domingo, 16 de janeiro de 2011

Os recursos naturais e o limite ao crescimento do PIB

O limite que o estoque limitado de alguns recursos naturais existentes no Planeta Terra impõe ao crescimento do PIB mundial não deve ser interpretado de forma muito rígida. Não é possível dizer que para o PIB mundial crescer X%, o consumo de determinado recurso tem que crescer X%.
Por dois motivos: primeiro, o progresso técnico permite reduzir a quantidade de recursos naturais para produzir bens materiais. Segundo, o PIB não é composto apenas por bens materiais, aqueles que a gente pode pegar e apalpar. E a participação de bens não materiais no PIB é cada vez maior.
É possível demonstrar isso em um exemplo bastante simples: o país A produz cadernos, o país B produz livros. A quantidade de cadernos produzidos pelo país A é igual à quantidade de livros produzidos pelo país B. A área das folhas dos cadernos e dos livros é igual. A quantidade de folhas também é igual. Portanto, as duas economias utilizam a mesma quantidade de recursos naturais (tudo bem, a economia do país B gasta um pouco mais de matéria-prima necessária para fabricar tinta). Mas como os livros têm trabalho intelectual, o valor agregado dos livros é maior, e dessa forma, o PIB do país B é maior que o PIB do país A. Se a economia do país A se converter em uma economia igual à do país B, o país A terá tido um crescimento do PIB sem crescimento do consumo de recursos naturais (apenas aquele necessário para produzir um pouco mais de tinta). Para demonstrar a mesma ideia, outro exemplo utilizado poderia ter sido de um país C, que produz CDs graváveis, e um país D, que produz CDs de música.
Foram apenas exemplos simples. Mas ilustram o que ocorre no mundo real. O crescimento da participação do PIB não apalpável no PIB total permite que o PIB aumente mais do que o consumo de recursos naturais.

Pela tabela acima, é possível perceber que entre 1990 e 2006, o PIB mundial cresceu mais do que o consumo de diversas formas de energia.
Portanto, os limites ao crescimento impostos pela limitação do estoque de recursos naturais não deve ser interpretado de forma tão aterrorizadora.

Nenhum comentário: