domingo, 23 de outubro de 2011

sábado, 24 de setembro de 2011

Novo site: Atlas das Eleições Presidenciais no Brasil

Há algum tempo, eu estava guardando dados sobre as eleições presidenciais brasileiras, para, quem sabe, futuramente, fazer um estudo sobre o tema.

Com tantos dados em mão, eu resolvi divulgá-los de uma forma fácil para quem tem interesse em consultá-los.

Por isso, eu criei o Atlas das Eleições Presidenciais no Brasil . Incluí os resultados gerais e por estado das eleições presidenciais brasileiras de 1945 a 2010, mapas eleitorais, rankings ideológicos de estados, capitais e municípios, e algumas estatísticas. Já acrescentei também os resultados por municípios de 1989. Em breve, acrescentarei os resultados por município de 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010.

sábado, 2 de abril de 2011

Guarani Futebol Clube completa 100 anos

Passado de grandes equipes. Campeão brasileiro de 1978 (único time do interior campeão brasileiro), vice-campeão brasileiro de 1986 e 1987, terceiro em 1982 e 1994, vice-campeão paulista de 1988, semifinalista da Libertadores de 1979. Revelador de Careca, Evair, João Paulo, Neto, Amoroso e Luizão. Histórico de equilíbrio e até vantagem para alguns dos times grandes de fora de São Paulo Atlético-MG: 7V, 10E, 18D Cruzeiro: 13V, 8E, 11D Botafogo: 10V, 9E, 10D Flamengo: 10V, 13E, 15D Fluminense: 10V, 8E, 14D Vasco: 18V, 10E, 12D Grêmio: 12V, 5E, 12D Internacional: 9V, 12E, 15D http://jogosdoguarani.sites.uol.com.br/ Presente vergonhoso. A última década foi um longo período de vexames. Ainda assim, nós, torcedores do Guarani repudiamos ter "segundo time".

quinta-feira, 31 de março de 2011

Pensamentos feitos em um 31 de março

Quando se conta a história dos Estados Unidos, a perspectiva de George Washington e Thomas Jefferson basta. Ninguém tem interesse em saber o que os redcoats pensavam.

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Quando se conta a história da Inconfidência Mineira, pensamos em Tiradentes. E não damos bola para a versão da Maria, a Louca.

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Quando os franceses comemoram o 14 de julho, não estão nem aí para o que Luís XVI pensava.

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Quando a história da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos é lembrada, o nome que mais aparece nas mentes é Martin Luther King. Quem quer ouvir o lado dos segregacionistas sulistas?

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Na mais recente Copa do Mundo, falou-se muito sobre a luta e a prisão de Nelson Mandela. Nenhum jornalista (que eu conheça) teve a idéia de mostrar o lado do apartheid.

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Quando se conta a história da Resistência Francesa e da Resistência Italiana na Segunda Guerra Mundial, o lado dos soldados alemães é ignorado. Os resistentes usaram tiros e bombas, mas não se cobra a necessidade de condenar a violência dos dois lados.

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Na luta pela criação do Estado de Israel, os sionistas atacaram colonizadores britânicos. Mesmo assim, ninguém considera que Israel é um Estado fundado por terroristas.

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Mas quando se conta a história do Brasil no período compreendido entre 31 de março de 1964 e 15 de março de 1985, virou mania exigir imparcialidade, equilíbrio, equidistândia, e mostrar "os dois lados".

sábado, 26 de março de 2011

Discordâncias com André Kenji em relação ao vestibular

O blog de André Kenji tem vários excelentes textos sobre política nacional e internacional, economia, educação, infra-estrutura e mídia, mas em relação ao mais recente post do autor, sobre a seleção de estudantes nas universidades brasileiras, eu tenho tantas discordâncias que decidi escrever um post aqui, ao invés de deixar um simples comentário lá.
André Kenji diz que o vestibular da forma que é aplicado pelas universidades brasileiras é ruim porque:
1) Aplica uma prova única para o ingresso a todos os cursos, e portanto, não mede as habilidades específicas
2) O formato da prova estimula a propagação de cursinhos que ensinam coisas que os estudantes esquecerão depois, como resumos de livros e fórmulas cantadas de Química
3) O conteúdo exigido pela seleção para as universidades brasileiras desestimula que estudantes de Ensino Médio realizem atividades extra-curriculares, como esportes e língua estrangeira
4) Por causa da pouca exigência de conhecimento de língua estrangeira no vestibular, há pós-graduandos monoglotas


Concordo plenamente com a quarta crítica. Já vi na faculdade situações em que havia somente tradução em Espanhol de texto em Inglês e alguns estudantes preferiram a tradução em Espanhol ao original em Inglês, não porque falavam Espanhol, mas porque era mais parecido com Português.
Concordo parcialmente com a segunda crítica. Realmente, são exigidos muitos detalhes de Física, Química e Biologia, o que estimula o ensino das fórmulas cantadas. Mas ainda assim o conhecimento destas disciplinas deve ser testado para candidatos a qualquer área, porque analfabetismo científico é ruim em qualquer área. Já houve um caso de uma revista científica, escrita por jornalistas, que confundiu o i da corrente elétrica com o i dos números complexos. E eu que sou da área de Economia percebo como foi importante ter aprendido ciências naturais no Ensino Médio. O conhecimento da Teoria da Evolução facilita a compreensão de textos de autores neoschumpeterianos. O conhecimento da Teoria da Evolução também tem outras finalidades. É muito difícil desvincular Economia de Política. E o atual debate entre Dawkins e os criacionistas norte-americanos tornou-se um debate político. Não é possível compreendê-lo sem ter estudado Biologia no Ensino Médio. Um tema muito debatido durante a última eleição presidencial foi o aborto. O ensino de Biologia facilitou a formação de uma opinião sobre este assunto, ao demonstrar que um feto de um mês não é um bebê em miniatura. Física é outra disciplina muito importante para economistas, que discutem muito sobre políticas sobre regulação de energia elétrica. É difícil discutir este tema sem saber que watt é unidade de potência, watt-hora é unidade de energia, e que transmissão em longas distâncias gera perdas. Fora as fórmulas cantadas, os estudantes não esquecem tão rápido o conteúdo de ciências naturais.
O mesmo vale para a literatura. Alguns estudantes não lêem livros inteiros, outros lêem. E mesmo o resumo é melhor do que nada. Literatura é um tema de cultura geral. Brasileiros, mesmo engenheiros e matemáticos, deveriam ter alguma noção de Machado de Assis, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa.
Eu não considero o modelo atual de vestibular o ideal. Os conteúdos de Física, Química, Biologia, História e Geografia deveriam continuar existindo por serem cultura geral importante para a vida, mas reduzidos por serem fonte de decoreba. Peso maior deveria ser dado para Português, Inglês (mesmo para candidatos a cursos de exatas) e Matemática (mesmo para candidatos a cursos de humanas) porque estas disciplinas além de serem indispensáveis em qualquer área de formação, medem mais a capacidade do candidato de adquirir novos conhecimentos do que o estoque existente de conhecimentos.
Mas ao contrário do que defende André Kenji em sua primeira crítica, eu sou a favor de uma prova única. Já existem testes de aptidões para cursos de artes. Por que outros cursos precisariam medir aptidões específicas? Outros cursos necessitam capacidade de leitura, interpretação, escrita, e raciocínio lógico. O restante é o conteúdo que se aprende no próprio curso.
Assim como o que ocorre com a primeira, também tenho grande discordância em relação à terceira crítica. Bons alunos sabem conciliar tempo de estudo com alguma atividade extra-curricular. Excesso de dedicação a uma atividade extra-curricular específica não é recomendável quando quem a realiza não tem vocação para viver dela. Nisso eu concordo com o economista David Audretsch. Embora ele seja um grande entusiasta do modelo universitário norte-americano, ele é grande crítico da ênfase exagerada dirigida às práticas de esportes e cherleading. Para este economista, vivemos em uma era pós-fordista e pós-indústria de massa, em que conhecimento é dinheiro. Nesta era, praticar competitivamente com muita freqüência uma atividade esportiva, mesmo sabendo que não vai viver dela, é perda de tempo.

domingo, 20 de março de 2011

O que a propriedade intelectual tem de anti-liberal

A defesa de direitos de propriedade de bens tangíveis e escassos é um consenso entre os defensores do liberalismo. O mesmo não se aplica para bens intangíveis e não escassos, como as idéias. A propriedade intelectual, que é um caso de propriedade de bens intangíveis e não escassos, é um tema que divide os defensores do liberalismo.
Mesmo sem a polêmica da propriedade intelectual, o liberalismo já é dividido. Os defensores de um liberalismo mais radical consideram que a única função do Estado é a de garantir os direitos naturais: vida, liberdade, segurança, igualdade perante à lei e propriedade. Para esta versão de liberalismo, maximização de renda, riqueza, utilidade ou bem-estar não é papel do Estado. Portanto, não é aceita qualquer ação do Estado voltada para a maximização, ainda que seja comprovado que tal ação seria eficiente neste objetivo. Os defensores de um liberalismo mais moderado aceitam que a eficiência econômica, ou seja, a maximização de renda, riqueza, utilidade ou bem-estar, seja um objetivo a ser perseguido pelo Estado. Mas eles são liberais na medida em que consideram que a melhor maneira com a qual o Estado deve agir para promover a eficiência econômica é agir o mínimo possível. Ainda assim, esta vertente do liberalismo aceita alguma forma de atuação do Estado voltada para a maximização. A divisão entre estas duas vertentes de liberalismo não é fácil de ser percebida, porque aqueles que consideram que a maximização não justifica ativismo do Estado também consideram que o ativismo do Estado quase sempre não promove a maximização.
Liberais como Tom Palmer e Stephan Kinsella, que se opõem ao reconhecimento dos direitos de propriedade intelectual, são defensores da forma mais radical de liberalismo (são conhecidos como libertários porque, nos EUA, liberal tem outro significado). Mesmo se alguém provar que as patentes estimulariam a inovação e os direitos autorais estimulariam a produção artística e intelectual, estes autores ainda seriam contra a propriedade intelectual. Kinsella diz claramente que o objetivo das leis não é a maximização e sim a justiça. Ainda assim, Palmer e Kinsella discutem a relação entre propriedade intelectual e maximização, argumentando que esta relação não é clara e que a propriedade intelectual pode causar ineficiências econômicas. Kinsella considera que as patentes desviam recursos das empresas de atividades de P&D para despesas burocráticas de registro, e que o monopólio de 20 anos possibilitado por uma patente causa acomodação nas empresas. Outra objeção apontada às patentes é a de que elas criam incentivos artificiais para a pesquisa prática em detrimento da pesquisa teórica, e para os estágios iniciais da pesquisa prática em detrimento dos estágios finais. Em relação aos ganhos ou perdas econômicas decorrentes da propriedade intelectual, não há discussão mais aprofundada sobre direitos autorais, porque estes estão mais relacionados com produção artística intelectual do que diretamente com progresso técnico, como é o caso das patentes. Mesmo assim, recentemente, um historiador alemão defendeu que a demora de seu país em reconhecer os direitos autorais no século XIX facilitou a livre circulação de idéias, o barateamento do conhecimento, e consequentemente, o desenvolvimento econômico.
A discussão sobre o impacto econômico da propriedade intelectual é apenas adicional. O foco principal da argumentação de Kinsella e Palmer é o de que a propriedade intelectual, ao contrário da propriedade de bens tangíveis, não é um direito natural. Para estes autores, os direitos de propriedade intelectual são garantidos pelo Estado através da violação parcial dos direitos de propriedade de bens tangíveis. Ao defender os direitos autorais, o Estado estaria limitando a maneira com a qual os indivíduos pudessem utilizar seus próprios computadores, CDs graváveis, papel, tinta, máquina copiadora, voz e instrumentos musicais. Ao defender as patentes, o Estado estaria limitando a maneira com a qual os indivíduos pudessem utilizar suas próprias terras, máquinas e matérias-primas.
Alguém poderia contra-argumentar perguntando “mas se eu aceitar este raciocínio, estarei eu aceitando também que proibir assaltar é restringir o uso do próprio revólver?”. Não. Quem rouba um automóvel, que é um bem tangível e escasso, impede o sujeito roubado, que é o legítimo proprietário, de usufruir o bem. Quem copia um livro não impede o autor ou a editora de usufruir determinado bem, nem impede que proprietários de exemplares do livro continuem possuindo aquele exemplar.
Para Kinsella e Palmer, os direitos de propriedade existem para evitar conflitos sobre o uso de bens escassos, e, portanto, somente bens escassos deveriam ser objetos de direitos de propriedade. Bens não escassos não geram conflito sobre seu uso. A extensão de direitos de propriedade a bens não escassos, além de violar outros direitos de propriedade, criaria escassez artificial desses bens.
Os autores refutam a noção de que os direitos de propriedade intelectual seriam justos porque as pessoas teriam o direito à propriedade do fruto do próprio trabalho. Para Kinsella, trabalho não é fonte de direitos de propriedade. O exemplo utilizado para defender esta afirmação foi o de um indivíduo que forjou uma espada. A espada é propriedade deste indivíduo porque o ferro utilizado era de propriedade deste indivíduo. Se este indivíduo tivesse forjado uma espada utilizando o ferro alheio, este indivíduo não seria proprietário da espada. Ele seria simplesmente um ladrão.
As formas de propriedade intelectual que mais geram polêmica são as patentes e os direitos autorais. Palmer pouco discute as trademarks por considerá-las mais defensáveis. Kinsella também aceita as trademarks, mas de forma diferente daquela atualmente conhecida. Ele diz que uma lanchonete que utiliza clandestinamente a marca de uma rede conhecida, deve ser processada por falsidade, mas pelos consumidores e não pela rede conhecida.
Mesmo para quem, ao contrário dos autores mencionados, não defende o liberalismo, é interessante ler estes textos. É possível concordar com a afirmação de que os direitos de propriedade intelectual não são direitos naturais, mas discordar da afirmação de que o único papel do Estado é garantir os direitos naturais. As garantia das patentes e dos direitos autorais seriam uma forma de atuação do Estado para fomentar o progresso técnico e cultural, e o desenvolvimento, assim como outras formas de atuação, como as isenções tributárias, o crédito subsidiado, a preferência de compras governamentais pelo produto nacional e o protecionismo temporário. Todas estas políticas deveriam ter seus custos e benefícios avaliados, sem preconceitos que definem a priori as patentes e os direitos autorais como políticas boas e as demais políticas mencionadas como políticas ruins. Preconceito defendido pela OMC, cujas rodadas procuram defender rigidamente a propriedade intelectual e coibir rigidamente as outras políticas. A discussão proposta pelos liberais anti-propriedade intelectual também é útil para evidenciar as fraquezas argumentativas dos liberais pró-propriedade intelectual.
Infelizmente, os artigos discutidos aqui são pouco conhecidos do grande público. Por enquanto, as críticas de direita à propriedade intelectual são restritas às discussões acadêmicas. As críticas à propriedade intelectual mais conhecidas pelo grande público são as críticas de esquerda. Muitos sites que permitem a divulgação gratuita de seus textos dizem adotar a política do copyleft, em um trocadilho com o copyright. Os músicos mais entusiastas do download livre estão, em grande maioria, à esquerda dos músicos que têm medo do MP3. E uma charge bastante conhecida diz tudo: “when you pirate MP3, you are downloading communism”.
A única crítica de direita aos direitos de propriedade intelectual mais conhecida do grande público é aquela feita pelo desenho libertário South Park. Em um episódio, um dos quatro meninos (não lembro qual) foi preso por fazer download de música. Para sensibilizar o menino, a polícia levou-o à mansão de Lars Ulrich, baterista do Metallica, e falou: “Você está vendo, há três carros de luxo na garagem. Com essa onda de download intelectual, vai haver apenas dois carros de luxo. Olha a maldade que vocês estão fazendo com os artistas”.
Por fim, concordando ou não com as leis que garantem direitos de propriedade intelectual, elas devem ser respeitadas. Quem não concorda com essas leis, deve tentar modificá-las, e não comprar DVD pirata. Agora, concordando ou não com os direitos de propriedade intelectual, não é muito difícil achar ridículos aqueles anúncios sensacionalistas divulgados na televisão e no cinema que comparam a compra de um DVD pirata com o roubo de um bem tangível.

terça-feira, 15 de março de 2011

Piscina olímpica de xixi do jornal O Globo é muito rasa

Pouco depois de eu ter tentado calcular quantas piscinas olímpicas poderiam ser preenchidas com o xixi dos foliões no carnaval do Rio de Janeiro, o jornal O Globo de 15 de março de 2011, em pequena matéria de capa, falou que foram recolhidos 2 milhões de xixi dos banheiros químicos do Rio de Janeiro durante o carnaval. Segundo a matéria, esta quantidade preencheria 3 piscinas olímpicas.
O jornalista errou feio na conta. Uma piscina olímpica tem 50 metros de comprimento, 25 metros de largura e 2 metros de profundidade. Ou seja, tem 2500 metros cúbicos de água. Como 1 metro cúbico tem 1000 litros, uma piscina olímpica tem 2.500.000 litros de água. Como para o Globo 2 milhões de litros equivalem a três piscinas olímpicas, a piscina olímpica do jornal teria apenas 666.666 litros. Mantendo o comprimento e a largura no padrão, a piscina olímpica do Globo teria apenas 53 centímetros de profundidade.
Tomara que O Globo não participe da organização dos Jogos Olímpicos de 2016, porque caso isto aconteça, os nadadores correriam o risco de quebrar o pescoço.

Ah, e é óbvio, a piscina não deve ser preenchida com xixi.

sábado, 12 de março de 2011

A política do xixi

Foi correta a decisão da Prefeitura do Rio de Janeiro de combater o xixi nas ruas durante os blocos de carnaval, assim como é correta a prática de combater o xixi nas ruas durante o ano todo. O cheiro de xixi no centro do Rio de Janeiro já foi muito mais forte no passado, o olfato já percebe que alguma coisa melhorou.
Agora, a forma de oferecer alternativas ao xixi na rua durante o carnaval precisa ser melhorada. A quantidade de banheiros químicos era insuficiente, as filas eram enormes, e o sufoco para segurar era muito grande. Vamos supor que bebendo cerveja, as pessoas fiquem apertadas a cada duas horas. Estimando que cada pessoa gasta um minuto para usar a cabine (o tempo torna-se longo porque há muita água para sair da bexiga), chega-se à conclusão de que seria necessária uma cabine para cada 120 foliões, algo que nem sempre estava disponível. O número de cabines pode ser menor quando há outras alternativas. Alguns blocos se localizavam em ruas repletas de bares e restaurantes, que disponibilizavam seus banheiros em troca de modestas quantias de dinheiro. Outros blocos se localizavam em áreas residenciais, como o Céu na Terra em Santa Teresa, por exemplo. Nestes, o sufoco era maior.
O tempo neste último carnaval agravou o problema do xixi. Como os cinco dias estiveram nublados, com garoa e temperaturas amenas, o suor foi uma alternativa pouco relevante para escape da água da cerveja.
Além da quantidade das cabines, deve ser pensada a capacidade de tratamento. Supondo que cada pessoa faça um litro de xixi em um bloco carnavalesco, dois milhões e meio de foliões seriam capazes de encher uma piscina olímpica.

Outro ítem que falta ser melhorado é a disponibilidade de locais para jogar latinhas de cerveja. As ruas e calçadas estavam cheias delas.

terça-feira, 1 de março de 2011

Uma distribuição justa de deputados por estado na Câmara

Quantos deputados cada estado teria na Câmara dos Deputados se houvesse representação proporcional ao número de eleitores

Acre: 2
Alagoas: 7
Amapá: 2
Amazonas: 7
Bahia: 35
Ceará: 22
Distrito Federal: 7
Espírito Santo: 9
Goiás: 15
Maranhão: 16
Mato Grosso: 8
Mato Grosso do Sul: 6
Minas Gerais: 53
Pará: 18
Paraíba: 10
Paraná: 28
Pernambuco: 23
Piauí: 8
Rio de Janeiro: 43
Rio Grande do Norte: 8
Rio Grande do Sul: 30
Rondônia: 4
Roraima: 1
Santa Catarina: 17
São Paulo: 111
Sergipe: 5
Tocantins: 3

O cálculo foi feito considerando que Roraima, o estado menos populoso, elege 1 deputado. O número de deputados dos demais estados seria obtido pela divisão de seu eleitorado total pelo eleitorado de Roraima. Com esta conta, há um total de 498 deputados, levemente inferior aos 513 que existe na realidade.

Como o equilíbrio federativo já é feito no Senado, seria mais razoável que os estados fossem proporcionalmente representados na Câmara dos Deputados.
Porém, é difícil esperar grandes reformas de quem se beneficia das regras atuais.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Por que não acabar com os campeonatos estaduais

Disse Juca Kfouri, um dos maiores entusiastas da extinção dos campeonatos estaduais:

Aliás, comparado ao que rendem os Campeonatos Inglês (1 bilhão e 26 milhões de euros); Italiano (700 milhões); Francês (689 milhões); Espanhol (655 milhões) e Alemão (428 milhões), o Brasileirão, certamente mais disputado, equilibrado e, portanto, mais emocionante do que todos os demais, embora com muito menos ídolos, também fatura muito pouco.
http://blogdojuca.uol.com.br/2011/02/uma-revolucao-na-tv-brasileira/

A afirmação de Juca Kfouri neste caso é verdadeira. O Campeonato Brasileiro tem muito menos ídolos do que os campeonatos europeus, mas é muito mais equilibrado e emocionante.

Mas por quê? Porque o Brasil tem 12 clubes grandes. Com tradição, títulos, histórico de grandes equipes. Na Espanha, é Barcelona, Real Madri e outros. Na Inglaterra, é Manchester United, Chelsea, Arsenal, Liverpool e outros. Na Itália, é Juventus, Internazionale, Milan, Roma e outros. Na Alemanha, é Bayern de Munique e outros.

E por quê o Brasil tem tantos clubes que uma vez ou outra chegam ao topo? Porque ao contrário da Europa, onde uma cidade grande tem um ou dois times grandes, no Brasil, uma cidade tem quatro, outra três e outras duas, dois times grandes. A paixão clubística no futebol brasileiro sempre foi fomentada pela rivalidade local. O futebol brasileiro é regionalizado.

E por quê? Porque temos mais de 100 anos de história de campeonatos estaduais, aqueles que Juca Kfouri não gosta.


A extinção dos campeonatos estaduais não seria ruim somente para clubes do interior. Provavelmente, isto só seria benéfico para Flamengo, São Paulo e Corinthians, que são clubes com enorme massa de torcedores espalhada em todo o Brasil. O G12 viraria G3. Cruzeiro, Grêmio e Internacional ainda sobreviveriam como times fortes. Fluminense, Botafogo, Vasco, Palmeiras, Santos e Atlético-MG provavelmente teriam importância semelhante a times como Atlético de Madri, Manchester City, Torino e Lazio.


O baixo público nos campeonatos estaduais não é argumento pelo seu fim. Partidas iniciais de Campeonato Brasileiro e Libertadores também geram público baixo. E possivelmente, o público nos campeonatos estaduais passou a declinar após eles serem constantemente atacados pela crônica esportiva.
O recorde de público do Morumbi foi obtido em uma final de Campeonato Paulista. Aquele título de 1977 é lembrado até hoje pelos corintianos. Não só aquele título. A democracia corintiana nunca chegou a uma final de Brasileiro, mas ganhou dois Paulistas e é lembrada até hoje. O São Paulo, em 1992, ganhou do Barcelona em Tóquio e quando voltou, ainda levou 100 mil torcedores ao Morumbi para a final do Paulistão contra o Palmeiras.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Veganismo Desmascarado

Vale a pena ler o texto "Veganismo Desmascarado" do site ceticismo.net
http://ceticismo.net/ceticismo/veganismo-desmascarado/

O texto combate alguns mitos difundidos pela propaganda vegan como o de que uma alimentação vegetariana é mais saudável do que uma alimentação ornívora, o de que a criação de animais causa fome, o de que os vegans são mais éticos do que os não-vegans, e o de que o método do ser humano de criação e abate causa mais sofrimento aos animais do que a forma natural de um animal comer o outro.
Este texto é mal escrito em muitas partes e apela algumas vezes para insultos vulgares. Porém, sugiro a leitura pelo conteúdo e não pela forma.


Uma hipótese minha: O crescimento do fundamentalismo religioso e o crescimento da adesão ao veganismo nas últimas duas décadas estão relacionados à descrença na política como forma de melhorar o mundo. Os motivos são os mesmos, os públicos são diferentes.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Quem é mais anti-EUA na América Latina?

A notícia de que Cristina Kirschner teria elevado o tom anti-EUA pensando em sua reeleição fez lembrar um fato importante.
Embora a mídia brasileira e pensadores americanófilos tenham o hábito de zombar o suposto anti-americanismo dos latino-americanos, associando isto a idéias de índio e de cucarachia, entre os grandes países da América Latina, aquele que tem maior rejeição da opinião pública aos EUA é justamente o mais europeu deles: a Argentina. Segundo a pesquisa da Pew Global de junho de 2010, 62% dos brasileiros teriam visão favorável aos EUA, assim como 56% dos mexicanos e 42% dos argentinos.
E por falar em povos europeus, as pesquisas realizadas entre 2001 e 2008, durante o governo Bush, mostravam que havia mais rejeição de europeus ocidentais aos EUA do que de muitos habitantes de países em desenvolvimento.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Em qual década o PIB do Brasil cresceu menos?

Alguns textos apontam que a década mais medíocre de crescimento do PIB no Brasil foi a de 1980, outros apontam que foi a década de 1990. Isto não deveria ser objeto de polêmica, porque dados sobre contas nacionais são facilmente disponíveis.
A origem da polêmica é a definição do que é década. Quando se considera década de 1980 aquela que vai de 1980 a 1989, e década de 1990 aquela que vai de 1990 a 1999, a pior década foi a de 1990. Utilizando esta definição, o PIB brasileiro teria crescido a uma média anual de 2,88% na década de 1980 e 1,67% na década de 1990. Quando se considera década de 1980 aquela que vai de 1981 a 1990, e década de 1990 aquela que vai de 1991 a 2000, a pior década foi a de 1980. Utilizando esta definição, o PIB brasileiro teria crescido a uma média anual de 1,55% na década de 1980 e 2,54% na década de 1990.
A origem desta grande variação são as bruscas oscilações do PIB brasileiro nas datas redondas. Em 1980, o PIB brasileiro cresceu 9,19%. Em 1990, o PIB brasileiro encolheu 4,17%. Em 2000, o PIB brasileiro cresceu 4,31%. Se for considerado que a década de 1980 teve início em 1980, o elevado crescimento daquele ano entra na conta daquela década. A queda de 1990 entra na conta da década de 1990, que fica sem o crescimento de 2000. Se for considerado que a década de 1980 tem início em 1981, a década de 1980 fica sem o elevado crescimento de 1980 e com a depressão de 1990.
A solução desta polêmica é muito simples. Uma vez que o século XX teve início em 1901 e o século XXI teve início em 2001, a década de 1980 teve início em 1981 e a década de 1990 teve início em 1991. Não faz sentido considerar o ano 2000 como integrante do século XX e da década de 2000. Se o ano 2000 está no mesmo século que o ano de 1999 e não 2001, também deve estar na mesma década que o ano de 1999 e não 2001.
Portanto, a década em que o Brasil cresceu menos foi a de 1980. Não deveria haver polêmica a este respeito.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Ainda a patrulha

Patrulha pode ser definida como uma corrente de insultos a alguém que expresse opinião divergente, visando constranger este alguém. Esta corrente pode ser feita tanto por bandos, quanto por um indivíduos repetitivos.
Conforme eu disse no post anterior, a patrulha é um componente essencial de uma sociedade livre, uma vez que a liberdade de expressão tem duas vias. Somos livres para falar o que queremos e para ouvir o que não queremos. Uma pessoa é livre para expressar suas opiniões mesmo quando constrangida verbalmente, porque a própria opinião que esta pessoa expressou pode ser constrangedora para outras pessoas.
A reação a uma determinada opinião só é inaceitável quando feita através da difusão de boatos ou da incitação à violência física. Mas nestes casos, não seria patrulha, e sim difamação e intimidação, respectivamente.
A prática da patrulha é tão antiga que a palavra existe bem antes do uso em massa da Internet. Mas foi a Internet que fez a patrulha atingir seu apogeu. Isto porque os meios de comunicação em massa do século XX funcionavam através da emissão de mensagens de um para muitos. A Internet permitiu a emissão de mensagens de muitos para muitos. Qualquer coluna de jornalista influente conta com uma caixa de comentários, onde podem ser lidas coisas como "petralha", "PIG". Os bandos que infestam caixas de comentários e fórums de discussão online com estes vocábulos não ameaçam a liberdade de expressão. Eles são subproduto da liberdade de expressão. Falar que alguém é "petralha" ou "membro do PIG", ao invés de contra-argumentar pode ser estupidez. Mas a democracia implica que as opiniões sejam livres, e não que as opiniões sejam boas. Uma sociedade que permite somente a difusão de opiniões boas não é livre, porque neste caso, quem tem opiniões ruins teria que ser calado à força.
No caso do "petralha" e do "PIG", os bandos que difundem estes vocábulos não ameaçam a liberdade de expressão, mas não há dúvida de que ameaçam a inteligência. Agora, outro tipo de patrulha é bastante positiva e uma sociedade livre precisa dela: a reação à difusão de intolerância por causa de etnia, nacionalidade, religião, gênero e opção sexual, e à difusão de versões falsificadas da história para negar a existência de arbitrariedades causadas por regimes opressivos do passado.
Contra o racismo explícito, a lei já diz o que deve ser feito. Agora, contra o racismo implícito não é possível existir lei. Isto implicaria arbitrariedade e ameaçaria a liberdade de expressão. Portanto, uma solução possível é a patrulha. Não contra quem difunde o racismo implícito, porque isso traria publicidade a quem faz isso, mas contra quem oferece fama a quem difunde o racismo implícito.

Recentemente, Andre Kenji escreveu um texto sobre um assunto parecido ao discutido neste post. Vale a pena ler.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O que é patrulha? Definição em poucas palavras

Patrulha é um componente essencial de uma sociedade livre. Uma sociedade livre tem liberdade de expressão. Liberdade de expressão tem duas vias:
1. Fale o quer
2. Ouça o que não quer
A patrulha é nada mais do que esta segunda via.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Parece que mais uma vez Paul Krugman leu este blog

Em 1 de maio de 2010 eu escrevi:

Alguém poderia ... dizer ... que a tendência mais natural prevista pelas leis econômicas seria a de convergência entre o PIB per capita da Europa Ocidental e o dos EUA, que estava ocorrendo de 1950 a 1980, e que a estagnação na faixa dos 70 ou 80% ocorrida deste então seria prova de fraqueza do modelo europeu continental.
Mas a verdade é que a diferença entre o PIB per capita dos EUA e o da Europa Ocidental é em sua maior parte explicada pelo maior número de horas trabalhadas nos EUA: os norte-americanos começam a trabalhar mais cedo, trabalham mais horas por semana, têm férias mais curtas e se aposentam mais tarde. A diferença de produtividade por hora trabalhada do norte-americano e do europeu ocidental é bastante pequena. Ou seja, o PIB per capita superior dos EUA não implica qualidade de vida superior. Trata-se de uma escolha social entre consumo e lazer. Os norte americanos preferem ter mais consumo, os europeus ocidentais preferem ter mais lazer. Consumo e lazer são indicadores indispensáveis do nível de qualidade de vida. E o PIB só mede consumo.

http://blogdomarcelobrito.blogspot.com/2010/05/verdades-inquestionadas-questionaveis-i.html

Em 28 de janeiro de 2011, Paul Krugman escreveu
So, here are some ratios of France to the United States:
GDP per capita: 0.731

GDP per hour worked: 0.988
Employment as a share of population: 0.837
Hours per worker: 0.884
So French workers are roughly as productive as US workers. But fewer Frenchmen and women are working, and when they work, they work fewer hours.
Why are fewer Frenchmen working? As I’ve pointed out, during prime working years they’re as likely to work as Americans. But fewer young people work (in part because of more generous college aid); and, mainly, the French retire earlier. The latter is arguably the result of misguided policies: Mitterand made early retirement alarmingly attractive. But it’s not a problem of weak productivity or mass unemployment.
And why do the French work shorter hours? Probably for the most part because of government policies mandating vacation time.
The bottom line is that France is a society with the same level of technology and productivity as the US, but one that has made different choices about retirement and leisure. Vive la difference!

http://krugman.blogs.nytimes.com/2011/01/28/gdp-per-capita-here-and-there/

domingo, 16 de janeiro de 2011

Honduras poderá mudar a lei para permitir a reeleição

Bom texto de Bruno Ribeiro sobre o assunto, publicado no blog de Rodrigo Vianna.

http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/o-vexame-dos-brasileiros-que-defenderam-o-golpe-em-honduras.html#more-6141

O vexame dos brasileiros que defenderam o golpe em Honduras
por Bruno Ribeiro, no blog
A Trincheira
Se tivéssemos uma imprensa séria e profissional de verdade no país, determinados “comentaristas políticos” já teriam sido despachados e as empresas que eles trabalham veiculariam desculpas públicas pelas asneiras que disseram ou escreveram. Como não são e ainda duvidam da inteligência de quem os lê, vê e ouve, fica tudo por isso mesmo e quem falou ou escreveu a sandice continua ocupando espaço, ignorando solenemente a necessidade de se explicar ao distinto público.
Poderia citar aqui vários jornalistas e comentaristas que usaram os mesmíssimos argumentos, e isso mostra como a maioria reza pela mesma cartilha, mas dentre todos os entoadores de mantra ninguém defendeu o golpe em Honduras com mais paixão e afinco do que Alexandre Garcia e Arnaldo Jabor.
Quando em 2009 os milicos tomaram o poder em Honduras, expulsando o presidente eleito legitimamente, a opinião pública internacional condenou de imediato. O comportamento da imprensa nacional foi esquizofrênico, fazendo eco a princípio com a reação internacional, mas logo em seguida mudando lentamente de posição, até defender abertamente a “legalidade” de um vergonhoso golpe de estado.

...

Feminismo e Prostituição

A prostituição é um tema que divide opiniões não apenas entre conservadores e progressistas, mas também dentro do campo progressista.É muito lúcida a visão da feminista Martha Nussbaum a respeito da prostituição. Para ela, a prostituição não é um mal que deve ser extirpado, e sim um trabalho remunerado que deve ser respeitado. O que deve ser eliminado é o estigma da prostituição e a falta de oportunidades que muitas mulheres pobres têm para escolher outros ofícios. A criminalização da prostituição, além de eliminar uma das poucas formas de sustento disponíveis para muitas mulheres pobres sem instrução, ainda dificulta o estabelecimento de normas de segurança e higiene para este trabalho.
Nussbaum considera que não há motivos racionais para defender a criminalização da prostituição consensual de mulheres adultas. Poderia se argumentar que muitas vezes a prostituição não é consensual porque as mulheres teriam sido “forçadas” a venderem seus corpos devido à situação social. Mas se for pensar nesta forma, quase todos os ofícios remunerados são “forçados” porque as pessoas precisam trabalhar para se sustentarem. E tendo em vista que todos os trabalhos são executados com o corpo, mesmo os mentais, todas as pessoas que exercem trabalho remunerado “vendem seus corpos”.
De acordo com a autora, as características da prostituição podem ser encontradas em vários outros ofícios. A operária, assim como a prostituta, geralmente ganha baixos salários e está submetida a riscos à saúde. A empregada doméstica, assim como a prostituta, ganha baixos salários, é obrigada a realizar uma sequência de tarefas listada pelo cliente e sofre com o estigma. A cantora de casa noturna, assim como a prostituta, usa o corpo para provocar prazer. A massagista, mesmo aquela cuja atividade nada tem a ver com sexo, proporciona prazer ao cliente através do contato corporal. A voluntária de testes de equipamentos médicos, assim como a prostituta, tem suas partes íntimas penetradas. O lutador de boxe, assim como a prostituta, está exposto a riscos à saúde. E ninguém sugere tornar ilegais as profissões mencionadas.
Para Nussbaum, as principais causas do preconceito contra a prostituição sãoduas: a aversão ao sexo sem fins reprodutivos e a repulsa à remuneração em algumas ocupações. No passado distante, cantores e atores remunerados eram considerados pervertidos. No passado não muito distante, o esporte profissional não era tolerado. Hoje, considera-se normal uma pessoa ganhar o pão de cada dia através da música, do teatro ou do esporte. É possível que no futuro, seja plenamente respeitada a pessoa que ganha o pão de cada dia através do sexo.
A posição de Martha Nussbaum sobre a prostituição é em grande parte compartilhada por Levitt e Dubner, autores do Superfreakonomics. Os dois autores consideram que a situação das prostitutas nos Estados Unidos era melhor antes da criminalização e que policiais aproveitam a criminalização para fazer sexo gratuito com prostitutas, em troca da vista grossa. A única diferença entre Nussbaum e Levitt e Dubner é que enquanto ela é contra a cafetinagem, eles pensam que tal prática melhora a condição de trabalho das prostitutas.
Entre os partidários do banimento da prostituição estão não apenas reacionários, por causa dos preconceitos mencionados anteriormente, mas também algumas feministas, por motivos diferentes. Estas feministas consideram a prostituição uma forma de subordinação da mulher ao homem. Trata-se de uma visão equivocada querer coibir a prostituição por causa disso, porque não se combate uma causa pelo seu efeito. Além disso, a prostituição ilegal seria uma submissão muito maior do que um contrato legal. Estas mesmas feministas geralmente têm objeções também à pornografia.
Impedir uma mulher adulta de por vontade própria fazer sexo em troca de dinheiro ou posar nua em cenas picantes para fotos em troca de dinheiro seria impedir uma mulher de ser dona do próprio corpo.
No Brasil, a prostituição felizmente não é criminalizada, e infelizmente não é reconhecida legalmente como um ofício igual qualquer outro.

Os recursos naturais e o limite ao crescimento do PIB

O limite que o estoque limitado de alguns recursos naturais existentes no Planeta Terra impõe ao crescimento do PIB mundial não deve ser interpretado de forma muito rígida. Não é possível dizer que para o PIB mundial crescer X%, o consumo de determinado recurso tem que crescer X%.
Por dois motivos: primeiro, o progresso técnico permite reduzir a quantidade de recursos naturais para produzir bens materiais. Segundo, o PIB não é composto apenas por bens materiais, aqueles que a gente pode pegar e apalpar. E a participação de bens não materiais no PIB é cada vez maior.
É possível demonstrar isso em um exemplo bastante simples: o país A produz cadernos, o país B produz livros. A quantidade de cadernos produzidos pelo país A é igual à quantidade de livros produzidos pelo país B. A área das folhas dos cadernos e dos livros é igual. A quantidade de folhas também é igual. Portanto, as duas economias utilizam a mesma quantidade de recursos naturais (tudo bem, a economia do país B gasta um pouco mais de matéria-prima necessária para fabricar tinta). Mas como os livros têm trabalho intelectual, o valor agregado dos livros é maior, e dessa forma, o PIB do país B é maior que o PIB do país A. Se a economia do país A se converter em uma economia igual à do país B, o país A terá tido um crescimento do PIB sem crescimento do consumo de recursos naturais (apenas aquele necessário para produzir um pouco mais de tinta). Para demonstrar a mesma ideia, outro exemplo utilizado poderia ter sido de um país C, que produz CDs graváveis, e um país D, que produz CDs de música.
Foram apenas exemplos simples. Mas ilustram o que ocorre no mundo real. O crescimento da participação do PIB não apalpável no PIB total permite que o PIB aumente mais do que o consumo de recursos naturais.

Pela tabela acima, é possível perceber que entre 1990 e 2006, o PIB mundial cresceu mais do que o consumo de diversas formas de energia.
Portanto, os limites ao crescimento impostos pela limitação do estoque de recursos naturais não deve ser interpretado de forma tão aterrorizadora.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Não sabia que o tecido social brasileiro tinha "estamentos"

Escreveu o deputado Otavio Leite, do PSDB-RJ

Navegar é preciso. Foram-se as eleições de 2010, com nossas derrotas e vitórias — que deixaram importantes lições — a indicar qual o nosso ponto de partida para a construção do futuro. Vale, portanto, uma reflexão para traçarmos metas e estratégias.
Inicialmente é preciso compreender a outra face dos 44% obtidos no segundo turno presidencial. Pois, se é certo que apontam um peso substancial do eleitorado (vide estamentos mais informados e autônomos em todo o tecido social), por outro lado, representam o que tem sido o nosso "teto", e, por mais eloquente que seja, ele é, e será sempre, insuficiente para a vitória.
http://oglobo.globo.com/pais/moreno/posts/2011/01/06/o-futuro-do-psdb-354806.asp

Definição de "estamento" na Wikipedia
Constitui uma forma de estratificação social com camadas sociais mais fechadas do que as classes sociais, e mais abertas do que as castas (tipo de estratificação ainda presente em algumas sociedades, como na Índia, segundo a qual o indivíduo desde o nascimento está obrigado a seguir um estilo de vida predeterminado), reconhecidas por lei e geralmente ligadas ao conceito de honra. Historicamente, os estamentos caracterizaram a sociedade feudal durante a Idade Média.
Na obra de Max Weber, o conceito de estamento é ampliado. Passa a significar não propriamente um corpo homogêneo estratificado, mas sim uma certa teia de relacionamentos que constitui um determinado poder e influi em determinado campo de atividade.
Podemos afirmar que, no estamento, cada estrato deve obedecer leis diferenciadas. Por exemplo, na sociedade feudal os direitos e deveres de um nobre eram diferentes dos direitos e deveres de um servo. E, embora a lei não preveja a mudança de status social, ela também não a torna impossível, como na casta. Por exemplo, um servo pode se tornar um pequeno comerciante ou um membro do clero. Isso dá ao sistema de estamentos uma mobilidade social maior do que nas castas, mas não tão alta quanto nas classes sociais, onde todos, em teoria, são iguais perante a lei.(carece de fontes)
Nas palavras de Raimundo Faoro: "O estamento burocrático comanda o ramo civil e militar da administração e, dessa base, com aparelhamento próprio, invade e dirige a esfera econômica, política e financeira. No campo econômico, as medidas postas em prática, que ultrapassam a regulamentaçao formal da ideologia liberal, alcançam desde as prescrições financeiras e monetárias até a gestão direta das empresas, passando pelo regime das concessões estatais e das ordenações sobre o trabalho. Atuar diretamente ou mediante incentivos serão técnicas desenvolvidas dentro de um só escopo. Nas suas relações com a sociedade, o estamento diretor provê acerca das oportunidades de ascensão política, ora dispensando prestígio, ora reprimindo transtornos sediciosos, que buscam romper o esquema de controle".



Seria um wishful thinking?

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Comentário sobre os cartazes da campanha dos ônibus ateus


A notícia deve ser conhecida, portanto, dispensa maiores explicações. A ATEA (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos) decidiu fazer uma campanha contra o preconceito em relação aos ateus. Para isso, comprou o espaço dos ônibus urbanos de Salvador e Porto Alegre para colocar cartazes de propaganda. Porém, as empresas de transporte público das duas cidades recusaram ceder o espaço para a divulgação da campanha.
A iniciativa foi muito boa. Porém, dos quatro cartazes, apenas um deles cumpre o papel em transmitir uma mensagem correta, respeitosa, que não dá margem a interpretações equivocadas, e que ajuda a abrir a mente de quem não tolera pessoas que não acreditam em dogmas religiosos. Este cartaz é o "somos todos ateus com os deuses dos outros". Os outros três apresentam diversos problemas.
O "religião não define caráter" carrega uma mensagem correta. Pessoas religiosas não são nem melhores nem piores do que pessoas não religiosas. O objetivo da escolha de Chaplin e Hitler para ilustrar a campanha não é mostrar que acreditar em Deus torna as pessoas ruins, mas que acreditar em Deus não torna as pessoas necessariamente boas e não acreditar não as torna necessariamente ruins. Embora correta, a mensagem é mal divulgada, por três motivos: em primeiro lugar, observadores poderim interpretar erroneamente que o objetivo do anunciante foi demonstrar que religião criaria Hitlers e ateísmo criaria Chaplins. Em segundo lugar, muita gente acha equivocadamente que Hitler era ateu. Um Torquemada, um Franco, um Khomeini ou um Bin Laden criariam menos problemas de entendimento. Em terceiro lugar, a Lei de Godovin.
O "se Deus existe, tudo é permitido" não faz sentido. Não apenas quem não acredita, mas a grande maioria das pessoas que acreditam em Deus consideraram o atentado ao World Trade Center uma monstruosidade. A foto do atentado faria mais sentido com os dizeres "se a fé fosse sempre boa, atrocidades não seriam cometidas em nome dela".
O "a fé não dá respostas, só impede perguntas" ficou muito espalhafatoso com a foto da grade de uma prisão. Em vez de estimular a tolerância, estimula o conflito.
Conforme dito anteriormente, o "somos todos ateus com os deuses dos outros" ficou ótimo. É um convite à reflexão. A maioria das pessoas que acredita em Deus nos dias de hoje acredita em um Deus específico: no Deus descrito pelas três grandes religiões monoteístas. Quase ninguém acredita nos deuses dos egípcios antigos, dos gregos antigos, dos africanos, dos indianos, dos ameríndios. Durante muito tempo, crianças que pertenceram a estes respectivos povos aprenderam desde cedo a acreditar em seus respectivos deuses. Hoje quase todos nós não acreditamos em nenhum destes deuses. Por que o Deus no qual fomos educados a acreditar desde crianças tem necessariamente que existir? O que acharíamos se os mencionados povos nos considerassem pessoas sem moral ou sem caráter somente porque não acreditamos nos deuses deles?

domingo, 9 de janeiro de 2011

Valeu, Ricardo Mello!

O tenista campineiro e bugrino venceu pela quarta vez (terceira consecutiva) o Aberto de São Paulo.
Vamos esperar que neste ano ele se aproxime do número 50 do ranking da ATP.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Por Deus e pela Família

Como é bom ser amigo ou parente de autoridade no Brasil...


Governo concede passaporte diplomático para bispo da Igreja Universal e MPF faz de conta que não vê

O que mais se estranha é a omissão do Ministério Público Federal no Brasil que não age para coibir essa ilegalidade, já que é sua atribuição constitucional.

No apagar das luzes do governo Lula, o Itamaraty realizou uma série de questionáveis emissões de passaportes diplomáticos. Um dos privilegiados foi o bispo Romualdo Panceiro, da Igreja Universal. Ele recebeu o documento em “caráter excepcional” nos últimos dias de dezembro. A benesse, válida por um ano, foi concedida para atender um pedido formal do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), também bispo da Universal, e autorizada pelo ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
http://www.gp1.com.br/noticias/governo-concede-passaporte-diplomatico-para-bispo-da-igreja-universal-e-mpf-faz-de-conta-que-nao-ve-174384.html

Obs. Soube ontem que o filho de Lula resolveu devolver o passaporte diplomático. A situação deixou de ficar péssima. Ficou só muito ruim mesmo.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

200 países, 200 anos, 4 minutos

http://www.youtube.com/watch?v=jbkSRLYSojo

Interessantíssmo este vídeo. Mostra como o mundo evoluiu nos últimos 200 anos.
O apresentador mostra um gráfico em que o eixo horizontal se refere ao PIB per capita e o eixo vertical se refere à expectativa de vida. Os países são representados por bolinhas, proporcional ao tamanho de suas populações. Essas bolinhas andam no gráfico, representando o caminho percorrido de 1810 a 2010.
Percebe-se que apesar da extrema desigualdade de renda e de longevidade, todos os países estão em condições, em ambos os critérios, muito melhores hoje do que estavam há 200 anos. A maior parte da população vive em países de renda média ou média baixa. Obviamente os desníveis internos devem ser considerados. Até o final da Segunda Guerra Mundial, havia uma tendência de distanciamento entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. A partir de então, passou a haver uma tendência de aproximação.
O vídeo ajuda a demonstrar como o intenso progresso técnico ocorrido nos últimos 200 anos beneficiou a maior parte da população mundial.
Um fato não comentado pelo autor, mas percebido pela observação do movimento das bolinhas, é que existe uma relação de longo prazo entre renda e longevidade, que pode ser percebida tanto na forma como os países se distribuem no gráfico em 2010 (geralmente os de PIB per capita alto também são os de expectativa de vida alta), como na forma que eles começam em 1810 e terminam em 2010. Porém, não existe relação de curto prazo entre estas duas grandezas. A China evoluiu muito em expectativa de vida e pouco em PIB per capita de 1950 a 1980. A partir de então, passou a evoluir muito em PIB per capita e pouco em expectativa de vida. Não fez um movimento diagonal no gráfico. Primeiro fez um movimento vertical e depois horizontal. Com o Brasil aconteceu o oposto. Evoluiu mais em PIB per capita entre 1950 e 1980, e mais em expectativa de vida entre 1980 e 2010.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Era o PT um partido de classe média até 2002? Não!

Algumas análises superficiais na imprensa tratam de uma mudança da base de apoio do PT. De acordo com estas análises, o PT teria tido uma base de apoio mais forte na classe média até a eleição do Lula de 2002. Posteriormente, os escândalos de corrupção envolvendo lideranças do PT teriam erodido o apoio da classe média. Os programas sociais, o aumento do salário mínimo e a redução da miséria teriam aumentado a base de apoio do PT entre os pobres.
Ambos os movimentos de fato ocorreram. Porém, é errôneo afirmar que até 2002 o PT recebia mais votos entre a classe média do que entre os pobres. Nunca foi assim. Uma observação da votação do PT por zona eleitoral no município de São Paulo nas eleições presidenciais de 1998, 2002 e 2006, e municipais de 2000 e 2004 ajudam a desmentir esta tese. Na verdade, mesmo nas eleições de 1998, 2000 e 2002, antes do Lula assumir, elevar o salário mínimo e implementar o Bolsa Família, o PT teve votação melhor nas zonas pobres do que nas zonas de classe média em São Paulo.
O gráfico a seguir, que relaciona a votação do Lula no primeiro turno em 1998 com a votação de Lula no primeiro turno em 2006, nas 41 zonas eleitorais de São Paulo, mostra que as zonas que deram mais votos ao Lula em 2006 foram as mesmas que deram mais votos ao Lula em 1998.

A Zona 5, correspondente ao Jardim Paulista, é o pontinho localizado mais embaixo e mais à esquerda no gráfico (somente no gráfico, é óbvio). Esta zona deu 13,4% para Lula em 1998 e 12,8% em 2006. A Zona 251, correspondente a Pinheiros, deu 18,3% para Lula em 1998 e 15,7% em 2006. A Zona 371, correspondente a Grajaú, deu 37% para Lula em 1998 e 59,8% em 2006. A Zona 375, correspondente a São Mateus, deu 46,2% a Lula em 1998 e 56,4% em 2006.
Considerando a votação total de Lula no município de São Paulo, verifica-se que ele teve 27,7% dos votos válidos em 1998 e 35,7% no primeiro turno de 2006. Nas zonas de classe média alta, houve leve declínio. Nas zonas de periferia, houve forte elevação.
Já o gráfico a seguir, relaciona a votação de Lula no segundo turno de 2002 com a votação de Lula no segundo turno de 2006 nas 41 zonas de São Paulo.

Verifica-se que a forte polarização por classe social ocorrida em 2006 foi apenas uma acentuação do que já havia ocorrido em 2002. No segundo turno daquele ano, Lula teve 51,1% dos votos válidos . No segundo turno de 2006, Lula teve 45,6%. Nas zonas de classe média alta, Lula, que já não tinha sido bem votado em 2002, sofreu forte queda. No Jardim Paulista, caiu de 29,3% para 17,2%. Em Indianópolis, caiu de 31,2% para 19%. Em Pinheiros, caiu de 35,4% para 21,6%. Mesmo em zonas de classe média menos elegantes, como em Tatuapé, Lula sofreu forte queda, de 45,6% para 31,7%. Em zonas pobres, Lula cresceu. Em Guaianases, Lula foi de 63,2% para 67,5%. Em Grajaú, Lula foi de 63,1% para 72,2%. Apesar dessas mudanças, os lugares onde Lula teve mais votos em 2006 foram os mesmos onde ele teve mais votos em 2002.
Para muitos, nunca foi mistério que Lula sempre tenha sido mais bem votado pela população mais pobre. Marta, porém, já foi erroneamente associada com o voto de classe média. Algumas colunas de jornal chegaram a dizer que a classe média foi o determinante da vitória de Marta em 2000 e da derrota dela em 2004. Somente a segunda afirmação é correta.
A observação do resultado eleitoral do segundo turno da eleição municipal de 2000 pode causar essa impressão. O gráfico a seguir relaciona a votação de Marta no segundo turno em 2000 com a votação de Marta no segundo turno em 2004.
Mudanças importantes ocorreram. Em 2000, Marta foi eleita com 58,5% dos votos válidos. A variação de sua votação foi pequena. Não foi inferior a 50% e superior a 67% em nenhuma zona. No segundo turno de 2000, Marta recebeu 63,3% dos votos válidos em Pinheiros e 60,6% dos votos válidos em Perdizes. Em zonas eleitorais de classe média e classe média baixa da Zona Leste, Marta teve desempenho pior. Obteve 50,1% na Mooca, 50% na Vila Maria e 51% em Tatuapé. Porém, a maior votação de Marta ocorreu em zonas periféricas, como Grajaú, onde ela obteve 66,1%, e São Mateus, onde ela obteve 66%. Em 2004, Marta teve 45,1% dos votos válidos e foi derrotada. Em Pinheiros e Perdizes, Marta ficou na faixa dos 30%. Nas mencionadas zonas eleitorais da Zona Leste, Marta teve entre 30% e 40%. Nas zonas mais pobres, Marta manteve sua votação elevada, e em algumas delas, teve sua votação ampliada. Tirando esses casos excepcionais, houve alguma continuidade entre a distribuição de votos na Marta no segundo turno de 2000 e no segundo turno de 2004.
A continuidade fica mais acentuada quando são comparados os resultados do primeiro turno de cada eleição.

Verifica-se que as zonas que deram mais votos para a Marta no primeiro turno de 2004 foram as mesmas que deram mais votos para a Marta no primeiro turno de 2000. Mesmo em 2000, as zonas eleitorais que deram mais votos para a Marta no primeiro turno foram as zonas mais pobres. Em Pinheiros, Marta teve apenas 31,7%. Em Perdizes, 33,5%. Em zonas periféricas, Marta teve mais que 40%. O bom resultado de Marta em zonas de classe média alta no segundo turno aconteceu somente por causa da rejeição ao Maluf. Alckmin recebeu muitos votos nessas zonas no primeiro turno, e a grande maioria dos votos de Alckmin migrou para Marta.
Quando Marta se candidatou ao governo do estado em 1998, não passou para o segundo turno. No primeiro, obteve 12,1% onde reside, no Jardim Paulista, e 28,2% em Guaianases. Estes resultados enfraquecem não apenas a tese de que o PT era um partido de classe média, como também a tese de que políticos que defendem a legalização do aborto e a união civil de homossexuais encontram rejeição mais forte entre os pobres.
A evidência de que o PT é há muito tempo um partido mais votado pelos pobres do que pela classe média pode ser encontrada em outros municípios paulistas. Em 1998, Lula teve 57,3% dos votos válidos em Diadema, 34,8% em Sumaré e 39,3% em Hortolândia. No mesmo ano, Lula teve 30% em Valinhos e 21,4% em Vinhedo. No segundo turno de 2002, Lula obteve 72,8% dos votos válidos em Diadema, 69,1% em Sumaré e 72,6% em Hortolândia. Em Valinhos, teve 61,2%, e em Vinhedo, teve 53%.
Uma grande guinada ocorreu no interior das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Antes, eram o local de maior rejeição ao PT. Atualmente, são a maior fortaleza do PT nas eleições presidenciais.
Porém, em regiões metropolitanas, o PT recebe apoio maior da população mais pobre mesmo antes do governo Lula.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Parabéns aos machos brasileiros

Nós, machos brasileiros, estamos de parabéns!!!
Por causa principalmente do voto masculino, o Brasil elegeu pela primeira vez uma mulher para o cargo de Presidente da República. Entre as mulheres, a diferença de votação entre Dilma e Serra foi mínima.

Portanto, não precisamos sentir culpa em no dia da posse da primeira mulher presidente, dedicar mais comentários a outra mulher: à senhora Temer.