domingo, 27 de fevereiro de 2011

Por que não acabar com os campeonatos estaduais

Disse Juca Kfouri, um dos maiores entusiastas da extinção dos campeonatos estaduais:

Aliás, comparado ao que rendem os Campeonatos Inglês (1 bilhão e 26 milhões de euros); Italiano (700 milhões); Francês (689 milhões); Espanhol (655 milhões) e Alemão (428 milhões), o Brasileirão, certamente mais disputado, equilibrado e, portanto, mais emocionante do que todos os demais, embora com muito menos ídolos, também fatura muito pouco.
http://blogdojuca.uol.com.br/2011/02/uma-revolucao-na-tv-brasileira/

A afirmação de Juca Kfouri neste caso é verdadeira. O Campeonato Brasileiro tem muito menos ídolos do que os campeonatos europeus, mas é muito mais equilibrado e emocionante.

Mas por quê? Porque o Brasil tem 12 clubes grandes. Com tradição, títulos, histórico de grandes equipes. Na Espanha, é Barcelona, Real Madri e outros. Na Inglaterra, é Manchester United, Chelsea, Arsenal, Liverpool e outros. Na Itália, é Juventus, Internazionale, Milan, Roma e outros. Na Alemanha, é Bayern de Munique e outros.

E por quê o Brasil tem tantos clubes que uma vez ou outra chegam ao topo? Porque ao contrário da Europa, onde uma cidade grande tem um ou dois times grandes, no Brasil, uma cidade tem quatro, outra três e outras duas, dois times grandes. A paixão clubística no futebol brasileiro sempre foi fomentada pela rivalidade local. O futebol brasileiro é regionalizado.

E por quê? Porque temos mais de 100 anos de história de campeonatos estaduais, aqueles que Juca Kfouri não gosta.


A extinção dos campeonatos estaduais não seria ruim somente para clubes do interior. Provavelmente, isto só seria benéfico para Flamengo, São Paulo e Corinthians, que são clubes com enorme massa de torcedores espalhada em todo o Brasil. O G12 viraria G3. Cruzeiro, Grêmio e Internacional ainda sobreviveriam como times fortes. Fluminense, Botafogo, Vasco, Palmeiras, Santos e Atlético-MG provavelmente teriam importância semelhante a times como Atlético de Madri, Manchester City, Torino e Lazio.


O baixo público nos campeonatos estaduais não é argumento pelo seu fim. Partidas iniciais de Campeonato Brasileiro e Libertadores também geram público baixo. E possivelmente, o público nos campeonatos estaduais passou a declinar após eles serem constantemente atacados pela crônica esportiva.
O recorde de público do Morumbi foi obtido em uma final de Campeonato Paulista. Aquele título de 1977 é lembrado até hoje pelos corintianos. Não só aquele título. A democracia corintiana nunca chegou a uma final de Brasileiro, mas ganhou dois Paulistas e é lembrada até hoje. O São Paulo, em 1992, ganhou do Barcelona em Tóquio e quando voltou, ainda levou 100 mil torcedores ao Morumbi para a final do Paulistão contra o Palmeiras.

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