quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Apropriação cultural

Muitas pessoas que acompanham debates de variedades em Blogs, Facebook e Twitter muito provavelmente já se depararam com alguma discussão sobre o tema "apropriação cultural" https://pt.wikipedia.org/wiki/Apropria%C3%A7%C3%A3o_cultural , habitualmente exposto como algo negativo. Quem discute este tema critica as populações urbanas ocidentais do século XXI que utilizam como enfeite no vestuário algum objeto decorativo ameríndio, polinésio, chinês, africano ou indiano, se fantasiam de pessoas dessas culturas em festas e imitam rituais como forma de entretenimento.
Muita gente que toma contato recente com essa discussão considera-a tão fútil que acaba fazendo chacota dela. É uma reação natural reagir com chacota a causas e movimentos que acabam de conhecer, antes de ter mais tempo de refletir sobre o assunto. Quando ouviram falar de casamento gay pela primeira vez, há duas décadas, alguns perguntaram "e qual dos dois vai se casar de fraque, qual dos dois vai se casar de véu?". Quando ouviram falar de cotas pela primeira vez, alguns perguntaram "então se eu tomar sol, eu vou ter mais chance de entrar na universidade?". Atualmente, tanto casamento gay, quanto cotas são bem compreendidos.
Sinceramente, não acredito que o mesmo vai acontecer com a apropriação cultural. Não vejo crescer o número de pessoas que compreendem esta discussão. Vejo sim crescer o número de pessoas que fazem piada sobre essa discussão, pessoas que já tiveram tempo suficiente para pensar. Acredito que causas que fazem mais sentido mais pessoas compreendem com mais facilidade.
Eu sou um dos que ainda não entenderam a gravidade da apropriação cultural. Mas também não vou fazer chacota. Respeito as pessoas que acham importante esta bandeira. Mas não é por isso que vou virar militante anti apropriação cultural. Vou apenas, a partir do momento em que terminar de escrever este texto, seguir o conselho do Gregório Duvivier sobre movimentos em geral: não quer ajudar, pelo menos não atrapalhe.
Só não vou deixar de ser crítico daqueles que acham que a humanidade inteira tem a obrigação de entender a apropriação cultural de um dia para outro. São reprováveis atitudes como esculacho virtual de pessoas brancas que se fantasiaram de índio ou de mãe de santo em comemoração de carnaval. Essas pessoas talvez nem sabiam o que era apropriação cultural na hora que escolheram a fantasia, nem tinham a obrigação de saber. Essas pessoas podem sim ser introduzidas ao debate. Mas a pior forma de fazer isso é com esculacho virtual.

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