Alguns brasileiros que nunca estiveram na Europa, não lêem jornais europeus e não conhecem europeus pessoalmente, podem pensar que existe mais racismo na Europa do que realmente existe. Forma-se este juizo através de uma ou outra nota na mídia, e no depoimento do cunhado do vizinho que tem um sobrinho morando na Europa.
Quando existem casos de intolerancia e xenofobia na Europa, a mídia cumpre sua obrigação de informar. Mas cabe ao leitor/telespectador um pouco de discerninmento para não tomar o exepcional como o ordinário.
O lugar onde mais se atribui a existência de racismo/xenofobia na Europa são as arenas esportivas. Isto porque em alguns campos de futebol, existem casos de vaias a jogadores de origem africana, torcida portando bandeiras com suástica (principalmente a da Lazio), e mesmo na Fórmula 1 na Espanha no ano passado, já houve uma bandeira de dizeres racistas a Lewis Hamilton. Mas casos isolados não demonstram um comportamento padrão do torcedor europeu. Já vi duas vezes jogos de futebol em estádio na Alemanha, um em cidade pequena, outro em Berlim. Nos dois jogos que eu vi, jogadores brasileiros pretos marcaram gols, foram muito aplaudidos, e não houve uma manifestação racista sequer. Mesmo quando existem manifestaçoes racistas, não se pode tirar conclusoes de que se trata de um comportamento coletivo, uma vez que dentre 50000 pessoas, há uma grande possibilidade de existir um ou outro racista. A tolerancia da maioria com imigrantes e descendentes também existe em outros esportes. No Aberto de Paris do ano passado, o tenista Gael Monfils contou com o apoio de toda a torcida local, que portava bandeiras tricolores da França.
Na política, também se verifica que o racismo/xenofobia está bem longe de ser o padrão. Sarkozi, tido por alguns críticos como hostil a estrangeiros, tem uma ministra de origem árabe e outra de origem africana. A proporção de descendentes de estrangeiros no governo, portanto, se aproxima da proporção desses na população francesa. Na Alemanha, há um filho de turcos liderando o Partido Verde. E um político preto, filho de angolanos, no CDU (partido conservador) do estado da Turingia. Militantes do NPD (partido de orientação neonazista) chegaram a chamar este politico de Quotenneger. Mas o partido conta com o apoio de menos de 5% do eleitorado.
Em alguns países, os partidos de extrema-direita ocasionalmente conseguem mais que 20% dos votos, e muitas vezes, isto é voto de protesto e hostilidade contra a União Europeia. Mas em situação normal, a extrema-direita conta o apoio de menos de 10% do eleitorado.
Nesta semana, houve os tradicionais eventos em Dresden para relembrar o desnecessário bombardeio aliado em 1945 que matou milhares de civis. Como sempre, neonazistas aproveitam a ocasião para fazer suas marchas. Mas neste ano, houve uma grande contra-marcha, de repúdio aos neonazistas.
Alguns brasileiros formam juízos sobre o suposto racismo/xenofobia da Europa baseados em histórias de parentes/amigos que tiveram dificuldade de adaptação. Mas a verdade é que a maioria dos brasileiros que eu conheço que estudam ou trabalham na Europa ou já fizeram isso (incluindo eu) não passam por problema algum neste sentido. As vezes, a dificuldade de adaptação dos que reclamam pode estar relacionada a problemas da própria pessoa: incapacidade ou falta de vontade de viver de acordo com os costumes do país onde reside. Não sei como é nos demais paises, mas na Alemanha, os locais não costumam ver com bons olhos os estrangeiros que não observam os hábitos locais, como por exemplo, a pontualidade, a disciplina no trabalho, e o respeito a privacidade alheia. Porém, eles gostam menos ainda dos locais que não respeitam os costumes locais.
Se forem se basear apenas em impressoes, os europeus poderiam pensar que existe racismo no Brasil. Os não-brancos são metade da população brasileira, e em nenhum governo, eles foram metade do total de ministros.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
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