sábado, 28 de novembro de 2015

Reflexões sobre o voto "50 no primeiro turno, 13 no segundo turno"

Sem o calor do clima de eleições, pois estamos quase equidistantes da de 2014 e da de 2016 (embora alguns insistam que a eleição de 2014 ainda não tenha acabado), posso fazer uma reflexão com mais calma sobre o que significa votar 50 no primeiro turno e 13 no segundo turno.
Durante muito tempo eu fui simpático a este tipo de voto, mas agora me veio à mente esta constatação: o voto "50 no primeiro turno, 13 no segundo turno" é um dos tipos de voto de esquerda mais quadrados que existem. Muitas vezes, a ideia que está por trás deste tipo de voto é a de que a única coisa que importa nos candidatos é o quanto eles são de esquerda. Que esquerdismo é a única coisa que conta (a versão mais extrema disso seria votar não 50, mas 16 no primeiro turno).
Quem vota 13 em qualquer turno considera que o esquerdismo do 50 está fora da realidade, que estar mais à esquerda não significa necessariamente ser melhor. Quem vota 50 no primeiro turno e anula no segundo turno considera que mesmo o 13 estando um pouquinho à esquerda do 45, endossar esse "um pouquinho à esquerda" pode não ser uma opção melhor do que trabalhar por um "bem mais à esquerda" para o futuro, ou que mesmo quem está "um pouquinho à esquerda" pode, por motivos diferentes do eixo esquerda/direita, não merecer o apoio.
Claro que há exceções. Em 2014, feministas votaram na Luciana Genro no primeiro turno e na Dilma Rousseff no segundo turno não apenas por causa de esquerdismo.
Votar 50 no primeiro turno, 13 no segundo turno foi uma prática muito comum entre muitos militantes de esquerda. Uma exceção foi Idelber Avelar. Ele nunca fez isso. De 1989 a 2006 ele apoiou o Lula no primeiro e no segundo turno (quando houve, óbvio). Em 2010, ele apoiou a Dilma no primeiro e no segundo turno. Em 2014, ele defendeu o voto em Mauro Iasi no primeiro turno e nulo no segundo turno. Teria defendido o voto em Marina no segundo turno se ela tivesse ido para o segundo turno, seja contra Dilma, seja contra Aécio. Antes eu não compreendia o Idelber Avelar direito, mas atualmente estou enxergando-o como um dos mais lúcidos pensadores brasileiros de esquerda. Mais adiante pretenderei escrever um post só sobre o que penso sobre ele.
Por fim, há um único voto de esquerda mais quadrado do que o "50 no primeiro turno, 13 no segundo turno". É o "13 no primeiro turno, 13 no segundo turno", mas não com a convicção de das limitações do 50 e sim por achar que tem que evitar o segundo turno.
É tão complicada a política no Brasil... Quem vota 13 é de esquerda moderada e quem vota 50 é de esquerda radical? Geralmente é assim, mas nem sempre. Tem gente de esquerda moderada que vota 50 porque não quer votar em um partido relacionado com escândalos de corrupção. Tem gente de esquerda radical que vota 13 porque acha que a esquerda não pode se dividir em diferentes partidos.

E eu em 2018? Entre Lula, Aécio Neves, Geraldo Alckmin, Eduardo Paes, Marina Silva e Luciana Genro, votaria 84 (meu ano de nascimento) em qualquer turno.  

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Apesar do Trincheiras, este blog continua

Atualmente, estou me dedicando a escrever textos longos para o Trincheiras. Estou utilizando este blog para dar link para os textos meus no Trincheiras.
Mas eu não vou deixar de escrever textos exclusivamente para este blog. Para o Trincheiras, eu escreverei textos mais elaborados, mais relacionados as minhas áreas de conhecimento e experiência, mais cuidadosos para evitar chutões.
Aqui, serão textos mais informais, mais descuidados. Serão pensamentos que eu peido. Sem temor de dar uns chutões de vez em quando. Este blog será como um Facebook, com a diferença de que aqui eu coloco textos que eu não acho que meus parentes, ex-colegas de escola e faculdade, ex-colegas de trabalho e colegas de trabalho tenham que ler sem ter voluntariamente decidido ler.

domingo, 15 de novembro de 2015

Os mit(c)os monarquistas

A maior praga dos grupos virtuais de discussão de História são os monarquistas. Eles adoram apresentar uns argumentos a favor do período que foi de 1822 a 1889. Argumentos furados.

1. O Brasil viveu um período de prosperidade naquele tempo
Hmmm, não. Foi justamente no século XIX que o Brasil ficou para trás. Em 1820, o PIB per capita no Brasil não era muito distante do PIB per capita dos países atualmente desenvolvidos. Em 1900, a diferença já era enorme, parecida com a atual. A economia do Brasil cresceu no século XIX. Mas a dos países atualmente desenvolvidos cresceu muito mais. Foi também ao longo do século XIX que a Argentina deixou o Brasil para trás.

2. Houve um grande desenvolvimento cultural no Brasil naquele tempo
Em 1889, 70% da população adulta do Brasil era analfabeta. A primeira universidade brasileira foi inaugurada em 1920, já na República. México e Peru já tinham universidades no século XVII.

3. O Imperador Dom Pedro II era contra a escravidão
Então ele era muito incompetente, porque a escravidão durou 48 dos 49 anos do governo dele.

4. Havia estabilidade política no tempo do Império, ao contrário do que houve na República, quando ocorreram muitos golpes de Estado
Decidam, das duas uma. Se for aceita a hipótese de que quem mandava era o Imperador, a tal "estabilidade política" foi na verdade uma ditadura, pois teria sido um único cara mandando por quase meio século. Se for aceita a hipótese de que quem mandava era o Presidente do Conselho de Ministros, não havia estabilidade política, pois os mandatos costumavam durar entre um e dois anos, parecendo mandato de Primeiro Ministro da Itália do século XX. E foi o Império o período da história em que o Brasil mais participou de guerras. Ah, e é engraçado ver simpatizante da monarquia falando mal da República porque houve muito golpe de Estado. Isto porque alguns monarquistas são bem simpáticos àquele que ocorreu em 1964.

5. O povão gostava do Imperador e viu de braços cruzados a Proclamação da República
Pode até ser verdade, mas não há como ter certeza, pois em 1889 não havia Ibope nem Datafolha. Em 1822, a monarquia foi implementada sem que o povo tivesse sido perguntado. A única vez em que o povo foi perguntado se queria a República ou a Monarquia foi no plebiscito de 1993. A República ganhou de lavada.


Depois de 126 anos de República, o Brasil continua não sendo um país que queríamos que fosse. Mas isto não quer dizer que o período do Império fosse melhor. Não era.

sábado, 7 de novembro de 2015

Entrevistei o Maurício Santoro para o Trincheiras

Link para a entrevista que fiz com o professor de Relações Internacionais da UERJ Maurício Santoro. Os assuntos abordados foram direitos humanos, política nacional e política internacional.
http://www.trincheiras.com.br/2015/11/portal-trincheiras-entrevista-mauricio-santoro/

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Como estou interpretando o segundo turno na Argentina

Lendo as notícias sobre o segundo turno da eleição presidencial da Argentina, entendi que os candidatos Daniel Scioli e Mauricio Macri têm propostas muito parecidas, e que só se diferenciam porque um apoiou e tem apoio da Cristina Kirshner e o outro não.
Eu penso que é como se a Dilma se mantivesse aos trancos e barrancos no cargo até 2018, e, percebendo que é impossível fazer um sucessor no PT, apoiar a candidatura de Eduardo Paes, do PMDB. Aí acontecer um segundo turno entre Eduardo Paes e Aécio Neves. Acredito que teria gente na esquerda pregando o "voto crítico" no Paes por ser o "mal menor".

domingo, 1 de novembro de 2015

Por que escrever no Trincheiras

Escrevi este texto no Trincheiras sobre porque eu escrevo no Trincheiras

http://www.trincheiras.com.br/2015/10/por-que-escrever-no-trincheiras/

Cliquem e leiam