domingo, 23 de março de 2014

O mundo não é cor de rosa

Os garis ganhavam muito pouco, deveriam ganhar mais? Óbvio que sim. Os professores ganham pouco, deveriam ganhar mais? Óbvio que sim. Os policiais, os bombeiros, os rodoviários, os metroviários, os bancários, os comerciários? Também. Não tem como discordar.

E o que acontece quando tanta gente passa a ganhar mais? Naturalmente o consumo de eletrodomésticos aumenta, e torna-se necessário aumentar a oferta de energia elétrica no país, tanto para produzir esses eletrodomésticos, quanto para fazê-los funcionar.

Então o que precisa ser feito? Construir mais usinas. As hidrelétricas alagam, devastam grandes áreas e entram em conflito com pessoas que moram perto dos rios, as termoelétricas emitem muito CO2, as nucleares, bom estas dispensam maiores explicações, as eólicas matam passarinho e têm materiais cuja produção implica um processo poluente. Bom, mas são custos necessários para que mais pessoas ganhem mais.

Quem quer ser o 100% consciente e achar que todo mundo deve ganhar mais e ainda ser contra a construção de qualquer usina vai passar a vida esperando pelo governo ideal e achando que todos os governos não prestam.

E não adianta falar: "eu não quero que a sociedade consuma mais como um todo, eu quero apenas que quem consome muito consuma menos e quem consome pouco consuma mais". Não adianta. Não basta que o Rei do Camarote ou a Val Marchiori consumam menos para compensar o consumo adicional de milhões de trabalhadores. Se todos consumissem igual, todos consumiriam bem menos do que professores universitários, funcionários públicos e gerentes de empresas, formadores de opinião que são os supostos "intermediários", mas são mais ricos que a grande maioria dos brasileiros.

E aumento da renda dos pobres implica mais aumento de consumo de energia elétrica do que aumento da renda dos ricos.

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