sábado, 25 de abril de 2015

Por que eu não escrevo crítica de filme neste espaço

Tenho Twitter e Facebook, mas como sou jurássico e mantenho uma nostalgia com a saudosa década de 2000, preservo ativo este Blog, enquanto que alguns ex-blogueiros viraram feicebuqueiros e tuiteiros. Um dos critérios que eu utilizo para definir se eu posto algo no Twitter, no Facebook ou aqui no Blog é o tamanho. Posto frases no Twitter, imagens ou textos de um parágrafo no Facebook e textos de mais de um parágrafo aqui. Uso o Twitter e o Facebook também para dar link para textos aqui do Blog, e também de outros textos que eu acho interessante. Fotos minhas de encontros com familiares e amigos eu posto no Facebook com a função de torna-las visíveis somente para quem está nos meus contatos. Não apenas o tamanho é critério para definir o meio de postagem. Público alvo também conta. Twitter e Blog são os extremos em termos de tamanho, mas têm em comum o fato de serem mídias em que somente quem está interessado em ler o que eu escrevo vê. O que eu escrevo no Facebook é lido por colegas e ex-colegas de trabalho, colegas e ex-colegas de estudo, familiares próximos e distantes (só não é lido por quem me acha um chato e deu unfollow, mas não sei se tem tanta gente assim). Portanto, o que eu não tenho interesse que pessoas que não têm interesse específico no assunto leiam, eu posto no Twitter ou no Blog. Ou seja, mensagens políticas mais pesadas é para o Twitter e para o Blog, amenidades é para o Facebook, embora eu politize também o Facebook de vez em quando.
E quanto a escrever sobre filmes? Eu gosto de ir ao cinema. Mesmo morando no Rio de Janeiro, eu faço de vez em quando um programa típico paulistano: ir ao cinema sozinho. Mas não sou especialista do assunto. A crítica de cinema é uma atividade profissional, e desta área, eu não sou profissional. Ninguém merece ler textão de leigo sobre filme, tentando "analisar" os aspectos técnicos. Sobre filmes eu escrevo no Facebook, basicamente dizendo se gostei ou não gostei e explicando o porquê, de acordo com o meu gosto. Como sou leigo, jamais saberia escrever um textão avaliando se outras pessoas gostariam do filme ou não.
Prefiro deixar este Blog para assuntos que eu tenho mais conhecimento por estudo ou experiência profissional: economia, política e administração pública.

E por falar em formas de se comunicar na Internet, sabe o que eu acho muito engraçado? Pessoas achando que seus perfis no Twitter e no Facebook são Jornal Nacional. Sentem-se obrigadas a postar algo sobre celebridade que morreu no dia ou postar algo em alguma data especial sobre o significado daquela data especial. Quando alguma celebridade morre, o Twitter e o Facebook inteiro fala do ocorrido e do significado desta pessoa. Não, pessoal, não precisa fazer isso. Podemos escrever apenas sobre as celebridades que admiramos.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

O futuro da esquerda no Brasil

Não pretendo fazer neste post um julgamento de valor, apenas uma análise objetiva de conjuntura. Não vem ao caso se eu acho bom ou ruim, mas é fato:
Nos próximos anos, a esquerda nacionalista desenvolvimentista estruturalista cepalina anti-imperialista vai hibernar. Pode acordar algum tempo depois e retomar relevância, mas não no futuro muito próximo. A esquerda que terá mais relevância no Brasil nos próximos anos será aquela relacionada à democracia participativa, defesa do ...meio ambiente, defesa de políticas urbanas inclusivas, defesa de minorias étnicas e sexuais, repúdio à violência policial, modernização de valores e preocupada mais em responder à pergunta sobre "o que os movimentos sociais devem fazer" do que "o que o Estado deve fazer para atender as demandas dos movimentos sociais".
Daqui pra frente e pras gerações mais novas, Marcelo Freixo, Jean Wyllys, Guilherme Boulos e Fernando Haddad terão mais influência do que Lula, Mercadante e Marco Aurélio Garcia. Vladimir Safatle, Ricardo Antunes, Márcio Pochmann e Leonardo Avritzer terão mais influência do que Luiz Gonzaga Belluzzo, Carlos Lessa, Wilson Cano e Samuel Pinheiro Guimarães (o Professor Selfie de Pau seria outro influente da nova safra se não fosse aquela polêmica). Leonardo Sakamoto, Matheus Pichonelli, Gregório Duvivier e Laura Capriglione terão mais influência do que Mino Carta e Altamiro Borges.
No jogo da política, também ocorre de uns irem pro banco de reservas e outros entrarem em campo.

domingo, 5 de abril de 2015

Não sei como é que o Metrô do Rio de Janeiro consegue ser tão precário

Conheço o metrô de Viena, de Berlim e de Madrid. São muito melhores do que o do Rio de Janeiro. Mas não precisa ir para o Primeiro Mundo para ver metrô bem melhor do que o do Rio de Janeiro. Os de Budapeste, Santiago (Chile) e São Paulo também são.
Entre os que eu conheço, o metrô do Rio de Janeiro é o único em que mesmo nos horários de pico, não passa composição de dois em dois minutos. Na melhor das hipóteses, é de três em três minutos. E olha que eu estou falando do trecho entre as estações Botafogo e Central, onde as duas linhas se coincidem nos dias de semana. Se não há contratempo, passa nesse trecho, em horário de pico, composição da linha 1, três minutos depois passa composição da linha 2, três minutos depois passa composição da linha 1 e assim por diante. Ou seja, nos trechos em que as linhas não coincidem, passa composição de seis em seis minutos em horário de pico, e como eu disse, quando não há contratempo.
Os contratempos são bastante frequentes. De vez em quando a composição freia bruscamente no meio do túnel e fica algum tempo parada "aguardando a sinalização", de vez em quando anda bem devagar entre uma estação e outra, de vez em quando fica parada na estação muito mais tempo do que o normal. Quem procura no google "metrô rio intervalos irregulares" encontra uma lista enorme de notícias falando que o metrô do Rio estava operando com intervalos irregulares, em datas diversas e por motivos diversos.
Mesmo quando não há incidentes, o metrô do Rio de Janeiro é habitualmente mais lento do que o metrô em outras cidades do mundo. Às vezes, as composições da linha 2, quando trafegam entre a estação Maracanã e a Central, dão a impressão que andam sobre os trilhos puxadas por jegue.
Por causa da demora na espera, da demora na circulação, uma viagem entre as estações Cinelândia e Maracanã dura aproximadamente 20 minutos. Dada a não tão grande distância entre essas duas estações, não precisava demorar tanto assim.
Quando à lotação, eu sei que metrô nos horários de pico é lotado no mundo inteiro. Não seria economicamente viável ter metrô se só houvesse passageiros sentados. Mas a lotação do metrô da Cinelândia para a Central entre as 17 e as 19 horas de dias úteis bate qualquer recorde. As composições da linha 2 da Pavuna para o centro andam lotadas durante a manhã inteira, não apenas entre as sete e as nove horas.
Algumas estações não são adaptadas para receber um número muito grande de passageiros e, em alguns momentos, as filas são enormes até para passar na catraca.
Aos domingos, quando as linhas não coincidem, seria melhor até ter horário marcado, de tão pouca frequência que passam as composições. E não é por falta de volume de passageiros. As composições, que aparecem com tão pouca frequência, andam lotadas de pessoas indo para as praias.

E o precinho? R$3,70

sábado, 4 de abril de 2015

Sobre o Cabo Daciolo no PSOL

Não é errado que partidos de esquerda tenham alguns políticos que sejam religiosos, que gostem de falar de deus, que sejam contra a legalização da maconha e que sejam indiferentes às reinvindicações do movimento LGBT (mas não hostis a elas). Só vejo mais negativamente quem é anti-gay (até porque homofobia é um tipo de racismo) e quem é contra a legalização do aborto (até porque se trata de um tema que atinge diretamente mulheres pobres).
De qualquer forma, uma esquerda que foca apenas na questão da desigualdade e dos direitos dos trabalhadores, mas não defende bandeiras culturais pós-1968, tem direito de existir, mesmo que não concordemos com ela. Lideranças assim poderiam até ajudar o PSOL a lidar com um sério problema: a dificuldade deste partido se aproximar das classes mais baixas. Não é só com universidade e com sindicato de servidores públicos que se faz política de esquerda.
O problema é que o Cabo Daciolo não representa uma esquerda conservadora em valores morais. Representa esquerda nenhuma. Apenas o conservadorismo em valores morais. Falar de deus é uma coisa, propor que ele deva ter mais poder do que o povo é outra. Pode existir uma esquerda religiosa, mas não uma esquerda teocrata. Abraçar Bolsonaro é inadmissível para um político de um partido de esquerda. O mesmo vale para defender policiais que torturaram e mataram um morador de favela (que liderança "popular" é essa?). E como eu disse antes, uma coisa é ser indiferente às bandeiras do movimento LGBT, outra é ser hostil a essas bandeiras.
Portanto, o Cabo Daciolo já está fazendo hora extra no PSOL. Mantê-lo seria um puro realpolitik que o PSOL critica muito quando outros partidos fazem.