quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Mais sobre o Tea Party tupiniquim

Conforme disse há alguns dias, é errado dizer que a grande mídia empresarial brasileira (Globo, Abril, Folha, Estado, Band, SBT) é "a favor do PSDB". Na verdade, essa mídia é um partido político próprio, não registrado no TSE, sem número na urna eletrônica. Este partido é um Tea Party tupiniquim. O PSDB que é a favor da grande mídia, é o partido registrado mais afinado ideologicamente com este partido não registrado. Mas se o PSDB der algum indício de sinal de recaída para a social democracia que deu o nome a este partido, o Tea Party tupiniquim vai falar mal.
Algo mais ou menos assim ocorreu ontem. Sabemos que a carga tributária brasileira é mais alta que a de outros países com PIB per capita semelhante (isto não é necessariamente ruim, mas deixo para outro post). Sabemos também que a carga tributária brasileira é deformada. Os impostos sobre consumo têm um peso muito grande. Os impostos sobre renda e patrimônio têm um peso muito pequeno. Como os pobres poupam menos, o peso da carga tributária brasileira é carregado muito mais pelos pobres do que pelos ricos. Além disso, o Imposto de Renda brasileiro, comparado com o de outros países, pesa muito no bolso da classe média e pouco no bolso dos milionários. A alíquota máxima de 27,5% é uma das mais baixas do mundo, e incide a partir de um patamar baixo de renda, aproximadamente cinco mil reais. E se depender da grande mídia, vai continuar assim. O que ocorreu ontem?
O ministro Joaquim Levy, que entrou no Ministério da Fazenda no tempo de Pedro Malan e participou da elaboração do programa de Aécio Neves, propôs aumentar o Imposto de Renda para tapar o buraco nas contas públicas. A reação do Tea Party tupiniquim foi imediata e implacável. Não apenas o G1, mas até a descolada Folha, colocaram em primeira página matérias para desviar a atenção do assunto - baixo Imposto de Renda para os ricos no Brasil - para outro - elevada carga tributária no Brasil. Este Tea Party até faz algum barulhinho quando se aumenta algum imposto sobre consumo, mas se alguém levanta a ideia de aumentar imposto sobre renda ou patrimônio, a reação é muito mais brutal. Alguém arriscaria a dizer por quê? Dica: os donos das empresas de comunicação e seus comentaristas têm uma renda muitíssimo maior do que um simples funcionário público de escolaridade superior igual eu.
Quem não quer pagar imposto alto obviamente não vai falar simplesmente que não quer pagar imposto alto. Inventam-se argumentos "técnicos". Furados. Desestimula o trabalho, o investimento, o empreendedorismo, a criação de riqueza? Baboseira. Os Estados Unidos tiveram economia com excelente desempenho entre 1950 e 1973, mesmo com elevada alíquota máxima do investimento. Nos anos 1980, Reagan baixou de 70% para 28%. Quando Bill Clinton elevou para 38%, houve previsões de que o Apocalipse estava chegando. Logo depois disso, ocorreu um baita boom econômico. Não foi por causa da elevação do imposto, mas a elevação não atrapalhou. Há alguns países na Europa que mantiveram a alíquota máxima elevada e têm economias com excelente desempenho. Mas o mais importante não é a qualidade do gasto, ao invés de ficar falando de imposto? Pode até ser, mas não é só porque um assunto não é o mais importante de todos que ele tem que ser ignorado. Não é só porque um cruzamento tem poucos veículos que não precisa ter semáforo. Quem defende elevação de impostos sobre renda e patrimônio não são pessoas que criminalizam a riqueza? Não, quem criminaliza a riqueza não quer elevar impostos, quer expropriar a riqueza. E além do mais, o que o cu tem a ver com as calças? Ainda que houvesse pessoas que criminalizam a riqueza defendendo aumento de impostos sobre renda e patrimônio, não precisa criminalizar riqueza para defender isso.
O Tea Party tupiniquim não bate tanto assim no governo. Quando ele se comporta direito, a relação é até pacífica. A ponto de nem dar tanta bola para os defensores do impítimam. Mas basta sair um pouco da linha... Mesmo que seja um ministro tucano.

Por falar em impítimam, vocês viram que o rebaixamento dos títulos brasileiros pela Standard & Poor serviram como pretexto para os pregadores do impítimam intensificarem a campanha? Falta mais o que para ficar evidente que os pedidos de impítimam são golpismo sim e quem nega isso está falando merda e tem que tomar no cu?

safadinha levando uma enfiada  safadinha levando uma enfiada

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