quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Novo álbum do Pearl Jam? Já?

Eu, que ando meio desinformado do mundo, fiquei sabendo só nessa semana, quase por incidente, que o Pearl Jam vai lançar um novo álbum ainda neste mês. Eu esperava que o intervalo fosse mais longo, visto que entre o lançamento do Riot Act e do Abacate se passaram quatro anos. Do Abacate para o atual Backspacer, apenas três. O Backspacer tem que ser melhor que o Riot Act e o Abacate para que eu o compre. Tem que ser bem melhor.
Fiquei sabendo só agora que a banda fez alguns shows na Europa em agosto, incluindo um em Berlim, quando eu estava lá. Mesmo se eu soubesse, eu não teria ido ao show. Primeiro, porque eu já fui no do Pacaembu, em 2005 (o melhor show que eu já vi) e segundo show da mesma banda perde a graça. Segundo, porque eu já despendi alguns euros para ver algum tipo de PJ em Berlim. Não despenderia mais.
Porém, eu teria dado uma passadinha perto do local para ver se era possível ouvir alguma coisa.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Palpite pro jogo entre Brasil e Argentina

Dois a um pra Argentina.
Neste clássico, quem entra em campo com três pontos costuma sair com zero. E vice versa. E isto vale para os dois lados.

Pequenas notas automobilísticas

> A contagem de pontos do Barrichello, à primeira vista, parece a contagem de gols do Romário. O piloto brasileiro teve muitos resultados adversos, apenas uma vitória, e está somente 16 pontos atrás de Jenson Button, com chances matemáticas de título.

> Devemos louvar o esforço do Barrichello em se manter na Fórmula 1 durante 16 anos e ainda conquistar algumas vitórias. Seu maior problema são as cordas vocais. Isto decorre de falta e não de excesso de personalidade. Ele era simpático antes do Senna ter ido embora. Anos depois, passou a achar que tinha talento para ser um novo ídolo. Bastava ele ter resistido à pressão galvânica e assumido que não seria um novo ídolo e ponto final. Apenas um bom piloto e um bom mecânico. Mas não, prefere inventar desculpas para justificar o fato de não conseguir acompanhar companheiros de equipe. E o pior de tudo é ficar remoendo a troca de posicoes na Áustria em 2002. A decisão da Ferrari foi absurda (diferente daquela de mandar o Massa dar a vitória ao Raikonnen, quando se tratava de disputa de título). Mas foi devolvida em Indianápolis no mesmo ano. Por que ele de repende voltou a esbravejar ódio contra a ex-equipe alguns anos depois?

> Se for confirmado que Nelson Piquet Jr. bateu no muro em Cingapura de propósito, isto será um banho de água fria nas cordas vocais dele e nas do pai.

> A TV alemã RTL, que transmite Fórmula 1, está desesperada para o Vettel emplacar. Quando o Schumacher corria, a audiência era de 7 milhões de telespectadores. Hoje é de 4 milhões.

Bom texto sobre assunto que eu tinha abordado em post anterior

http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4416

O perigo da utopia

Se as utopias de esquerda levaram - em muitos casos - ao totalitarismo, a utopia liberal e sua permanente negação do papel do poder e da preparação para a guerra, na história do capitalismo e das relações internacionais, leva, com freqüência, os intelectuais e dirigentes destes países mais fracos, à uma posição de servilismo internacional.

"...a geopolítica do equilibro de poderes e a prática do imperialismo explícito deixaram de fazer sentido devido a uma série de novos fatos históricos [...], esta abordagem das relações internacionais não tem mais espaço no mundo em que vivemos, do pós-colonialismo, da globalização, do sistema político global, e da democracia [...] com a globalização, todos os mercados estão abertos e é inimaginável que um país recuse vender a outro, por exemplo, petróleo a preço de mercado..[...] Resulta ainda daqueles fatos que a guerra entre grandes países tambem não faz mais sentido [...] No século XX, as guerras entre as grandes potências não faziam sentido porque todas as fronteiras já estavam definidas?"

LUIZ CARLOS BRESSER PEREIRA, "O mundo menos sombrio", Jornal de Resenhas, nº 1, 2009, USP, p:7.

Na segunda metade do Século XX, em particular depois de 1968, tornou-se lugar comum a crítica dos "novos filósofos" europeus, que associavam a utopia socialista ao totalitarismo. Mas não se ouviu o mesmo tipo de reflexão, depois da década de 80, quando a utopia liberal se tornou hegemônica e suas idéias tomaram conta do mundo acadêmico e político. Logo depois da Guerra Fria, Francis Fukuyama popularizou a utopia do "fim da história" e da vitória da "democracia, do mercado e da paz". E apesar dos acontecimentos que seguiram, suas idéias seguem influenciando intelectuais e governantes, sobretudo na periferia do sistema mundial.

Basta ver a confusão causada pelo anúncio recente da decisão norte-americana de ampliar sua presença militar na América do Sul. Com a instalação ou ampliação de sete bases militares no território colombiano, que deverão servir de "ponto de apoio para transporte de cargas e soldados no continente e fora dele".( FSP,5/8/09) O governo norte-americano justificou sua decisão com objetivos "de caráter humanitário e de combate ao narcotráfico". A mesma explicação que foi dada pelo governo americano, por ocasião da reativação da sua IV Frota Naval, na zona da América do Sul, no ano de 2008 : "uma decisão administrativa, tomada com objetivos pacíficos, humanitários e ecológicos" (FSP, 9/0708).

Uma das funções dos diplomatas é participar deste jogo retórico que às vezes soa até um pouco divertido. E cabe aos jornalistas o acompanhamento destes debates sobre distâncias, raio de ação dos aviões, ameaça das drogas, etc. Todavia os intelectuais têm a obrigação de transcender este mundo da retórica e dos números imediatos, e também, o mundo das fantasias utópicas, o que as vezes não acontece, e não se trata - evidentemente - de um problema de ignorância. Pense-se, por exemplo, na utopia liberal do "fim das guerras" que já não fariam mais sentido entre os grandes países, e contraponha-se este tese com a história passada e a história do próprio século XX e XXI.

Segundo a pesquisa e os dados do historiador e sociólogo norte-americano, Charles Tilly: "de 1480 a 1800, a cada dois ou três anos iniciou-se em algum lugar um novo conflito internacional expressivo; de 1800 a 1944, a cada um ou dois anos; a partir da Segunda Guerra Mundial, mais ou menos, a cada quatorze meses. A era nuclear não diminuiu a tendência dos séculos antigos a guerras mais freqüentes e mais mortíferas [ alias] , desde 1900, o mundo assistiu a 237 novas guerras, civis e internacionais.. [enquanto.] o sangrento século XIX contou 205 guerras" (Charles Tilly, Coerção, capital e Estados europeus , Edusp, 1996, p. 123 e 131.) Mesmo na década de 1990, durante os oito anos da administração Clinton, que foi transformado na figura emblemática da vitória da democracia, do mercado e da paz, os EUA mantiveram um ativismo militar muito grande. E ao contrário da impressão generalizada, "os Estados Unidos se envolveram em 48 intervenções militares, muito mais do que em toda a Guerra Fria, período em que ocorreram 16 intervenções militares". (Bacevich, 2002: p:143). E mais recentemente, os "fracassos" militares dos EUA, no Iraque e no Afeganistão - ao contrário do que dizem - aumentaram a presença militar dos EUA na Ásia Central e o cerco da Rússia e da China, envolvendo, portanto, preparação para a guerra entre três grandes potências.

Em tudo isto, fica clara a dificuldade intelectual dos liberais conviverem de forma inteligente, com o fato de que as guerras são uma dimensão essencial e co-constitutiva do sistema mundial em que vivemos, e que portanto não é sensato pensar que desaparecerão. Ao contrário do que pensam os liberais, a associação entre a "geopolítica do equilíbrio de poderes" e as guerras, não se restringe ao século XIX, ( já havia sido identificada na Grécia), e o sonho do "governo mundial" das grandes potências, já existe pelo menos desde o Congresso de Viena, em 1815, sem que isto tenha impedido o aumento do numero dos estados e das guerras nacionais.

Neste tipo de sistema mundial, por outro lado, é muito difícil acreditar na possibilidade do "fim do imperialismo", e ainda menos, neste início do século XXI, em que as grandes potências - velhas e novas - se lançam sobre a África, e sobre a América Latina, disputando palmo a palmo o controle monopólico dos seus mercados e das fontes de energia e matérias primas estratégicas. E soa quase ingênua a crença liberal nos "mercados abertos", num mundo em que todas as grandes potências impedem o acesso às tecnologias de ponta, não aceitam a venda de suas empresas estratégicas, e protegem de forma cada vez mais sofisticada seus produtores industriais e seus mercados agrícolas.

Neste ponto, chama atenção a facilidade com que os economistas liberais confundem os mercados de petróleo, armas e moedas, por exemplo, com os mercados de chuchu, queijos e vinhos. Em tudo isto, o importante é que a utopia liberal também pode ter conseqüências nefastas, sobretudo para os países que não estão situados nos primeiros escalões da hierarquia de poder do sistema mundial. Se as utopias de esquerda levaram - em muitos casos - ao totalitarismo, a utopia liberal e sua permanente negação do papel do poder e da preparação para a guerra, na história do capitalismo e das relações internacionais, leva, com freqüência, os intelectuais e dirigentes destes países mais fracos, à uma posição de servilismo internacional.


José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.