quarta-feira, 26 de março de 2008

Tudo é Senna X Piquet

Beatles é Senna. Rolling Stones é Piquet.
Pelé é Senna. Maradona é Piquet.
Lula é Senna. Brizola é Piquet.
Pearl Jam é Senna. Nirvana é Piquet. (Apesar da coincidência de Kurt Cobain e Senna terem ido embora em um intervalo de menos de 30 dias)
Ronaldo é Senna. Romário é Piquet.
João Paulo II é Senna. Bento XVI é Piquet.

sábado, 15 de março de 2008

Abertura do comércio aos domingos: debate para além da dicotomia esquerda e direita

Li no Desestresse um texto sobre a chatice dos comentadores de Internet. Concordo com o texto. Além de serem chatos, tais comentadores de panelinha são pretensiosos, pois pensam que vão converter alguém com suas linhas tecladas. E reduzem tudo à dicotomia esquerda e direita. Não é sobre isso que vou escrever agora. Vou apenas aproveitar o gancho para abordar uma discussão impossível de ser reduzida à dicotomia do Bobbio: a restrição em relação ao funcionamento do comércio aos domingos.
Pelo critério mais usual da diferenciação esquerda/direita, quem fosse de esquerda defenderia maior restrição à abertura das lojas, por uma questão de defesa dos direitos dos trabalhadores. O comércio emprega muita gente e se tudo pudesse ser aberto aos domingos, a qualidade de vida dos comerciários seria deteriorada, devido ao comprometimento de suas vidas sociais. Não tem graça ter o descanso semanal na segunda ou terça-feira, quando todo o resto da família está trabalhando. Quando a abertura parcial do comércio aos domingos foi aprovada, a CUT soltou uma nota dizendo que pimenta nos olhos dos outros é refresco. Quem fosse de direita, por sua vez, defenderia menos restrição, apoiada no argumento de que o mercado é melhor que o Estado para alocar recursos. Com liberdade para funcionar no dia em que a maioria das pessoas está de folga, as lojas poderiam ter receita maior com um mesmo número de funcionários, e portanto, ter mais lucro. E os consumidores teriam mais liberdade de escolha.
Agora quando a discussão sai da economia e vai para os costumes, a situação se inverte. A maior flexibilidade em relação ao funcionamento do comércio foi uma exigência natural da maior igualdade entre os gêneros. Quando as mulheres não trabalhavam fora de casa, elas podiam fazer compras em meio de semana. O fechamento do comércio aos domingos poderia ser solicitado em nome da tradição religiosa: domingo deve ser um dia de descanso, tanto de trabalho, quanto de consumo. Os opositores desta idéia argumentariam que o Estado é laico, e que a crença religiosa de alguns (mesmo sendo a maioria) não pode virar lei escrita.
Em resumo, há dois tipos de conflito de valores na discussão sobre liberar ou não o comércio aos domingos. Um deles é o direito dos trabalhadores X livre mercado, o outro é sociedade tradicional X sociedade moderna. Portanto, os comentadores de Internet não conseguirão formar panelinhas "de esquerda" e "de direita" para discutir o assunto.
Aqui no estado da Turingia, a lei permite que as lojas funcionem quatro domingos por ano. A maioria da população é contra a abertura irrestrita. Conseqüentemente, os dois principais partidos políticos são contra. O CDU adota o não de direita, usando como argumento a tradição cristã, e o SPD adota o não de esquerda, enfatizando a qualidade de vida dos comerciários.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Moda e economia

Quando eu ainda estava no Brasil, escrevi um texto no finado Brasil de Flato lamentando o fato das brasileiras, e mais especificamente as campineiras, cobrirem o corpo mesmo em dias quentes. Cheguei até a mencionar o encurtamento das saias nos anos 20, e a descida da barra, junto com a Bolsa em 1929. Mas não sabia que a relação com a economia era tão mais profunda assim.
Uma reportagem da Spiegel http://www.spiegel.de/wirtschaft/0,1518,538694,00.html mostrou um estudo entre a relação das tendências da moda com a economia. E realmente, os pesquisadores descobriram que as saias encurtam em períodos de maior crescimento econômico. A pesquisa ainda mostrou que no Japão, os cabelos das meninas ficam mais curtos em períodos de recessão.
Talvez, o motivo que fazia as meninas usaram jeans no Brasil a 30 graus era a estagnação. Talvez agora, a situação se modifique, e as barras das saias se localizem 5,4 centímetros acima dos joelhos.

O texto "A Arábia Saudita é aqui", publicado no Brasil de Flato

Em Riad, na Arábia Saudita, a temperatura costuma passar dos 40 graus, mas as mulheres andam em público sempre cobertas por panos, devido às imposições religiosas, de Alá.
Faz calor em Campinas desde fins de agosto. As máximas costumam beirar os 30 graus. Mas cadê as pernas femininas? Ainda escondidas por trás dos jeans. Por enquanto, saias são utilizadas apenas justamente por religiosas, as evangélicas neopetencostais, vulgarmente conhecidas como crentes. Tais saias costumam ser menos sexy do que as burcas das muçulmanas. As demais moças costumam andar com seus inseperáveis jeans, talvez devido também a motivos religiosos: consideram pecado mostrar um pouquinho de celulites, varizes, vasos, gorduras ou simplesmente pele muito branca. Muitas preferem tirar a saia, o vestidinho ou o short do armário somente depois de academia ou de sol. Isto é triste, pois pernas não precisa de perfeição total para serem sexy. É claro que há exceções, mas muitas vezes vi meninas que andavam diariamente de calça comprida, e no dia que decidiram mudar um pouco a rotina, revelaram que nenhum defeito havia em seus membros inferiores.
Nos meus tempos de faculdade (2002-2006), as salas costumavam ter 35 alunos. Com uma proporção 60:40, havia normalmente 14 meninas por sala. Em cinco anos de curso, não me lembro de um único dia sequer ter visto mais de 5 meninas em uma mesma sala que não estivessem usando calça comprida. Mesmo nos meses letivos mais quentes, como março, abril e novembro. Digo 5 incluindo ainda aquela com a maldita bermuda. Nos meses um pouquinho mais frios, quando as máximas atingiam "apenas" 25, o número de meninas sem calça costumava ser zero. Enquanto isso, a maioria dos rapazes ainda insistiam no uso da bermuda, mesmo em temperaturas moderadas. Tento imaginar minhas colegas de sala naqueles filmes de anos 40, que mostram mulheres de casacos longos e saias que terminam um pouco depois do joelho. Estariam todas mudas, de tanto bater o queixo de frio.
O século XX foi paradoxal. Enquanto encurtou as saias das mulheres, difundiu o uso da calça comprida para elas. O encurtamento das saias não foi um processo linear. As barras subiram e desceram, mas sempre com tendência para cima. Nos anos 20, as saias subiram para quase a altura do joelho. Em 1929, caíram como os preços das ações. Perto do início da Segunda Guerra Mundial, subiram de novo. Nos anos 50, desceram um pouquinho. Nos anos 60 subiram de vez. O ano 1965 foi o símbolo do paradoxo: foi o ano da minissaia e o ano em que a produção européía de calças femininas superou a de saias. No início, não se tratava de um paradoxo, porque assim como uma saia curta, a calça feminina era vista como uma coisa sexy. Hoje não é mais.
Apesar do título do texto, que escolhi para ser chamativo, o paralelo ideal que deve ser feito não é com a Arábia Saudita, e sim com a Roma Antiga. Lá, os homens usavam saia curta e as mulheres, saia comprida. Hoje, entre os jovens, os homens usam calça curta e as mulheres calça comprida.

sexta-feira, 7 de março de 2008

"Questão de ordem" no STJ

Ainda não li nenhum argumento decente contra as pesquisas com células-tronco. Não é aborto, pois os embriões a serem utilizados não virariam bebês no futuro caso não fossem. E se o problema é a possibilidade de futuro fazerem seres humanos artificiais com células tronco (o que não é possível por enquanto), por que não fazer gritaria somente se isto for tentado? Por que ficar enchendo o saco de quem quer fazer pesquisas que podem auxiliar cura de diversas doenças?
Mas o pior não é a posição em si, e sim o comportamento do ministro Carlos Alberto Direito. O STJ não é Câmara dos Deputados, onde se vota projetos de leis. A função do STJ é interpretar a lei, portanto, opiniões religiosas pessoais poderiam ter sido deixadas na porta de entrada. O tal ministro se portou como um estudante autoritário em assembléia, que ao saber que é minoria, adia a votação esperando ser maioria no futuro.

domingo, 2 de março de 2008

Os olhos enganam



Quem olhou rapidamente, sem atenção, para a página do Yahoo Brasil neste domingo, teve a impressão de ter visto duas, e não uma, chamada de notícia sobre Fórmula 1.