de alemães orientais puderam conhecer o Oeste. Foi um símbolo do fim da Guerra Fria. Mas no dia seguinte, a manchete de capa de um certo jornal paulista foi sobre Senor Abravanel e sua impossibilidade de sair candidato.
Porem, não sejamos injustos. A queda do muro de Berlim foi apenas o principal dos muitos eventos que causaram a queda do comunismo no Leste Europeu, que foi um grande efeito domino.
Em janeiro de 1989, Erich Honecker, o então presidente da Republica Democrática Alemã, disse que o muro de Berlim duraria por no mínimo mais cem anos. Então, tudo mudou de repente naquele histórico ano. Em julho de 1989, a Hungria abriu suas fronteiras com a Áustria, e por isso, muitos alemães orientais puderam ir para o Oeste em seus Trabants. Outro pais que se abriu foi a Tchecoslováquia. Muitos alemães orientais entraram na embaixada da Republica Federal da Alemanha em Praga e obtiveram asilo.
Enquanto isso, em Leipzig, um movimento contra o regime comunista começou a se formar na Nicholaikirche, a principal igreja evangélica da cidade. Este movimento deu origem a gigantes manifestações populares em outubro. O mundo temeu que o regime adotaria a solução chinesa. Felizmente isto não ocorreu.
Em Berlim, no dia 7 de outubro, houve a grande parada de celebração dos 40 anos da Republica Democrática Alemã. O evento foi seguido de grandes protestos contra o regime, que terminaram em conflitos com a policia.
Os protestos de Berlim e Leipzig precipitaram a queda de Erich Honecker, o presidente linha dura. O Partido Socialista Unificado optou por Egon Krenz, um linha um pouco menos dura.
Este novo governo decidiu abrir gradualmente as fronteiras. Mas por um mal entendido, no dia 9 de novembro, milhares de alemães de ambos os lados se aglomeraram perto do muro. Não havia outra opção senão abrir. Mas ainda não foi naquela noite que o regime caiu.
Em janeiro de 1990, quando o povo ocupou a sede da Stasi, o partido não teve como se segurar. Já havia ate mesmo demanda interna por mudanças.
Em marco de 1990, aconteceram as primeiras eleições livres e multipartidárias na RDA. Foi formado um governo do CDU e FDP, favorável a reunificação.
Em junho de 1990, o muro inteiro veio abaixo. Houve também a reforma monetária.
George Bush apoiou a reunificação. Gorbatchev e Mitterand tiveram um pouco de relutância inicial, mas acabaram aceitando. Margaret Thatcher foi a ultima a aprovar.
Em 3 de outubro de 1990, a RDA deixou de existir.
O desnível econômico entre o Leste e o Oeste ainda não foi completamente superado. Recentemente, a renda per capita dos cinco estados do Leste era de 17 mil euros. A de Berlim era 22 mil. A de Rheinland-Pfalz, o estado mais pobre do Oeste, era de 24 mil. E a de Hamburgo, o estado mais rico, 44 mil. O desemprego no Leste é muito alto e por isso, muitos jovens migram para o Oeste. As cidades do Leste não têm pirâmide etária, e sim, cogumelo etário.
Mas o Leste recebeu muito apoio do Oeste, por meio do imposto da reunificação, e da União Européia. Os centros históricos de algumas cidades do Leste foram completamente restaurados. A frota de bondes foi quase que completamente renovadas, e por isso, os veículos são mais novos do que os do Oeste. As estações de trem do Leste também são mais novas que as do Oeste.
A divisão aparentemente persiste na opinião das pessoas. Na eleição parlamentar da Alemanha em 2009, o CDU ganhou a maioria dos distritos no Oeste de Berlim e o Die Linke ganhou quase todos os distritos do Leste da capital. Mas isto não quer dizer muita coisa. Nem quem vota no Die Linke acha que o tempo do comunismo era melhor. Estes normalmente consideram que algumas coisas pioraram e outras melhoraram. Mas quase ninguém deseja viver sob ditadura.
domingo, 8 de novembro de 2009
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