No primeiro programa "Mulheres Ricas", exibido ontem pela Band, a milionária Lydia Sayed afirmou "O rico tem que gastar. Se o rico não gasta, o dinheiro não gira". Trata-se de uma visão tipicamente keynesiana e kaleckiana sobre o funcionamento da macroeconomia, pois infere que o gasto determina a renda.
Um antikeynesiano acharia que se o rico não gastasse, alguém usaria a poupança dele para investir. Mais que um keynesiano, o antikeynesiano acharia que os milionários são muito importantes para a sociedade. Mas utilizaria outro argumento. Diria que a possibilidade de desfrutar do consumo de um milionário incentivaria as pessoas trabalharem e investirem. Disso nem Keynes discordava.
Quando é dito que "O rico tem que gastar. Se o rico não gasta, o dinheiro não gira", é colocado que o mais importante é o dinheiro girar. Isso seria justificativa para o Estado criar um imposto fortemente progressivo sobre renda e sobre grandes fortunas para transferir a renda dos ricos para os pobres. Isto porque o pobre certamente gasta todo seu dinheiro, fazendo o dinheiro girar e gerando demanda. O mesmo não acontece com o rico, que muitas vezes poupa grande parte de sua renda.
De microeconomia, certamente as mulheres ricas do reality show entendem. Não precisa explicar porquê. De macroeconomia, mostraram ter idéias muito mais adequadas à realidade do que as idéias dos formuladores de política econômica nos EUA e na Europa, afundados na crise de insuficiência de demanda agregada.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
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