Disse Juca Kfouri, um dos maiores entusiastas da extinção dos campeonatos estaduais:
Aliás, comparado ao que rendem os Campeonatos Inglês (1 bilhão e 26 milhões de euros); Italiano (700 milhões); Francês (689 milhões); Espanhol (655 milhões) e Alemão (428 milhões), o Brasileirão, certamente mais disputado, equilibrado e, portanto, mais emocionante do que todos os demais, embora com muito menos ídolos, também fatura muito pouco.
http://blogdojuca.uol.com.br/2011/02/uma-revolucao-na-tv-brasileira/
A afirmação de Juca Kfouri neste caso é verdadeira. O Campeonato Brasileiro tem muito menos ídolos do que os campeonatos europeus, mas é muito mais equilibrado e emocionante.
Mas por quê? Porque o Brasil tem 12 clubes grandes. Com tradição, títulos, histórico de grandes equipes. Na Espanha, é Barcelona, Real Madri e outros. Na Inglaterra, é Manchester United, Chelsea, Arsenal, Liverpool e outros. Na Itália, é Juventus, Internazionale, Milan, Roma e outros. Na Alemanha, é Bayern de Munique e outros.
E por quê o Brasil tem tantos clubes que uma vez ou outra chegam ao topo? Porque ao contrário da Europa, onde uma cidade grande tem um ou dois times grandes, no Brasil, uma cidade tem quatro, outra três e outras duas, dois times grandes. A paixão clubística no futebol brasileiro sempre foi fomentada pela rivalidade local. O futebol brasileiro é regionalizado.
E por quê? Porque temos mais de 100 anos de história de campeonatos estaduais, aqueles que Juca Kfouri não gosta.
A extinção dos campeonatos estaduais não seria ruim somente para clubes do interior. Provavelmente, isto só seria benéfico para Flamengo, São Paulo e Corinthians, que são clubes com enorme massa de torcedores espalhada em todo o Brasil. O G12 viraria G3. Cruzeiro, Grêmio e Internacional ainda sobreviveriam como times fortes. Fluminense, Botafogo, Vasco, Palmeiras, Santos e Atlético-MG provavelmente teriam importância semelhante a times como Atlético de Madri, Manchester City, Torino e Lazio.
O baixo público nos campeonatos estaduais não é argumento pelo seu fim. Partidas iniciais de Campeonato Brasileiro e Libertadores também geram público baixo. E possivelmente, o público nos campeonatos estaduais passou a declinar após eles serem constantemente atacados pela crônica esportiva.
O recorde de público do Morumbi foi obtido em uma final de Campeonato Paulista. Aquele título de 1977 é lembrado até hoje pelos corintianos. Não só aquele título. A democracia corintiana nunca chegou a uma final de Brasileiro, mas ganhou dois Paulistas e é lembrada até hoje. O São Paulo, em 1992, ganhou do Barcelona em Tóquio e quando voltou, ainda levou 100 mil torcedores ao Morumbi para a final do Paulistão contra o Palmeiras.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Veganismo Desmascarado
Vale a pena ler o texto "Veganismo Desmascarado" do site ceticismo.net
http://ceticismo.net/ceticismo/veganismo-desmascarado/
O texto combate alguns mitos difundidos pela propaganda vegan como o de que uma alimentação vegetariana é mais saudável do que uma alimentação ornívora, o de que a criação de animais causa fome, o de que os vegans são mais éticos do que os não-vegans, e o de que o método do ser humano de criação e abate causa mais sofrimento aos animais do que a forma natural de um animal comer o outro.
Este texto é mal escrito em muitas partes e apela algumas vezes para insultos vulgares. Porém, sugiro a leitura pelo conteúdo e não pela forma.
Uma hipótese minha: O crescimento do fundamentalismo religioso e o crescimento da adesão ao veganismo nas últimas duas décadas estão relacionados à descrença na política como forma de melhorar o mundo. Os motivos são os mesmos, os públicos são diferentes.
http://ceticismo.net/ceticismo/veganismo-desmascarado/
O texto combate alguns mitos difundidos pela propaganda vegan como o de que uma alimentação vegetariana é mais saudável do que uma alimentação ornívora, o de que a criação de animais causa fome, o de que os vegans são mais éticos do que os não-vegans, e o de que o método do ser humano de criação e abate causa mais sofrimento aos animais do que a forma natural de um animal comer o outro.
Este texto é mal escrito em muitas partes e apela algumas vezes para insultos vulgares. Porém, sugiro a leitura pelo conteúdo e não pela forma.
Uma hipótese minha: O crescimento do fundamentalismo religioso e o crescimento da adesão ao veganismo nas últimas duas décadas estão relacionados à descrença na política como forma de melhorar o mundo. Os motivos são os mesmos, os públicos são diferentes.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Quem é mais anti-EUA na América Latina?
A notícia de que Cristina Kirschner teria elevado o tom anti-EUA pensando em sua reeleição fez lembrar um fato importante.
Embora a mídia brasileira e pensadores americanófilos tenham o hábito de zombar o suposto anti-americanismo dos latino-americanos, associando isto a idéias de índio e de cucarachia, entre os grandes países da América Latina, aquele que tem maior rejeição da opinião pública aos EUA é justamente o mais europeu deles: a Argentina. Segundo a pesquisa da Pew Global de junho de 2010, 62% dos brasileiros teriam visão favorável aos EUA, assim como 56% dos mexicanos e 42% dos argentinos.
E por falar em povos europeus, as pesquisas realizadas entre 2001 e 2008, durante o governo Bush, mostravam que havia mais rejeição de europeus ocidentais aos EUA do que de muitos habitantes de países em desenvolvimento.
Embora a mídia brasileira e pensadores americanófilos tenham o hábito de zombar o suposto anti-americanismo dos latino-americanos, associando isto a idéias de índio e de cucarachia, entre os grandes países da América Latina, aquele que tem maior rejeição da opinião pública aos EUA é justamente o mais europeu deles: a Argentina. Segundo a pesquisa da Pew Global de junho de 2010, 62% dos brasileiros teriam visão favorável aos EUA, assim como 56% dos mexicanos e 42% dos argentinos.
E por falar em povos europeus, as pesquisas realizadas entre 2001 e 2008, durante o governo Bush, mostravam que havia mais rejeição de europeus ocidentais aos EUA do que de muitos habitantes de países em desenvolvimento.
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Em qual década o PIB do Brasil cresceu menos?
Alguns textos apontam que a década mais medíocre de crescimento do PIB no Brasil foi a de 1980, outros apontam que foi a década de 1990. Isto não deveria ser objeto de polêmica, porque dados sobre contas nacionais são facilmente disponíveis.
A origem da polêmica é a definição do que é década. Quando se considera década de 1980 aquela que vai de 1980 a 1989, e década de 1990 aquela que vai de 1990 a 1999, a pior década foi a de 1990. Utilizando esta definição, o PIB brasileiro teria crescido a uma média anual de 2,88% na década de 1980 e 1,67% na década de 1990. Quando se considera década de 1980 aquela que vai de 1981 a 1990, e década de 1990 aquela que vai de 1991 a 2000, a pior década foi a de 1980. Utilizando esta definição, o PIB brasileiro teria crescido a uma média anual de 1,55% na década de 1980 e 2,54% na década de 1990.
A origem desta grande variação são as bruscas oscilações do PIB brasileiro nas datas redondas. Em 1980, o PIB brasileiro cresceu 9,19%. Em 1990, o PIB brasileiro encolheu 4,17%. Em 2000, o PIB brasileiro cresceu 4,31%. Se for considerado que a década de 1980 teve início em 1980, o elevado crescimento daquele ano entra na conta daquela década. A queda de 1990 entra na conta da década de 1990, que fica sem o crescimento de 2000. Se for considerado que a década de 1980 tem início em 1981, a década de 1980 fica sem o elevado crescimento de 1980 e com a depressão de 1990.
A solução desta polêmica é muito simples. Uma vez que o século XX teve início em 1901 e o século XXI teve início em 2001, a década de 1980 teve início em 1981 e a década de 1990 teve início em 1991. Não faz sentido considerar o ano 2000 como integrante do século XX e da década de 2000. Se o ano 2000 está no mesmo século que o ano de 1999 e não 2001, também deve estar na mesma década que o ano de 1999 e não 2001.
Portanto, a década em que o Brasil cresceu menos foi a de 1980. Não deveria haver polêmica a este respeito.
A origem da polêmica é a definição do que é década. Quando se considera década de 1980 aquela que vai de 1980 a 1989, e década de 1990 aquela que vai de 1990 a 1999, a pior década foi a de 1990. Utilizando esta definição, o PIB brasileiro teria crescido a uma média anual de 2,88% na década de 1980 e 1,67% na década de 1990. Quando se considera década de 1980 aquela que vai de 1981 a 1990, e década de 1990 aquela que vai de 1991 a 2000, a pior década foi a de 1980. Utilizando esta definição, o PIB brasileiro teria crescido a uma média anual de 1,55% na década de 1980 e 2,54% na década de 1990.
A origem desta grande variação são as bruscas oscilações do PIB brasileiro nas datas redondas. Em 1980, o PIB brasileiro cresceu 9,19%. Em 1990, o PIB brasileiro encolheu 4,17%. Em 2000, o PIB brasileiro cresceu 4,31%. Se for considerado que a década de 1980 teve início em 1980, o elevado crescimento daquele ano entra na conta daquela década. A queda de 1990 entra na conta da década de 1990, que fica sem o crescimento de 2000. Se for considerado que a década de 1980 tem início em 1981, a década de 1980 fica sem o elevado crescimento de 1980 e com a depressão de 1990.
A solução desta polêmica é muito simples. Uma vez que o século XX teve início em 1901 e o século XXI teve início em 2001, a década de 1980 teve início em 1981 e a década de 1990 teve início em 1991. Não faz sentido considerar o ano 2000 como integrante do século XX e da década de 2000. Se o ano 2000 está no mesmo século que o ano de 1999 e não 2001, também deve estar na mesma década que o ano de 1999 e não 2001.
Portanto, a década em que o Brasil cresceu menos foi a de 1980. Não deveria haver polêmica a este respeito.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Ainda a patrulha
Patrulha pode ser definida como uma corrente de insultos a alguém que expresse opinião divergente, visando constranger este alguém. Esta corrente pode ser feita tanto por bandos, quanto por um indivíduos repetitivos.
Conforme eu disse no post anterior, a patrulha é um componente essencial de uma sociedade livre, uma vez que a liberdade de expressão tem duas vias. Somos livres para falar o que queremos e para ouvir o que não queremos. Uma pessoa é livre para expressar suas opiniões mesmo quando constrangida verbalmente, porque a própria opinião que esta pessoa expressou pode ser constrangedora para outras pessoas.
A reação a uma determinada opinião só é inaceitável quando feita através da difusão de boatos ou da incitação à violência física. Mas nestes casos, não seria patrulha, e sim difamação e intimidação, respectivamente.
A prática da patrulha é tão antiga que a palavra existe bem antes do uso em massa da Internet. Mas foi a Internet que fez a patrulha atingir seu apogeu. Isto porque os meios de comunicação em massa do século XX funcionavam através da emissão de mensagens de um para muitos. A Internet permitiu a emissão de mensagens de muitos para muitos. Qualquer coluna de jornalista influente conta com uma caixa de comentários, onde podem ser lidas coisas como "petralha", "PIG". Os bandos que infestam caixas de comentários e fórums de discussão online com estes vocábulos não ameaçam a liberdade de expressão. Eles são subproduto da liberdade de expressão. Falar que alguém é "petralha" ou "membro do PIG", ao invés de contra-argumentar pode ser estupidez. Mas a democracia implica que as opiniões sejam livres, e não que as opiniões sejam boas. Uma sociedade que permite somente a difusão de opiniões boas não é livre, porque neste caso, quem tem opiniões ruins teria que ser calado à força.
No caso do "petralha" e do "PIG", os bandos que difundem estes vocábulos não ameaçam a liberdade de expressão, mas não há dúvida de que ameaçam a inteligência. Agora, outro tipo de patrulha é bastante positiva e uma sociedade livre precisa dela: a reação à difusão de intolerância por causa de etnia, nacionalidade, religião, gênero e opção sexual, e à difusão de versões falsificadas da história para negar a existência de arbitrariedades causadas por regimes opressivos do passado.
Contra o racismo explícito, a lei já diz o que deve ser feito. Agora, contra o racismo implícito não é possível existir lei. Isto implicaria arbitrariedade e ameaçaria a liberdade de expressão. Portanto, uma solução possível é a patrulha. Não contra quem difunde o racismo implícito, porque isso traria publicidade a quem faz isso, mas contra quem oferece fama a quem difunde o racismo implícito.
Recentemente, Andre Kenji escreveu um texto sobre um assunto parecido ao discutido neste post. Vale a pena ler.
Conforme eu disse no post anterior, a patrulha é um componente essencial de uma sociedade livre, uma vez que a liberdade de expressão tem duas vias. Somos livres para falar o que queremos e para ouvir o que não queremos. Uma pessoa é livre para expressar suas opiniões mesmo quando constrangida verbalmente, porque a própria opinião que esta pessoa expressou pode ser constrangedora para outras pessoas.
A reação a uma determinada opinião só é inaceitável quando feita através da difusão de boatos ou da incitação à violência física. Mas nestes casos, não seria patrulha, e sim difamação e intimidação, respectivamente.
A prática da patrulha é tão antiga que a palavra existe bem antes do uso em massa da Internet. Mas foi a Internet que fez a patrulha atingir seu apogeu. Isto porque os meios de comunicação em massa do século XX funcionavam através da emissão de mensagens de um para muitos. A Internet permitiu a emissão de mensagens de muitos para muitos. Qualquer coluna de jornalista influente conta com uma caixa de comentários, onde podem ser lidas coisas como "petralha", "PIG". Os bandos que infestam caixas de comentários e fórums de discussão online com estes vocábulos não ameaçam a liberdade de expressão. Eles são subproduto da liberdade de expressão. Falar que alguém é "petralha" ou "membro do PIG", ao invés de contra-argumentar pode ser estupidez. Mas a democracia implica que as opiniões sejam livres, e não que as opiniões sejam boas. Uma sociedade que permite somente a difusão de opiniões boas não é livre, porque neste caso, quem tem opiniões ruins teria que ser calado à força.
No caso do "petralha" e do "PIG", os bandos que difundem estes vocábulos não ameaçam a liberdade de expressão, mas não há dúvida de que ameaçam a inteligência. Agora, outro tipo de patrulha é bastante positiva e uma sociedade livre precisa dela: a reação à difusão de intolerância por causa de etnia, nacionalidade, religião, gênero e opção sexual, e à difusão de versões falsificadas da história para negar a existência de arbitrariedades causadas por regimes opressivos do passado.
Contra o racismo explícito, a lei já diz o que deve ser feito. Agora, contra o racismo implícito não é possível existir lei. Isto implicaria arbitrariedade e ameaçaria a liberdade de expressão. Portanto, uma solução possível é a patrulha. Não contra quem difunde o racismo implícito, porque isso traria publicidade a quem faz isso, mas contra quem oferece fama a quem difunde o racismo implícito.
Recentemente, Andre Kenji escreveu um texto sobre um assunto parecido ao discutido neste post. Vale a pena ler.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
O que é patrulha? Definição em poucas palavras
Patrulha é um componente essencial de uma sociedade livre. Uma sociedade livre tem liberdade de expressão. Liberdade de expressão tem duas vias:
1. Fale o quer
2. Ouça o que não quer
A patrulha é nada mais do que esta segunda via.
1. Fale o quer
2. Ouça o que não quer
A patrulha é nada mais do que esta segunda via.
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