Patrulha pode ser definida como uma corrente de insultos a alguém que expresse opinião divergente, visando constranger este alguém. Esta corrente pode ser feita tanto por bandos, quanto por um indivíduos repetitivos.
Conforme eu disse no post anterior, a patrulha é um componente essencial de uma sociedade livre, uma vez que a liberdade de expressão tem duas vias. Somos livres para falar o que queremos e para ouvir o que não queremos. Uma pessoa é livre para expressar suas opiniões mesmo quando constrangida verbalmente, porque a própria opinião que esta pessoa expressou pode ser constrangedora para outras pessoas.
A reação a uma determinada opinião só é inaceitável quando feita através da difusão de boatos ou da incitação à violência física. Mas nestes casos, não seria patrulha, e sim difamação e intimidação, respectivamente.
A prática da patrulha é tão antiga que a palavra existe bem antes do uso em massa da Internet. Mas foi a Internet que fez a patrulha atingir seu apogeu. Isto porque os meios de comunicação em massa do século XX funcionavam através da emissão de mensagens de um para muitos. A Internet permitiu a emissão de mensagens de muitos para muitos. Qualquer coluna de jornalista influente conta com uma caixa de comentários, onde podem ser lidas coisas como "petralha", "PIG". Os bandos que infestam caixas de comentários e fórums de discussão online com estes vocábulos não ameaçam a liberdade de expressão. Eles são subproduto da liberdade de expressão. Falar que alguém é "petralha" ou "membro do PIG", ao invés de contra-argumentar pode ser estupidez. Mas a democracia implica que as opiniões sejam livres, e não que as opiniões sejam boas. Uma sociedade que permite somente a difusão de opiniões boas não é livre, porque neste caso, quem tem opiniões ruins teria que ser calado à força.
No caso do "petralha" e do "PIG", os bandos que difundem estes vocábulos não ameaçam a liberdade de expressão, mas não há dúvida de que ameaçam a inteligência. Agora, outro tipo de patrulha é bastante positiva e uma sociedade livre precisa dela: a reação à difusão de intolerância por causa de etnia, nacionalidade, religião, gênero e opção sexual, e à difusão de versões falsificadas da história para negar a existência de arbitrariedades causadas por regimes opressivos do passado.
Contra o racismo explícito, a lei já diz o que deve ser feito. Agora, contra o racismo implícito não é possível existir lei. Isto implicaria arbitrariedade e ameaçaria a liberdade de expressão. Portanto, uma solução possível é a patrulha. Não contra quem difunde o racismo implícito, porque isso traria publicidade a quem faz isso, mas contra quem oferece fama a quem difunde o racismo implícito.
Recentemente, Andre Kenji escreveu um texto sobre um assunto parecido ao discutido neste post. Vale a pena ler.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
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