sexta-feira, 26 de junho de 2009

Jürgen Habermas, 80 anos

Com oito dias de atraso, deixo uma notinha aqui para celebrar os 80 anos do filósofo alemão Jürgen Habermas.
Muitos artigos que tratam do tema orçamento participativo citam suas idéias a respeito dos problemas da democracia representativa. Li um pouco de Habermas em março, mas não o abordarei na minha tese. Falta-me tempo e espaço para filosofar.
No ano passado, ele esteve em Erfurt. Era uma das poucas oportunidades para vê-lo ao vivo e vivo. Mas, só fiquei sabendo na porta de entrada do recinto onde seria realizada a palestra que era necessário ter se registrado antes para entrar.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Chatices de escrever tese

Em um post anterior, falei sobre uma antiga redação escolar. Agora o desafio pra mim é bem maior: terminar minha tese.
De vez em quando, aparecem umas complicaçoes não de conteúdo, mas de forma.
1. Como delimitar bem o que são idéias de terceiros e o que são idéias minhas? Algumas vezes, eu consigo organizar o parágrafo de um jeito que o texto flui bem, mas que fica obscura a autoria das idéias. Para resolver este problema, obrigatório, pois plágio é proibido, o texto fica meio quebrado.
2. Quando eu vou falar de A, B e C, é melhor começar o parágrafo falando que vai ter A, B e C e depois falar detalhadamente de cada um, ou simplesmente falar detalhadamente de cada um?
3. Repetição de palavras: a tia lá na escola antigamente falava que não era para utilizar mais de uma vez um vocábulo, e para evitar a inclusão adicional, era correto empregar um sinônimo ou simplesmente omitir o termo. De vez enquando, ou de vez em quase sempre, eu ignoro. Antes a feiura da repetição do que o desentendimento.
4. Repetição de idéias: às vezes eu faço isso para que todos os capítulos tenham início, meio e fim. Para finalizar um capítulo, sem cortes abruptos, eu posso falar coisas que já falei em algum capítulo anterior.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

CNN dá show de profissionalismo

A CNN fez uma excelente cobertura da eleição presidencial iraniana. Foi uma cobertura extremamente informativa e não uma torcida organizada contra Ahmadinejad. A torcida contra o atual presidente fica por conta do telespectador, tendo em vista sua retórica repugnante, principalmente em relação ao Holocausto. Já a rede de televisão, esta fez simplesmente o seu trabalho, e muito bem, de mostrar e explicar o que estava se passando naquele país misterioso tão pouco conhecido por nós.
A CNN tinha uma correspondente no local, apurando os fatos. No dia anterior ao pleito, foi mostrado como o país estava agitado e dividido. Aparecem grandes manifestaçoes e comícios de amobos os principais candidatos. Foi mostrado também como estava quente a blogosfera no Irã.
A cobertura não se deu somente na televisão. No site, apareceu uma pequena matéria que continha trechos de entrevistas com eleitores. Quem ia votar em Ahmadinejad ou Mousavi era tratado igualmente. Havia entrevistas com homens e mulheres que votariam em Ahmadinejad.
Na sexta-feira de noite, pouco depois do presidente da comissão eleitoral ter anunciado a parcial, apareceu uma entrevista, feita nos EUA, com um especialista em Irã. Ele estranhou o fato de uma parcial ter sido divulgada, o que não é muito comum, e a falta de transparência devido à ausência de uma pesquisa boca-de-urna. Mas as possibilidades de fraude só foram explicitamente discutidas quando elas ficaram claras. Na entrevista, ainda foi questionada uma assertiva muito comum de que o presidente do Irã não manda nada e que quem dá as cartas é o líder supremo. O especialista disse que isto foi mais verdade nos anos 80 e 90, mas que vem mudando na década mais recente.
No sábado de noite, houve uma mesa redonda com um professor de Harvard e um ex-membro do Departamento de Estado dos EUA. Ambos falaram sobre um racha interno que vinha ocorrendo há algum tempo e que esta eleição apenas expôs claramente. Alguns clérigos xiitas e reformistas estariam diminuindo sua tradicional divergência contra uma preocupação comum: a crescente militarização do país. Estes grupos estariam no lado de Mousavi. Contra eles, havia os militares e o supremo líder aiatolá Ali Khamenei, que pendiam mais para Ahmadinejad.
Em sua, a cobertura da CNN teve notícias fresquinhas e uma bela aula de Irã para leigos. Nada de Ahmadinejad é mau e precisa ser derrotado, porque isto, nós sabemos.

sábado, 13 de junho de 2009

Redação do pirulito, na íntegra

Agradeço à minha irmã por ter me enviado o texto por e-mail

Já está entediante. O Fernando ainda não veio, está mais de meia hora atrasado. Olho para o meu relógio, que marca cinco e meia. Chupo pirulito, este é sabor uva. Vejo o sol perto das colinas. Entediante é não só minha situação, como também esta cidade. Não há mais nada além da pracinha, em um banco da qual estou sentado, da igreja, das casas, de uma padaria, de um mercadinho e de um posto de gasolina. Como será que alguém agüenta morar aqui? Olho para meu relógio, que marca quinze para as seis. Estou chupando outro pirulito, este é de tutti-frutti, mais gostoso que o primeiro. Vejo metade do sol, a outra se pôs.
De barulho, percebo somente os sinos da igreja, os chutes das crianças jogando bola e o vento. Sinto saudade das buzinadas e do cheiro do escapamento dos veículos. Olho para o meu relógio, que marca seis horas, e chupo o terceiro pirulito, este é sabor morango, o mais gostoso dos três. Não vejo mais o sol, apenas uma marca roxa, amarela e azul no céu. Percebo de longe um rosto semelhante ao do Fernando. Levanto-me.
Entardecer em uma cidade pequena. Bonito. Monótono.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Dez anos de redação do pirulito

Estou chupando o segundo pirulito, este, é sabor tutti-fruti, mais gostoso que o primeiro.

Não me lembro exatamente o dia, mas foi em junho de 1999 que tirei meu primeiro dez em uma redação escolar. Dez anos de dez.
Anos terminados em 9 são cheios de aniversários de data redonda: 80 anos do crash em Nova York, 70 anos do início da Segunda Guerra Mundial, 60 anos de República Federal da Alemanha e República Popular da China, 50 anos da Revolução Cubana, 40 anos da chegada do homem à Lua, 30 anos da Revolução Iraniana, 20 anos do massacre na Tiananmen e da queda do muro de Berlim. 1999 é pouco lembrado. Mas foi um ano legalzinho: teve o Mister M, o Padre Marcelo Rossi, os Teletubbies, o início do regime de metas de inflação, o Matrix e o Clube da Luta. E é claro, a redação do pirulito.
Mesmo depois de dez anos, eu não conseguiria escrever um texto artístico melhor que aquele. Parei de evoluir nesta habilidade. Não pretendo ser artista. Minha vida vai ser escrever tese. E depois, papers. E em tempo livre, blog.