segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Dawkins é muito maior do que suas recentes polêmicas idiotas

Dawkins pisou na bola duas vezes recentemente. Uma quando ele disse que mulheres grávidas de feto com Síndrome de Down DEVEM abortar. Outra quando ele fez acusações sobre o menino de família muçulmana preso nos Estados Unidos por causa de um relógio. A imagem do biólogo ficou prejudicada por causa destes dois acontecimentos.
Mas não é por isso que se pode desprezar toda sua vida e sua obra. Ele não só é reconhecido no meio científico como um grande zoólogo, como ele escreveu ótimas obras de divulgação da Teoria da Evolução para o público leigo, como "O Relojoeiro Cego" e "O Maior Espetáculo da Terra".
Porém, o livro que tornou-o mais conhecido no mundo foi "Deus, um delírio", em que ele pratica o ateísmo militante. Há ateus que dizem "sou ateu, mas o Dawkins me envergonha, parece um pastor de sinal trocado". Não penso assim. Se há líderes religiosos e mesmo familiares tentando convencer que Deus existe, por que alguém não poderia fazer o oposto? As pessoas seriam expostas a ideias diferentes e poderiam ter discernimento para avalia-las. Os ateus que dizem "sou ateu, mas não gosto do Dawkins" provavelmente vivem em ambientes tolerantes ao ateísmo. Figuras como Dawkins são necessárias, porém, porque há ateus que vivem em ambientes intolerantes, esses ateus precisam ser protegidos. Por isso, o ateísmo militante não é futilidade.
Eu gostei da maneira através da qual Dawkins argumentou contra a existência de Deus. Usou o argumento favorito dos anti-evolucionistas de que "nada complexo surge por acaso", mostrou que evolução não é acaso e que Deus sim seria algo complexo que teria surgido por acaso, ou seja, algo pouco provável.
Outras argumentações interessantes em "Deus, um delírio" é a de que religiões não pregam necessariamente o bem, bastando ver as partes horrorosas que existem no Antigo Testamento para chegar a essa conclusão. Mesmo se as religiões só pregassem o bem, seus dogmas não teriam que ser verdadeiros só por causa disso. Em sociedades mais religiosas as pessoas não têm comportamento melhor do que em sociedades menos religiosas (comparem, por exemplo, o Norte com o Sul dos Estados Unidos). No tempo em que todas as sociedades eram mais religiosas, os valores sociais não eram melhores (no século XIX, por exemplo, escravidão, racismo e machismo eram aceitos).
Ao contrário do que foi dito por alguns críticos, o "Deus, um delírio" não prega apenas para os totalmente já convertidos. Eu me considerava apenas agnóstico quando comprei o livro. Achei interessante a crítica ao agnosticismo. Passei a me definir tranquilamente como um ateu, embora eu continue sendo agnóstico também. Não são excludentes.
Há defeitos no livro sim. Não concordo com Dawkins quando ele considera que até religiões sem fanatismo fazem mal para a Humanidade. Também achei pretensioso demais ele tentar refutar a filosofia de São Tomás de Aquino em três páginas.
De qualquer maneira, "Deus, um delírio" é um livro que vale a pena ser lido. Não é a melhor obra dele. As melhores obras dele são aquelas sobre a área de especialização dele, que é a Teoria da Evolução. Mas muitos conheceram estas outras obras porque conheceram o autor por causa do "Deus, um delírio".
Ah, e eu gosto do Dawkins também quando ele dá alfinetadas naquela esquerda que só ataca o fundamentalismo cristão, mas tolera um pouco mais o fundamentalismo islâmico.

No Brasil, com bancadas fundamentalistas fazendo tantos horrores, Dawkins precisa ser mais conhecido.

domingo, 27 de setembro de 2015

O futuro do Brasil

Do que o Brasil precisa para ter futuro? Sabemos que desde 1980, o PIB per capita brasileiro não cresce com suas próprias pernas. De 2004 a 2011, houve um crescimentozinho impulsionado pelo boom de commodities, impulsionado pelo crescimento asiático. Muita gente deixou a condição de miséria neste período, o que é muito importante. Mas este período acabou.
Mudar de governo não parece a solução. O Brasil já teve governos diferentes neste período: Figueiredo, Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula e Dilma. Mudar de regime macroeconômico também não. Tivemos regimes macroeconômicos diferentes neste período, e o PIB brasileiro sempre patinou. O tripé composto por câmbio flutuante, superávits primários e regime de metas de inflação parece ser o mal menor.
Então do que o Brasil precisa? Para mim, precisa ter uma sociedade que aceite algum sacrifício do bem estar no presente para ter um futuro melhor. Alguns economistas dizem que a tendência de sobreapreciação da moeda nacional neste período matou a possibilidade de termos um crescimento acelerado. Sim, e a causa da sobreapreciação são as políticas do imediatismo.
É compreensível que haja pessoas que repudiem a defesa do sacrifício do presente por um futuro melhor. Isto porque ele foi mal utilizado. Nas décadas de 1960 e 1970, a população pobre foi obrigada pela força das armas a sacrificar o bem estar no presente para o futuro do país. Mas só esta parcela da população recebeu tal incumbência. Naquele tempo, o PIB do Brasil cresceu muito, mas a concentração de renda também. E ainda bem que houve uma explosão de lutas na década de 1980.
Mas muitos anos se passaram, e não são só as lutas que vão garantir o bem estar das próximas gerações. É bom que haja liberdade para protestar, é bom que haja protestos, pois os protestos ajudam corrigir alguns defeitos de nosso país. Mas não é só protestando que chegaremos ao IDH da Suécia. Precisamos poupar, investir, capacitar, trabalhar, inovar... Para que isso seja feito, alguns sacrifícios são necessários.
Quem primeiro precisa dar sua cota são os deputados e senadores. Seus salários e benefícios são desnecessariamente elevados. Não é fácil de entender porque eles ganham mais do que R$20.000. O salário deles poderia ficar alguns anos sem ser corrigidos pela inflação, para que se pudesse diminuir o valor real. Com o topo ganhando menos, diminuem as pressões dos demais servidores públicos. Estes, por sua vez, devemos entender que não temos e nem devemos ter direito a ter salário indexado por algum índice de preços. Não é aceitável ficar mais de três anos sem reajuste, seria bom ter reajuste com frequência. Mas o governo não pode ser obrigado a dar reajuste anual com base em índice de preços, porque quando há perda de receita, diminuir o valor real dos salários dos servidores através da inflação é inevitável, uma vez que servidores não podem ser demitidos com finalidade de cortar custos. Temos também que acabar com o hábito de bancar a criança chorona porque o irmãozinho recebeu mais da mãe. Esse hábito da categoria A entrar em greve porque teve aumento menor do que o da categoria B. Não é bonito ver gente que ganha salários de cinco dígitos se comportando como se fosse operário de macacão azul.
Que trabalhadores, em geral, tenham liberdade de fazer greve, isto é ótimo. Mas não são as greves que vão faze-los ganhar um salário que arbitrariamente definimos como o justo. Os salários podem crescer por um curto período acima da produtividade se foi logo depois de terem crescido abaixo da produtividade. Mas os salários não podem crescer indefinitivamente mais do que a produtividade. Vamos supor que o trabalhador produza R$2.500, sendo que ele ganhe R$2.000 e a mais valia seja R$500. Pela luta política ele pode ganhar R$2.500 (desconsiderando o inconveniente de acabar os recursos para reinvestimento), mas se quiser ganhar R$3.000, só elevando a produtividade.
A classe média alta, por sua vez, deveria parar de chiar porque paga mais IPTU do que aquilo que a prefeitura utiliza de dinheiro em seus bairros. Imposto serve para que o setor público possa prover bens e serviços, mas também serve para redistribuir renda. Algo que ocorre pouco no Brasil, uma vez que a tributação sobre consumo é muito grande, e a tributação sobre renda e patrimônio é pequena.
Nosso país deveria também temporariamente parar de sonhar com vanguardismos em educação. Nossa maior deficiência está no feijão com arroz da educação, que é leitura e matemática. Sendo assim, dificilmente conseguiremos exportar muitos bens além dos primários. Produzir bens com elevado conteúdo tecnológico requer bons engenheiros, operários muito qualificados. As políticas de educação no momento atual deveriam priorizar melhorar a proficiência em leitura e matemática das crianças e adolescentes brasileiros. Atingido este patamar, poderia se pensar em formas criativas de educação. E o "descaso com a zumanas" é uma reclamação fora de lugar no Brasil. Quando se faz uma comparação com outros países, se verifica que, no Brasil, o percentual de estudantes de Humanas sobre o total de estudantes universitários é elevado. Formam-se muitos bacharéis em Ciências Sociais e em Relações Internacionais que prestam concursos públicos genéricos, que não exigem estas graduações. As vagas de humanas devem ser mantidas, nem aumentadas, nem reduzidas. Mas a prioridade dos novos investimentos em educação superior devem ser as engenharias e as ciências naturais.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Os lambe saco do Eduardo Cunha e as estupradas

Sabemos que Eduardo Cunha dispõe de uns colunistas lambe saco na grande imprensa. Estes colunistas lambem o saco do Eduardo Cunha porque apoiam projetos apoiados por ele, como a permissão da terceirização em atividades fim e a permissão do financiamento de campanha por pessoas jurídicas.
Eduardo Cunha, além de tudo, é autor do PL 5069/2013, que dificulta o aborto legal para mulheres estupradas.
Os colunistas lambe saco do Eduardo Cunha muito provavelmente não apoiam o 5069, mas mesmo assim continuam lambendo o saco do presidente da Câmara por apoiar outras políticas dele. E se silenciam sobre o 5069. Afinal, para apoiar terceirização em atividades fim e financiamento de campanha por pessoas jurídicas, que em si já são coisas nefastas, vale tudo, até lamber o saco de quem quer eliminar direitos de mulheres estupradas.
Compreensível. Estes colunistas não têm buceta, nem ovários, nem úteros. Portanto, não engravidam. E as mulheres do círculo social deles que engravidarem sem querer podem fazer com mais facilidade um aborto ilegal.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Possíveis mapas eleitorais nos Estados Unidos em 2016

Os principais concorrentes à candidatura democrata à presidente dos Estados Unidos em 2016 são Hillary Clinton, Bernie Sanders, Joe Biden e Martin O'Malley. Os principais concorrentes à candidatura republicana são Donald Trump, Ben Carson, Jeb Bush, Scott Walker, Marco Rubio, Chris Christie, Carly Fiorina e Ted Cruz.
Independente de quem seja o candidato de cada um dos grandes partidos, a disputa será em poucos estados chave. O mapa a seguir resume o resultado por estado das quatro últimas eleições presidenciais: 2000, 2004, 2008 e 2012.
Os estados em que os democratas ganharam as últimas quatro vezes, em azul escuro, somam 242 delegados. Os estados em que os republicanos ganharam as últimas quatro vezes, em vermelho escuro, somam 180 delegados. São necessários 270 para ser eleito. Os estados em cinza, em que Bush ganhou as duas vezes e Obama também (ou seja, duas pra cada partido) somam 75 delegados. Ainda tem Iowa, Novo México e New Hampshire, onde os democratas ganharam três vezes e perderam uma, e Indiana e Carolina do Norte, onde os republicanos ganharam três vezes e perderam uma.
Como os Estados Unidos estão cada vez mais polarizados, e como o voto está cada vez mais partidário e menos pessoal, espera-se mais uma eleição com pequena diferença de resultado nacional entre os dois principais candidatos, com alguns estados fortemente democratas e outros fortemente republicanos, e a disputa em alguns estados chave, a maioria deles, os pintados em cinza. Pertencem ao passado vitórias nacionais esmagadoras, como ocorreram em 1956, 1964, 1972 e 1984, e vitórias nacionais apertadas, onde a maioria dos estados apresentou resultado apertado e foi motivo de disputa, como ocorreu em 1960, 1968 e 1976.
Como a cada eleição que passa, muitos estados que votaram em Gore (democrata) em 2000 estão cada vez mais democratas, e os estados que votaram em Bush (republicano) em 2000 estão cada vez mais republicanos, considera-se que em 2016, na maioria dos estados azul escuro, a vitória democrata seja certa, e na maioria dos estados vermelho escuro, a vitória republicana é certa. Isto não depende de quais candidatos os partidos lançarão, pois conforme dito anteriormente, o voto está cada vez mais partidário. Só um grande evento inesperado tiraria a vitória de qualquer candidato democrata em Nova York, Massachusetts e Rhode Island, e só um grande evento inesperado tiraria a vitória de qualquer candidato republicano em Utah, Idahoo e Wyoming.
Há algumas exceções entre os estados marcados com azul escuro ou vermelho escuro. Gore, Kerry e Obama levaram Wisconsin e Pensylvannia nas últimas quatro eleições, mas com resultado não muito folgado. Como são estados de esmagadora maioria de população branca não hispânica, e este grupo está cada vez mais republicano, é possível que em uma vitória republicana nacional não muito apertada, o candidato republicano consiga levar estes dois estados. No melhor cenário republicano, portanto, os republicanos levam todos os estados que ganharam as últimas quatro vezes, mais todos os estados que ganharam pelo menos uma vez, mais Wisconsin e Pensylvannia. Neste cenário, os republicanos teriam 326 delegados. É quase certo que não conseguirão mais que isso. O mapa a seguir mostra este cenário.

  No melhor cenário democrata possível, os democratas levam todos os estados que ganharam as últimas quatro vezes, mais todos os estados que ganharam pelo menos uma vez, mais Missouri, Georgia e Arizona, estados em que perderam as quatro últimas vezes, mas com pequena diferença em 2008. Estes estados podem mudar de lado por causa de mudanças demográficas, pois suas populações estão cada vez menos brancas. Neste cenário, os democratas teriam 395 delegados. É quase certo que não conseguirão mais que isto.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Explicação didática do keynesianismo

Ótimo texto de Paul Krugman, bem didático, explicando o keynesianismo. Ele explica em poucos tópicos o que é o keynesianismo e mostra os bonecos de palha que os adversários do keynesianismo apontam.
http://krugman.blogs.nytimes.com/2015/09/15/keynesianism-explained/?module=BlogPost-Title&version=Blog Main&contentCollection=Opinion&action=Click&pgtype=Blogs&region=Body

Não sei se Krugman sabe, mas no Brasil, há textos em panfletos de esquerda cujos autores se comportam exatamente como os bonecos de palha que os anti-keynesianos apontam. Desserviço para o keynesianismo, desserviço para a esquerda.

O que a aliança do PT com o PMDB em 2010 ensina

Em 2010, PT e PMDB selaram um acordo. O PMDB apoiaria Dilma e alguns candidatos a senador pelo PT, o PT apoiaria alguns candidatos a governador pelo PMDB. Os petistas ganhariam o tempo de TV do PMDB para a Dilma, um Senado mais petista em favor do futuro governo Dilma e uma base parlamentar favorável do PMDB. O PT não perderia com o não lançamento de candidatos a governador, porque abriu mão dos estados onde não teria qualquer chance. No outro lado, os peemedebistas ganhariam a vice presidência, apoio para a presidência do Senado, os 80% de aprovação de Lula em favor dos seus candidatos a governador e a possibilidade de fazer governos estaduais ao estilo PSDB sem oposição do PT.
A face mais visível deste acordo ocorreu no Rio de Janeiro. O PT apoiou Sérgio Cabral para o governo do Estado, e o PMDB apoiou Lindberg para senador. O PT exigiu pouco. Não teve nem a candidatura a vice, nem apoio para a presidência da Alerj, que é cadeira cativa do PMDB. E ao contrário do que ocorre no governo federal. Ao contrário do que ocorre a nível federal, onde o apoio do PMDB ao governo puxa o governo para a direita, a nível estadual no Rio de Janeiro, o apoio do PT não puxa o governo para a esquerda. A administração Cabral/Pezão em nada foi/é diferente das administrações do PSDB de São Paulo. O PT teve duas secretarias com pouco poder político.
Mesmo quando tinha essas duas secretarias, o PT foi irrelevante nas definições dos rumos da administração Sérgio Cabral.
Ainda assim, o PT provavelmente pensou que tinha feito um plano perfeito igual aqueles de pegar o coelhinho da Mônica. Parecia tudo simples. Dilma faria uma administração popular e não teria problema para se reeleger (hahaha). O PT ficaria com as duas boquinhas da administração Cabral, e, portanto, não bateria na administração. Seria caronista do PSOL e do Garotinho, pois estes sim, bateriam na administração. Aí em 2014, romperia com Cabral e lançaria a candidatura do Lindberg ao governo. Não teria dificuldade para pescar uns escândalos dos peemedebistas do Rio de Janeiro. Provavelmente os petistas pensaram que a disputa de 2014 seria pulverizada, que Pezão não teria chance, que o DEM lançaria César Maia, que o PSDB lançaria Bernardinho, Luciano Huck, Ellen Gracie ou algum economista da PUC-RJ, que as Organizações Globo ficariam ao lado do candidato do PSDB, que o PMDB, o DEM e o PSDB dividiram o voto da elite, e que Lindberg enfrentaria Garotinho ou Crivella no segundo turno, podendo contar até mesmo, no segundo turno, com o voto útil da Zona Sul, que rejeita evangélicos. O PT se deu ao luxo de mesmo em 2012, oferecer seu tempo de TV à candidatura à reeleição de Eduardo Paes e a presença de Lula e Dilma nos programas do peemedebista, pois achava que aquela ainda não era a hora da ruptura. Mesmo tendo boa parte da militância do partido ido para as ruas apoiar Marcelo Freixo. Se deu ao luxo também no mesmo ano de 2012, se juntar com PMDB e PSDB para aliviar para Sérgio Cabral na CPI do Cachoeira, que estava investigando a Delta.
A vitória de Lindberg em 2014 era vista em 2011, 2012 e 2013 como um acontecimento muito provável. A elevada votação que ele teve para o Senado em 2010 ajudou a alimentar esta impressão. Trabalhei no serviço público do Estado do Rio de Janeiro neste período, e percebi como tanto quem queria, como quem não queria a vitória do Lindberg esperava que isto fosse acontecer. Alguns petistas imaginaram que a boa votação de Marcelo Freixo em 2012 teria sido uma entrada para o prato principal que seria a vitória de Lindberg em 2014. Chegaram a pensar até que o PSOL poderia aceitar informalmente o papel de linha auxiliar do Lindberg em 2014, pois os principais nomes do PSOL se candidatariam a deputado, e não a governador.
Bom, o plano de pegar o coelhinho da Mônica foi um estrondoso fiasco. Uma Batalha de Itararé. Nunca uma candidatura preparada por tanto tempo (talvez quatro anos) recebeu uma quantidade de votos tão mixaria. Dilma não estava com popularidade em alta, e não pode se dar ao luxo de abrir mão do PMDB, do PRB e do PR, portanto, não teve possibilidade de usar apenas Lindberg como palanque no Rio de Janeiro. O PSOL recusou o papel de linha auxiliar do Lindberg. Lançou o professor Tarcísio Motta, que mesmo desconhecido, brilhou mais que Lindberg nos debates, e só terminou um ponto percentual atrás por causa de Nova Iguaçu. Na capital, o professor superou o senador. Os pobres da Zona Norte, Zona Oeste, Baixada e São Gonçalo, que sempre votaram no Lula ou na Dilma para presidente, se dividiram entre Garotinho, Crivella e Pezão. Lindberg teve 10% cravado dos votos válidos. Por pouco não ficou com apenas um dígito. Nem a aliança com PSB e PV, que deu considerável tempo de TV (inferior ao de Pezão, mas superior ao de Crivella) funcionou. Lindberg talvez esperasse ter votos além dos de eleitores da Dilma (óbvio), também de eleitores da Marina Silva, do Eduardo Jorge e de Luciana Genro. Acabou tendo rejeição de todos eles. No segundo turno entre Pezão e Crivella, os petistas se dividiram entre um dos dois e o nulo.
Mas além das fraquezas da Dilma, do PT e do próprio Lindberg, o que contribuiu para o fracasso deste plano do PT para o Rio de Janeiro? O fato do PMDB também estar pensando estrategicamente em 2010 na hora em que fez o acordo. O PT fez o acordo pensando em como se livrar do PMDB no futuro. Deveria ter considerado o óbvio: o PMDB estava pensando em como se livrar do PT. E foi bem mais sucedido.
Mesmo sendo um partido da base aliada dilmista, o PMDB nunca deixou de ter forte apoio das Organizações Globo no Rio de Janeiro. Em 2014, costurou a aliança Aezão com o PSDB e o DEM. Isto garantiu muito tempo de TV para Pezão, e votos de eleitores da Zona Sul, que haviam ido para Frossard em 2006 e Gabeira em 2010. Se o Plano Lindberg já foi pensado em 2010, muito provavelmente o plano Aezão já foi pensado em 2010 também. Durante o primeiro mandato de Dilma, PMDB, embora com uns atritos de vez em quando, votava com o PT no Congresso Nacional. Na Alerj, PT, embora com uns atritos de vez em quando, votava com o PMDB. Em público, principalmente em inauguração de obras, Cabral e Pezão eram só abraços e tapinhas nas costas com Lula e Dilma. Secretários estaduais do Rio de Janeiro e ministros do governo federal tinham relação cordial em público. Mas ouvindo conversas de secretários para baixo, a impressão que se tinha era que se tratava de um governo estadual de oposição ao federal, igual ao de São Paulo.
Atualmente, PMDB tem o governo do Estado do Rio de Janeiro, a presidência da Alerj, a presidência das duas casas do Congresso Nacional, a vice presidência, e pretende em breve ter a presidência.
O que esta história ensinou de lição? Sempre quando você for fazer uma aliança estratégica com alguém tão diferente, lembre-se de que este alguém também está pensando estrategicamente.
Outra história que ensinou esta lição foi a do Pacto Molotov Ribbentropp de 1939.

E o que esta lição vale para 2015? Os petistas do governo Dilma provavelmente pensam que se derem tudo que a direita quer (entendendo a direita como empresários, mídia, PMDB, PP, PSD, PTB), a direita não vai apoiar em uníssono o golpeachment, o golpeachment se tornará inviável politicamente, e quando a economia se recuperar, será possível dar um pé na bunda em parte da direita que está no governo, uma vez que com a economia se recuperando, o apoio popular se recupera, e o golpeachment se torna inviável de qualquer maneira. Além disso, economia recuperando é mais emendas e cargos para partidos de aluguel, diminuindo o poder de chantagem da direita ideológica sobre o governo. Probleminha: muito provavelmente a direita sabe que os petistas estão planejando isso e já elaborou um plano contra isso.

domingo, 13 de setembro de 2015

Também não me alinho ao anarco marinismo

Em um post que escrevi há alguns dias, expliquei porque eu não sou alinhado nem com o governo, nem com a oposição de direita, nem com a oposição de esquerda. Fiz críticas ao PT, ao PSDB e ao PSOL. Isto pode ter causado a impressão de que eu sou favorável ao anarco marinismo, que também é crítico ao PT, ao PSDB e ao PSOL. Mas não sou.
Em primeiro lugar, o que é o anarco marinismo?
O anarco marinismo é uma corrente política forte na Internet, defendida por blogueiros, tuiteiros, feicebuqueiros e participantes de comunidades virtuais. Tem alguns apoios acadêmicos também. Essa corrente política apoia não partidos, mas movimentos sociais e ONGs. Essa corrente defende o meio ambiente e os direitos. Direitos dos índios, dos quilombolas, dos sem terra, dos sem teto, dos atingidos por grandes obras, dos presidiários, dos moradores de favela, dos estudantes. Repudiam violação de direitos humanos feita por polícias. Alguns dos integrantes desta corrente gostam da Marina Silva. Outros nem tanto, mas consideraram-na a menos pior das três grandes candidaturas do ano passado. Por isso eu dei este nome a esta corrente. Marina Silva é um caso estranho na política brasileira. É um centro, mas um centro diferente de Eduardo Campos. O ex-governador pernambucano é centro porque é centro mesmo, é um meio termo entre PT e PSDB. A ex-senadora acreana é centro porque é uma média de quem está muito à direita com quem está muito à esquerda. Seu programa de governo tinha algumas propostas que estavam à direita de Aécio, por exemplo, a independência do Banco Central e a flexibilização da CLT, não defendidas pelo senador mineiro. Por outro lado, Marina tem seus apoiadores de esquerda, existindo alguns deles que querem dar aula de esquerdismo para o PSOL. O lado esquerdo do apoio à Marina é o anarco marinismo.
Os petistas mais fanáticos acham que tudo que está contra eles é a mesma coisa, por isso, não conseguem distinguir o anarco marinismo do PSOL. Acham que tudo é "trosko". Mas há diferenças importantes entre o anarco marinismo e o PSOL. Ambos apoiam movimentos sociais. Ambos criticam a negligência da Dilma com índios, LGBTT, aborto e legalização de drogas. Mas diferente do PSOL, os anarco marinistas não defendem grande intervencionismo estatal na economia. Também não são liberais. São apenas indiferentes a esta discussão. A leitura dos protestos de 2013 que estes grupos fazem é bem diferente. O PSOL considera que teve o protesto bom, que foi o do MPL e o dos críticos à Copa, e o protesto ruim, que foi o dos fascistas que agrediram militantes de partidos de esquerda, incluindo o PSOL. Os anarco marinistas acham que todos os protestos foram bons, e falam das "Jornadas de Junho", como se tudo tivesse sido uma coisa só. O PSOL é meio cheio de dedos na hora de fazer críticas ao PT por causa da corrupção, prefere fazer outros tipos de crítica. Os anarco marinistas fazem críticas pesadas ao PT por causa de corrupção.
E por que eu não sou anarco marinista?
Eu concordo com muitas ideias dos anarco marinistas. Também considero que o atual governo não é bom, que o PT tem defeitos graves, que não pode ficar no "sempre foi assim, todo mundo fez, é que agora está sendo mais investigado" e que a solução passa por um governo melhor, mais aberto, mais democrático, mais transparente, mas não por mais liberalismo como quer o PSDB nem por mais socialismo como quer o PSOL. Também sou a favor de quem luta por direitos e pelo meio ambiente.
Mas tenho grande divergência com a maneira através da qual os anarco marinistas defendem suas bandeiras. Por exemplo, a defesa que alguns deles fazem dos black bloc. Postam memes dizendo que se as manifestações fossem pacíficas, a Bastilha estaria de pé até hoje. Uma evidente falsa analogia. Muitos movimentos de massas ocorridos entre 1789 e 2013 foram pacíficos. E desobediência não pode ser relacionada automaticamente com violência. Alguns anarco marinistas fazem mimimi contra pessoas de esquerda que não defendem os black bloc, como se isso fosse um absurdo. A rejeição da esquerda ao black bloc é nada mais do que uma posição que a esquerda tradicional, seja comunista, seja social democrata, sempre teve com a ação violenta de pequenos grupos.
Não considero correto falar dos protestos de 2013 como se fosse uma coisa só. Houve vários protestos diferentes, cujos participantes se odiavam. No início de 2013, houve protestos pró e anti Feliciano. Também houve protestos anti Renan. Protestos anti Belo Monte. O Movimento Passe Livre existe desde 2005 (ou antes?), mas ganharam grande evidência em maio de 2013, quando o pau comeu nas ruas de Porto Alegre. Nos dias 10, 11, 12 e 13 de junho houve manifestações do Movimento Passe Livre em São Paulo e no Rio de Janeiro, com grande violência policial. Nos dias 17 e 20 de junho ocorreram os mais famosos protestos das "Jornadas de Junho". Militantes do MPL dividiram as ruas com simpatizantes de pequenos partidos de esquerda, que sempre apoiaram o movimento, militantes do PT, que aproveitaram o momento para tirar casquinha, atacando o governo estadual de São Paulo, pessoas que ficaram simpáticas ao MPL e pessoas mobilizadas por grupos nacionalistas de direita, que aproveitaram o momento para dar uma outra interpretação à luta pela redução do preço das passagens. Estes nacionalistas de direita foram hostis aos partidos de esquerda e ao próprio MPL. As manifestações do 17 e do 20 de junho ocorreram em várias cidades brasileiras e talvez tenham sido os maiores desde as Diretas. Paralelamente, ocorreram os protestos contra a Copa das Confederações. Depois, houve o movimento Fora Cabral e a greve dos professores do Rio de Janeiro, com apoio dos black bloc. Não é possível falar disso tudo como uma coisa só. Há anarco marinistas que defendem os black bloc e relativizam as agressões à esquerda.
É comum ver anarco marinistas falando que "Dilma reprimiu os protestos", como se ela mandasse nas polícias militares estaduais e nas justiças estaduais. Há também críticas a Dilma porque ela mobilizou aparatos de segurança para "garantir a segurança da Copa". Se Dilma merece alguma crítica sobre a Copa é porque quando ela era da Casa Civil em 2007 ela não sugeriu em evitar a candidatura. A cagada foi feita em 2007, e a maior responsabilidade é do Lula. Foi um grande erro o Brasil ter assumido o compromisso com a Fifa, sediar esse tipo de evento não gera benefícios de longo prazo para o país. Mas uma vez assumido o compromisso, não tinha como voltar atrás. Era óbvio que era necessário garantir a segurança da Copa. Protestar é bom, ameaçar a segurança de jornalistas, atletas e turistas não. Como os anarco marinistas têm raiva da Dilma e não do Lula, porque Lula até que dava um pouco de atenção a suas bandeiras, as críticas por causa da Copa são todas dirigidas à Dilma, mesmo tendo sido Lula o responsável pela candidatura.
É comum ver anarco marinistas reclamando que o PSOL está próximo demais do PT. Não acho coerente não ser tão de esquerda assim e querer ensinar o PSOL a ser mais de esquerda do que é. Ou queriam que o PSOL estivesse ajudando o PSDB?
Sem estes equívocos, muitos dos que eu rotulei de anarco marinistas dizem muitas coisas com as quais eu concordo sobre a política nacional e eles têm grande potencial de ser uma nova força para nossa política.

sábado, 12 de setembro de 2015

Por que eu recuso a ter intimidade com quem gosta do Reinaldo Azevedo

Há alguns meses, eu escrevi que dou unfollow no Facebook em quem postar mais do que três textos do Reinaldo Azevedo. Hoje vou além e digo: eu recuso ter intimidade com qualquer pessoa que seja fã do Reinaldo Azevedo, que o tem como referência para formar opinião. Eu habitualmente sou tolerante com pessoas com opiniões diferentes das minhas. Não tenho qualquer problema em conviver bem com quem é liberal em economia, quem é contra o casamento gay, quem é contra a legalização do aborto, quem é contra a legalização da maconha, quem é contra as cotas, quem acha que religião faz bem para as pessoas. Porém, fã de Reinaldo Azevedo, sem condições. Uma coisa é a pessoa ser de esquerda, de centro ou de direita. Outra coisa é gostar de mau caratismo, que existe na esquerda, no centro e na direita. Há uns colunistas também na esquerda que eu gostaria que nem quem fosse de esquerda gostasse.
Mas por que a repulsa com quem idolatra o Reinaldo Azevedo?
Motivo mais simples: a probabilidade do fã do Reinaldo Azevedo ser elitista, racista, machista, homofóbico, transfóbico e ateufóbico é muito elevada. Não acredito que Reinaldo Azevedo seja essas coisas. Mas seus leitores muito provavelmente são. Isto porque muitas coisas que Reinaldo Azevedo escreve empolgam esse tipo de gente. Quem acha graça de gracinhas como chamar o presidente do Estados Unidos pelo nome completo de Barack Hussein Obama? Ninguém fala John Fitzgerald Kennedy ou James Earl Carter, a intenção de falar o nome do meio do atual presidente é evidentemente ataca-lo pela origem de sua família. E quem acha graça de chamar índio de pele vermelha? Ou de tentar diminuir a militante do passe livre porque ela é garçonete? Ou do texto sobre o Laerte?
Reinaldo Azevedo tem obsessão de escrever contra movimentos de minorias. Eu também já escrevi neste blog algumas críticas a movimentos de minorias. Às vezes, alguns militantes destes movimentos exageram. Às vezes, o que ocorre é que eu simplesmente não consigo entende-los porque sou homem cis hétero branco de classe média assim como a maioria dos leitores de Reinaldo Azevedo. Mas acho que outras vezes alguns militantes realmente exageram mesmo. Porém, exageros de movimentos é um assunto melhor para ser tratado com pessoas que entendem a importância dos movimentos, e não com leitor da Veja. Além do mais, por que falar tanto de exagero de movimentos? Eles podem existir sim, mas que tanto mal eles provocam? Seres humanos erram, e militantes destes movimentos são seres humanos. Quem gosta tanto de ler sobre exagero de movimentos muito provavelmente é quem gostaria que os movimentos não existissem, que os preconceitos continuassem sendo tolerados, e que a denúncia do "exagero" é um mero pretexto para desqualificar os movimentos como um todo.
Conforme eu disse anteriormente, não acredito que o Reinaldo Azevedo realmente acredita nestes ódios. Ele muito provavelmente faz isso para ganhar fama, gerar repercussão contra e favor e cavalgar nestes ódios que uma parcela da população tem para favorecer seus aliados políticos. Quem lê Reinaldo Azevedo é ou quem acredita nestes ódios, ou é quem acha aceitável cavalgar neles para atingir propósitos políticos. É gente escrota de qualquer maneira.
Reinaldo Azevedo chegou a escrever que o brasileiro mais oprimido é o homem, branco, hétero e cristão. Não sou cristão, sou apenas filho de cristãos, mas sou homem, branco e hétero e sei muito bem que não sou oprimido por causa disso. A maioria destes leitores é essas quatro coisas. Achar que seu próprio grupinho é o mais oprimido, mesmo existindo outras pessoas sofrendo muito mais, é falta de caráter.
E mais: quem leva a sério um colunista que desqualifica políticas de saúde pública sobre prevenção à gravidez e doenças sexualmente transmissíveis só porque tem visão antiquada sobre sexo, quem leva a sério um colunista que ao invés de criticar a legalização da maconha com argumentos, prefere relacionar a defesa da legalização da maconha com usuários da droga que consomem mesmo quando é ilegal, quem leva a sério um colunista que fala em ciclofascismo e Estado Islâmico sobre duas rodas não merece ser levado a sério.
Alguns podem falar: eu acho que o Reinaldo Azevedo exagera em algumas coisas (automaticamente diz que endossa outras), mas é bom que exista gente como ele porque ele mete o pau no petê. Não, não tentem me enganar com isso. Sei muito bem que quem gosta do Reinaldo Azevedo é por causa do que ele escreve sobre minorias, religião, sexo e drogas. Isto porque colunista que mete o pau no petê tem de montão, não precisa escolher justamente o Reinaldo Azevedo.
Ele realmente é empenhado em combater toda a corrupção? É óbvio que ele diz que sim. É óbvio que ele não vai falar abertamente que só quer combater a corrupção do petê. É óbvio que ele diz que quer que todos sejam investigados e se comprovada culpa, devidamente punidos. Agora, quando há alguém tenta de fato investigar corrupção de adversário do petê, Reinaldo Azevedo tenta desqualificar quem faz isso. Quando houve a investigação da Polícia Federal a Daniel Dantas, Reinaldo Azevedo se empenhou em partir para cima de quem queria investigar. Quando Lula e Haddad se divergiram sobre investigar ou não a gestão Kassab, Lula era contra porque Kassab é neoaliado. Reinaldo Azevedo ficou contra Lula? Não, ficou contra Haddad. Ah, e antes que eu me esqueça, Reinaldo Azevedo ama Eduardo Cunha.
Alguns podem perguntar: mas não haveria pessoas boas que gostam do Reinaldo Azevedo e que concordam com ele só porque não tiveram a oportunidade de sair do mundo do senso comum? Eu respondo: isto pode se aplicar a fãs de opinadores simplórios como Datena e Rachel Sheherazade, pessoas com as quais eu tenho um pouco mais de paciência. Já o Reinaldo Azevedo escreve para pessoas com mais instrução. Seus textos têm conteúdo nada sofisticado, mas têm rococó na forma. Não é qualquer não iniciado em política que entende. Quem gosta dos textos do Reinaldo Azevedo têm plena capacidade de perceber as escrotices e partilha delas.
Dificilmente eu vou deixar de ter intimidade com uma pessoa só porque eu descobri que ela é fã do colunista da Veja. Muito provavelmente eu já não tenho intimidade com quem gosta do Reinaldo Azevedo antes de eu saber disso. Porque quem gosta dele já passou antes outros sinais de que são pessoas nada interessantes. Eu não vou deixar de frequentar ambientes que essas pessoas frequentam, não vou deixar de falar oi e tchau, não vou xingá-las de reaça fascista, não vou falar mal delas em público. Apenas eu não convidaria gente assim para minha casa, nem iria para a casa desse tipo de gente. Não pediria ajuda, nem ofereceria ajuda. Não quero fazer o mal para quem gosta do Reinaldo Azevedo. Não estou fazendo mal a essas pessoas. Tenho certeza de que elas não sentiriam a mínima falta da minha companhia.
Sou a favor da liberdade de expressão. Sou a favor do direito do Reinaldo Azevedo expressar suas opiniões. Sou a favor do direito de pessoas lerem este escritor. Sou a favor do meu direito de escolher as pessoas de quem eu gosto.
Sou a favor da tolerância com opiniões diferentes. Mas a tolerância tem que existir nos dois lados. Questão de reciprocidade.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Mais sobre o Tea Party tupiniquim

Conforme disse há alguns dias, é errado dizer que a grande mídia empresarial brasileira (Globo, Abril, Folha, Estado, Band, SBT) é "a favor do PSDB". Na verdade, essa mídia é um partido político próprio, não registrado no TSE, sem número na urna eletrônica. Este partido é um Tea Party tupiniquim. O PSDB que é a favor da grande mídia, é o partido registrado mais afinado ideologicamente com este partido não registrado. Mas se o PSDB der algum indício de sinal de recaída para a social democracia que deu o nome a este partido, o Tea Party tupiniquim vai falar mal.
Algo mais ou menos assim ocorreu ontem. Sabemos que a carga tributária brasileira é mais alta que a de outros países com PIB per capita semelhante (isto não é necessariamente ruim, mas deixo para outro post). Sabemos também que a carga tributária brasileira é deformada. Os impostos sobre consumo têm um peso muito grande. Os impostos sobre renda e patrimônio têm um peso muito pequeno. Como os pobres poupam menos, o peso da carga tributária brasileira é carregado muito mais pelos pobres do que pelos ricos. Além disso, o Imposto de Renda brasileiro, comparado com o de outros países, pesa muito no bolso da classe média e pouco no bolso dos milionários. A alíquota máxima de 27,5% é uma das mais baixas do mundo, e incide a partir de um patamar baixo de renda, aproximadamente cinco mil reais. E se depender da grande mídia, vai continuar assim. O que ocorreu ontem?
O ministro Joaquim Levy, que entrou no Ministério da Fazenda no tempo de Pedro Malan e participou da elaboração do programa de Aécio Neves, propôs aumentar o Imposto de Renda para tapar o buraco nas contas públicas. A reação do Tea Party tupiniquim foi imediata e implacável. Não apenas o G1, mas até a descolada Folha, colocaram em primeira página matérias para desviar a atenção do assunto - baixo Imposto de Renda para os ricos no Brasil - para outro - elevada carga tributária no Brasil. Este Tea Party até faz algum barulhinho quando se aumenta algum imposto sobre consumo, mas se alguém levanta a ideia de aumentar imposto sobre renda ou patrimônio, a reação é muito mais brutal. Alguém arriscaria a dizer por quê? Dica: os donos das empresas de comunicação e seus comentaristas têm uma renda muitíssimo maior do que um simples funcionário público de escolaridade superior igual eu.
Quem não quer pagar imposto alto obviamente não vai falar simplesmente que não quer pagar imposto alto. Inventam-se argumentos "técnicos". Furados. Desestimula o trabalho, o investimento, o empreendedorismo, a criação de riqueza? Baboseira. Os Estados Unidos tiveram economia com excelente desempenho entre 1950 e 1973, mesmo com elevada alíquota máxima do investimento. Nos anos 1980, Reagan baixou de 70% para 28%. Quando Bill Clinton elevou para 38%, houve previsões de que o Apocalipse estava chegando. Logo depois disso, ocorreu um baita boom econômico. Não foi por causa da elevação do imposto, mas a elevação não atrapalhou. Há alguns países na Europa que mantiveram a alíquota máxima elevada e têm economias com excelente desempenho. Mas o mais importante não é a qualidade do gasto, ao invés de ficar falando de imposto? Pode até ser, mas não é só porque um assunto não é o mais importante de todos que ele tem que ser ignorado. Não é só porque um cruzamento tem poucos veículos que não precisa ter semáforo. Quem defende elevação de impostos sobre renda e patrimônio não são pessoas que criminalizam a riqueza? Não, quem criminaliza a riqueza não quer elevar impostos, quer expropriar a riqueza. E além do mais, o que o cu tem a ver com as calças? Ainda que houvesse pessoas que criminalizam a riqueza defendendo aumento de impostos sobre renda e patrimônio, não precisa criminalizar riqueza para defender isso.
O Tea Party tupiniquim não bate tanto assim no governo. Quando ele se comporta direito, a relação é até pacífica. A ponto de nem dar tanta bola para os defensores do impítimam. Mas basta sair um pouco da linha... Mesmo que seja um ministro tucano.

Por falar em impítimam, vocês viram que o rebaixamento dos títulos brasileiros pela Standard & Poor serviram como pretexto para os pregadores do impítimam intensificarem a campanha? Falta mais o que para ficar evidente que os pedidos de impítimam são golpismo sim e quem nega isso está falando merda e tem que tomar no cu?

safadinha levando uma enfiada  safadinha levando uma enfiada

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Visitas do Japão

Ontem este blog recebeu 34 visitas de computadores localizados no Japão. Algo inusitado.
Japoneses, ou brasileiros residentes no Japão, sejam bem vindos.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Uma lição importante



Ich liebe Brasilien    Ich liebe Brasilien   Ich liebe Brasilien   Ich liebe Brasilien

sábado, 5 de setembro de 2015

A relação delicada entre a esquerda tradicional e os novos movimentos sociais

Quem é da esquerda tradicional, mais ligada às questões de classe, e quem é militante dos novos (e alguns nem tão novos) movimentos sociais como o negro, o indígena, o de imigrantes, o feminista, o LGBTT, o ambientalista, o pró-legalização de drogas leves e o vegan não precisa chegar a um acordo e passar a defender as mesmas ideias, não precisa convergir o pensamento. Basta ter respeito e compreensão pelo outro. Manter as diferenças, mas aceitar as diferentes e lutar junto naquilo que converge. No que diverge, ...cada um faz sua luta e o outro segue a máxima do Gregório Duvivier: "não quer ajudar OK, mas pelo menos não atrapalha".
Os militantes dos novos movimentos sociais têm que saber que os militantes da esquerda tradicional não têm necessariamente que concordar com todas as bandeiras dos novos movimentos. Os militantes da esquerda tradicional têm que respeitar o direito de uma feminista, mesmo sendo também de esquerda, se identificar mais como uma mulher do que como uma integrante da classe trabalhadora internacional, ou um militante negro se identificar mais como negro do que como um integrante da classe trabalhadora internacional.
Eu não concordo com tudo que os novos movimentos pregam. Se o movimento vegan quiser proibir consumo de carne ou uso de animais para desenvolver remédios eu vou lutar contra porque acho que isso seria prejudicial para a sociedade. Mas se o movimento feminista ou negro ou indígena pregarem coisas que não concordo mas que não causam danos, não vou ficar batendo só pra desqualificar esses movimentos.
Vi uma vez no blog do Luís Nassif um senhor escrevendo que se considerava esquerda old fashion e achava que era fashionismo a nova esquerda defender ambientalismo, feminismo, LGBTT. Disse que era contra o SUS pagar "cirurgia estética de troca de sexo". Ser contra tudo bem. Ele não tem obrigação de ser a favor. Mas chamar de "estética" mostra desconhecimento sobre o tema, ofende pessoas, gera adversidades contra quem poderia ser aliado em outras causas.

O debate sobre o financiamento empresarial de campanhas eleitorais


O financiamento de campanhas eleitorais por empresas privadas corrompem a democracia por três motivos
1. Empresas não doam, e sim investem. Empresas que fornecem bens e serviços a governos, como construção civil, limpeza, alimentação e material didático "doam" em troca de contratos muitas vezes superfaturados, feitos depois de pseudo licitações. Indiretamente é uma forma perversa de "financiamento público" de campanha, pois o dinheiro vai das empresas para os partidos, mas a origem deste dinheiro está nos cofres públicos. Esse esquema não precisa sequer de caixa dois para funcionar. Muitas vezes funciona no caixa um mesmo, com doação declarada. Por isso, a desculpa de que é melhor ser permitido o financiamento empresarial porque é mais transparente não passa de lorota. O que foi descrito até aqui trata do caso clássico de corrupção. Mas os dois motivos a seguir também têm a ver com corrupção.
2. Empresas dão dinheiro para campanhas em troca de legislação favorável ou outro tipo de atuação parlamentar favorável específica para a empresa que doou ou para o setor da empresa que doou. Exemplo mais evidente é a contribuição de uma empresa de plano de saúde para a campanha de Eduardo Cunha, que recebeu como troca o enterro da CPI dos Planos de Saúde. Também é a Câmara aprovando o fim da rotulação de transgênicos.
3. Se os dois motivos anteriores tratam de politicagem, este trata de política em um sentido mais amplo. Detentores do capital utilizam as doações para campanhas eleitorais como forma de mandar na política. Dessa forma, revertem a desvantagem numérica que decorrem do fato de eles serem minoria dentro da população. Com isso, o Congresso jamais aprova aumento de progressividade de impostos, que beneficiaria a esmagadora maioria da população, mas não os doadores. É um típico caso de conflito esquerda X direita. Basta ver como cada partido votou.

Os ativistas favoráveis ao fim do financiamento de campanhas por empresas falam com mais frequência do primeiro motivo, pois acham que corrupção é um tema que sensibiliza mais as pessoas. O terceiro motivo tem gente que nem vai querer ouvir, pois acha luta de classes uma coisa feia e boba.
Há dois problemas nesta tática. O primeiro é que parlamentares que têm interesse em manter o financiamento por empresas por causa do segundo e do terceiro motivo podem driblar o primeiro motivo e desarmar opiniões contrárias através da proibição de doações de empresas que fornecem diretamente bens e serviços para o governo. Se isto realmente ocorrer, o segundo e o terceiro motivo sobrevivem. O segundo problema desta tática é que muita gente despolitizada pensa que esquerda = petê. Confundem bandeiras da esquerda com bandeiras do petê. Aí não vão confiar em dicas do petê sobre como combater a corrupção.
Podemos pensar em abordar o segundo e o terceiro motivo. O entendimento é menos simples do que o primeiro. Mas não precisamos neste momento de assuntos fáceis. A próxima eleição está distante. Pensemos no trabalho de longo prazo de construção de consciência política.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Cadê os "libertários"?

Quem defende "liberalismo econômico" adora utilizar as palavras livre, liberdade, liberal, libertário. Costuma dizer que defende a autonomia do indivíduo, que é contra o Estado decidir o que o indivíduo deve ou não deve fazer. É um jeito bonito de pregar eliminação de direitos sociais. Fala como se direitos sociais e individuais fossem excludentes. Que para ter mais direitos individuais, é necessário eliminar direitos sociais.
É isso mesmo?

Bom, vamos aos acontecimentos recentes do Brasil
> 19 indivíduos foram assassinados na periferia da Região Metropolitana de São Paulo. Os maiores suspeitos são agentes do Estado que no momento não usavam uniforme
> Indivíduos moradores de favela foram impedidos por agentes do Estado do Rio de Janeiro de ir à praia, um lugar teoricamente público
> Um palhaço foi preso por agentes do Estado do Paraná por falar mal deles. Na prática, esses agentes confirmaram o conteúdo da fala do palhaço.
> Há um projeto de lei que prevê que o Estado pode prender professores por causa daquilo que eles falam em sala de aula.

Quem se indignou com esses abusos do Estado contra indivíduos? Foram os mencionados liberais libertários que falam tão bem do indivíduo e tão mal do Estado? Pelo que eu vi entre as opiniões das pessoas que eu conheço, NÃO.
Quem eu vi se indignando com este abuso do Estado contra indivíduos foi gente que gosta do John Maynard Keynes, do Joseph Stiglitz e do Paul Krugman, e não gente que gosta do Ludwig Von Mises, do Friedrich Hayek e do Milton Friedman.

A verdade é que quem não gosta de direito social gosta sim de direito individual. Direito individual para o dinheiro, não para seres humanos.

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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Apropriação cultural

Muitas pessoas que acompanham debates de variedades em Blogs, Facebook e Twitter muito provavelmente já se depararam com alguma discussão sobre o tema "apropriação cultural" https://pt.wikipedia.org/wiki/Apropria%C3%A7%C3%A3o_cultural , habitualmente exposto como algo negativo. Quem discute este tema critica as populações urbanas ocidentais do século XXI que utilizam como enfeite no vestuário algum objeto decorativo ameríndio, polinésio, chinês, africano ou indiano, se fantasiam de pessoas dessas culturas em festas e imitam rituais como forma de entretenimento.
Muita gente que toma contato recente com essa discussão considera-a tão fútil que acaba fazendo chacota dela. É uma reação natural reagir com chacota a causas e movimentos que acabam de conhecer, antes de ter mais tempo de refletir sobre o assunto. Quando ouviram falar de casamento gay pela primeira vez, há duas décadas, alguns perguntaram "e qual dos dois vai se casar de fraque, qual dos dois vai se casar de véu?". Quando ouviram falar de cotas pela primeira vez, alguns perguntaram "então se eu tomar sol, eu vou ter mais chance de entrar na universidade?". Atualmente, tanto casamento gay, quanto cotas são bem compreendidos.
Sinceramente, não acredito que o mesmo vai acontecer com a apropriação cultural. Não vejo crescer o número de pessoas que compreendem esta discussão. Vejo sim crescer o número de pessoas que fazem piada sobre essa discussão, pessoas que já tiveram tempo suficiente para pensar. Acredito que causas que fazem mais sentido mais pessoas compreendem com mais facilidade.
Eu sou um dos que ainda não entenderam a gravidade da apropriação cultural. Mas também não vou fazer chacota. Respeito as pessoas que acham importante esta bandeira. Mas não é por isso que vou virar militante anti apropriação cultural. Vou apenas, a partir do momento em que terminar de escrever este texto, seguir o conselho do Gregório Duvivier sobre movimentos em geral: não quer ajudar, pelo menos não atrapalhe.
Só não vou deixar de ser crítico daqueles que acham que a humanidade inteira tem a obrigação de entender a apropriação cultural de um dia para outro. São reprováveis atitudes como esculacho virtual de pessoas brancas que se fantasiaram de índio ou de mãe de santo em comemoração de carnaval. Essas pessoas talvez nem sabiam o que era apropriação cultural na hora que escolheram a fantasia, nem tinham a obrigação de saber. Essas pessoas podem sim ser introduzidas ao debate. Mas a pior forma de fazer isso é com esculacho virtual.

Helio Gurovitz, seu amor por Eduardo Cunha e o Tea Party tupiniquim

Eu escrevi há alguns dias que é errado dizer que a grande mídia empresarial brasileira é "a favor do PSDB". Na verdade, a grande mídia empresarial brasileira é um partido próprio, um Tea Party tupiniquim. É o PSDB que é o partido com registro no TSE que mais se simpatiza com este Tea Party tupiniquim. Que por sua vez pode falar mal até mesmo do próprio PSDB se este der algum indício de "recaída" para a social democracia que nunca abraçou, mas que dá o nome ao partido.
Um dos maiores símbolos deste Tea Party tupiniquim é o colunista Helio Gurovitz. Em sua primeira coluna no G1, ele se autodenominou "liberal e contra o politicamente correto". Até aí não é novidade. Havia 22.624 colunistas que se definem como "liberal e contra o politicamente correto" na grande mídia empresarial brasileira. Com Hélio Gurovitz, o número passou a ser 22.625. Mas este se diferencia por escrever para o G1, um dos portais mais acessados do Brasil.
A orientação ideológica está presente com muita força no jornal O Estado de São Paulo, no jornal O Globo, nas revistas Veja e Época. Na Folha nem tanto, porque há uma grande diversidade de colunistas, para todos os gostos. O G1 era uma das ilhas não ideológicas na grande mídia empresarial brasileira, pois colocava colunas do Rodrigo Constantino, do Demétrio Magnoli, do Merval Pereira, do Marco Antônio Villa e do Denis Lehrer Rosenfield no cantinho da página, mas deixava o meio só com notícias, muitas delas redigidas de forma imparcial, é preciso reconhecer. O G1 abandonou essa política recentemente e se juntou ao bando do panfletarismo Tea Party, ao reintroduzir a seção de comentários das notícias (ai ai ai) e ao dar grande destaque para as colunas do Hélio Gurovitz. O texto dele de hoje mostra muito bem essa relação amistosa mas não sem atritos entre o Tea Party tupiniquim e o PSDB.
Qual a contribuição deste colunista para o engrandecimento cultural da humanidade? Pouca. Mais especificamente, muito pouca. Mais especificamente, nula. Como eu disse anteriormente, Hélio Gurovitz é apenas um dos 22.625 colunistas "liberais e contra o politicamente correto" que existem na imprensa brasileira. Mas ele não escreve apenas opinião. Ele também escreve notícias internacionais. Acessíveis para qualquer um que tem um computador ligado à Internet, sabe usar o Google, conhece os sites dos principais jornais do mundo e entende Inglês.
E como todo bom "liberal contra o politicamente correto", Hélio Gurovitz é apaixonado por Eduardo Cunha (não se trata de humor homofóbico, uma vez que valeria mesmo se tratasse de pessoas de gêneros opostos). Um dos argumentos utilizados pelo colunista a favor do presidente da Câmara foi a elevada produtividade, o número recorde de projetos de lei aprovados. Se fosse assim, eu depois de comer no rodízio de churrasco seria muito produtivo e digno de elogios, pois consigo fazer uma quantidade recorde de cocô.
O colunista do G1 atribui a aversão que parte da sociedade brasileira tem ao Eduardo Cunha à propaganda do PT. Isso explica porque ainda existem algumas pessoas que confiam no PT. Se precisar ser influenciado pelo PT para odiar alguém que tem histórico de ter trabalhado só para "gente boa" como Collor, PC e Garotinho, que mistura religião com política, que desrespeita quem luta pelos direitos dos gays, que fala que aborto só por cima do cadáver dele mesmo com tantos cadáveres de mulheres que tentam fazer ilegalmente, que tenta reduzir o debate sobre legalização da maconha, que é sério, a usuários de maconha, que usa expedientes podres para aprovar uma coisa podre, que é o financiamento empresarial de campanha, algumas pessoas podem pensar que mesmo com tantos podres, algo positivo o PT tem que ter. Eu acredito que repudiar Eduardo Cunha não depende do PT. Em qualquer país civilizado, se houvesse um líder de parlamento desse jeito, uma parcela da sociedade repudiaria. Certamente se a Casa dos Representantes dos Estados Unidos tivesse um "speaker" republicano igual o Eduardo Cunha, muitos democratas o odiariam. E que propaganda do PT é essa que faz apenas 7% dos brasileiros considerarem o governo Dilma ótimo ou bom? Muito mais do que 7% dos brasileiros rejeitam Eduardo Cunha.
O lado bom disso tudo é que com os acontecimentos recentes, o fã clube do Eduardo Cunha na imprensa brasileira pode ter levado uma queimadinha.
Mas uma coisa é certa: se Hélio Gurovitz ama o Eduardo Cunha tanto assim, quer dizer que ele não odeia tanto o PT. Afinal, o deputado carioca apoiou Dilma em 2010. hehehehehe

terça-feira, 1 de setembro de 2015

A participação do PSOL nos debates televisionados e o realpolitik

O PL que visa estabelecer uma bancada mínima para poder participar de debates televisionados visa claramente atingir o PSOL, deixando-o fora dos debates. Mais especificamente, atingir o Marcelo Freixo, uma vez que os principais apoiadores deste PL são os deputados Índio da Costa e Rodrigo Maia, prováveis adversários do deputado do PSOL em 2016.
Portanto, a Luciana Genro está certíssima em ir atrás de apoios para derrubar este PL. Conversou com FHC e procurou o Lula. Mas uma v...ez que teve que recorrer (acertadamente) ao realpolitik, o PSOL poderia pegar mais leve na hora de falar do PT.
Por outro lado, seria ridículo o PT atacar o PSOL por causa disso, uma vez que neste ano o PT votou no Capez do PSDB para presidente da Alesp (só o PSOL não fez isso), e fez diversas alianças com o PMDB nos últimos 12 anos.
É aquela velha lição que vale para os dois partidos de esquerda: quem tem rabo comprido, mesmo que justificadamente, não fala mal do rabo do outro.