Quando eu fiz o Atlas das Eleições Presidenciais no Brasil, eu divulguei-o no meu Facebook e no meu Twitter particular, em comunidades do Facebook e no site do Luís Nassif. Ou seja, um tanto de pessoas tomou conhecimento deste site.
Há alguns dias, eu tive curiosidade de saber se meu site passou a ser utilizado como referência. Procurei entre aspas no Google "Atlas das Eleições Presidenciais no Brasil". E não é que eu encontrei uma monografia de conclusão de graduação em Economia na Universidade de Brasília que utilizou dados do meu atlas e citou-o no final do trabalho?
O trabalho foi sobre a aplicação dos ciclos políticos-econômicos no Brasil. Apresentou os modelos de Nordhaus, Hibbs e Alesina sobre a influência da macroeconomia nas eleições e das eleições na macroeconomia, e depois testou estes modelos para o Brasil. Para isso, utilizou indicadores macroeconômicos do Brasil e resultados de eleições. Estes, foram obtidos do meu atlas.
Foi uma grande coincidência, sabem por quê? Porque eu também sou graduado em Economia (só que pela Unicamp) e também fiz minha monografia sobre modelos de ciclos políticos-econômicos, incluindo Nordhaus, Hibbs e Alesina. E passei a me interessar por geografia eleitoral, a ponto de fazer este atlas, justamente por ter feito esta monografia. Meu trabalho não tratou de geografia eleitoral, mas eu precisava encontrar dados sobre resultados das eleições presidenciais norte-americanas. Eu queria só os resultados nacionais, não estava interessado em votação por estado e por condado. Mas onde eu encontrei esses dados foi no Dave Leip's Atlas of US Presidential Elections, que tinha não só os resultados nacionais, como também os resultados por estado e por condado. Aí que eu fiquei fascinado pelo tema. Achei muito curioso os mapas eleitorais dos Estados Unidos de 1896 e 2004 serem praticamente o oposto um do outro, e o mesmo ter ocorrido em relação a 1956 e 1964. Passei posteriormente a estudar este tema por conta própria. Até que eu resolvi fazer o equivalente ao Dave Leip's Atlas para o Brasil, mas com menos recursos. Meu atlas é o primo pobre do Dave Leip's.
O trabalho da graduanda da Universidade de Brasília ficou bom, mas não posso deixar de mencionar um erro que ela cometeu justamente ao utilizar os dados do meu atlas. Elas apresentou os resultados eleitorais de capitais do Brasil de 2006 e 2010 colocando no título da tabela que eram de regiões metropolitanas. Não eram.
domingo, 22 de março de 2015
terça-feira, 17 de março de 2015
Como em algumas vezes os progressistas se auto-sabotam
Depois de
tantos posts falando mal de conservadores, vale a pena fazer um falando mal de
progressistas. Na maioria das situações, progressistas têm ideias iguais às
minhas. Portanto, vou fazer crítica não às ideias, mas às formas através das
quais elas são habitualmente defendidas. Isto porque eu desejo que as ideias
progressistas sejam defendidas com maior potencial de alcance. Como a maré no
Brasil está muito mais favorável aos conservadores na atualidade, os
progressistas devem ter atenção redobrada
Tentar combater intolerância ao ateísmo
utilizando intolerância ao teísmo
Exagerar
Ser muito minucioso sobre as palavras
que devem ser utilizadas para denominar minorias
Exaltar o consumo ilegal de maconha
Justificar ação de bandidos
Praticar iconoclastia desnecessária
Minimizar a importância da presença de
políticos do PT em escândalos de corrupção
Muitas vezes,
progressistas se sabotam. Isso ocorre tanto com colunistas de sites, jornais e
revistas, quanto com comentaristas amadores que utilizam Facebook, Twitter e
blogs.
Mudar a opinião
das pessoas é saber dialogar com a turma do senso comum. Auto-sabotagem é gerar
uma repulsa tão grande que impossibilita qualquer diálogo. Eis alguns exemplos de
auto-sabotagem:
Ainda existe
muita intolerância ao ateísmo no Brasil. Já houve candidato a presidente do
Brasil em 2010 que usou ateufobia como mote de campanha. Em escolas públicas,
existem aulas de ensino religioso “optatórias” e orações coletivas
obrigatórias. Portanto, é importante um ativismo ateísta para demonstrar que
ateus merecem ser respeitados. Ateus não são nem piores nem melhores do que
crentes. O problema começa quando determinada militância ateísta na Internet
resolve defender que ateus são melhores, que ateus são mais inteligentes, que
quem tem religião é ignorante. Isso se vê em alguns memes de comunidades
pró-ateísmo no Facebook.
O propósito do
ativismo ateísta deveria ser mostrar que ateus não são nem melhores nem piores do
que crentes, que mesmo se ateus fossem piores, Deus não existiria só por causa
disso, e que ateus e monoteístas têm em comum a descrença em muitos deuses. Ateísmo
sim, antiteísmo não. Um vídeo do Pirula trata muito bem desta questão https://www.youtube.com/watch?v=xcmNSgHuPRc
Às vezes,
progressistas reagem indignados aos pronunciamentos da Rachel Sheherazade,
principalmente aquele do rapaz no poste, e chamam a comentarista de nazista. Gente,
calma lá. A Rachel Sheherazade não é nazista. Ela apenas reproduz o que
qualquer tiozão reaça fala em almoço de família. É certo que no início, chocou
ver uma pessoa dessas na televisão. Mas não por que ela é uma pessoa única,
original. E sim porque ela é igual a muitas pessoas de determinada classe
social, ela diz muita coisa que é lugar comum porque ela é um grande lugar
comum. Ela é diferente porque ela é igual a muitos, e na televisão, o que
habitualmente apareciam eram pessoas diferentes. Mais uma vez, o Pirula aborda
muito bem a questão https://www.youtube.com/watch?v=d_e9juqBDis
Ele critica o exagero os progressistas e destrói um por um os argumentos da
Sheherazade na questão do rapaz no poste.
Quando alguém
que expressa opiniões políticas adquire o estigma de exagerado, acaba pregando
somente para os próprios fiéis.
É óbvio que não
devemos falar “baitola” ou “queima-rosca”, mas pode ser um preciosismo muito
grande considerar que temos que falar “gay” e não podemos falar “homossexual”.
Alguém pode contra-argumentar: “ah, mas você não pertence a essa minoria, você
nunca teve a experiência de viver como integrante desta minoria, então você não
sabe como podem ser ofensivas algumas expressões que aparentemente são
inofensivas”. Respeito este argumento, mas tenho outro. A vivência de
compartilhar os mesmos ambientes com pessoas que vivem no senso comum. As pessoas
do senso comum têm na cabeça a imagem dos “chatos do politicamente correto” e
parecer um deles torna qualquer diálogo impossível. Eu posso estar errado nesta
questão, e quem vive a experiência de ser um membro de minoria pode ter boas
explicações para o rigor sobre o uso de palavras. Mas por enquanto, continuo
pensando que denunciar situações de opressão é muito mais relevante do que
cobrar o uso desta e daquela palavra.
Quem menos vai
ser ouvido quando defende a legalização da maconha é quem exalta a droga, quem
defende que devemos consumir ilegalmente a droga quando seu comércio legal não
é permitido. A melhor pessoa para defender a legalização da maconha, que tem
mais chance de ser ouvida, é aquela que não é identificada com o consumo da
droga. Que é identificada mais pelo envolvimento em saúde pública, segurança
pública. Óbvio que consumidores de droga também podem ser envolvidos em saúde
pública, segurança pública. Mas é mais fácil combater diretamente a ideia de
que a droga leve tem que ser proibida, do que a imagem muito negativa do
consumidor ilegal.
Não é bom para
a causa dos direitos humanos que ela seja defendida por alguém que considera
aceitável uma pessoa ameaçar a tirar a vida da outra por causa de um par de
tênis de grife, dizendo coisas como “ele nasceu na miséria, vive em uma
sociedade consumista, cercado por propaganda por todos os lados”. Isso ajuda os
inimigos dos direitos humanos, que querem retratar os defensores dos direitos
humanos como simpatizantes de bandidos. As pessoas têm que saber claramente que
repudiar tortura, execuções e prisões superlotadas não é ser a favor de bandido,
não é justificar o que bandido faz.
Leonardo
Sakamoto é um ótimo colunista e percebe bem como os progressistas não devem se
sabotar, que gostando ou não, eles devem saber se comunicar com a turma do
senso comum, porque é essa turma que tem a opinião a ser disputada. Mas acho que
ele pisou uma vez na bola quando disse que o verdadeiro herói nacional é o
brasileiro pobre que luta todos os dias pela sobrevivência sua e de sua família,
e não o Ayrton Senna. Este ponto de vista é questionável. No Brasil, há muitas
pessoas sofridas e batalhadoras, mas para ser herói precisa ser excepcional.
Além disso, o Ayrton Senna é querido pela maioria dos brasileiros, e enfrentar
a opinião da maioria é necessário quando esta opinião é ruim. Ter o Senna como
ídolo não parece o caso. Quem pratica iconoclastia desnecessária passa a
impressão de ser uma pessoa pedante e pretensiosa. Não é o caso de Sakamoto.
Considerar que todas as mulheres, e integrantes de minorias étnicas e sexuais devem necessariamente ser de esquerda
A política já teve ou tem mulheres como Margaret Thatcher, Angela Merkel, Sarah Palin, Kátia Abreu, Yeda Crusius e Roseana Sarney. O ministro das relações exteriores do governo de Angela Merkel já foi o gay assumido Guido Westerwelle. O governo Sarkozy já teve ministras árabes. Bush Senior já indicou negro para a Suprema Corte. Bush Junior teve Condoleeza Rica e Colin Powell em seu governo. Muitas vezes, progressistas têm dificuldade de entender a presença de minorias em governos conservadores. E alguns deles acabam fazendo comentários involuntariamente preconceituosos. Vide o caso do Joaquim Barbosa, que dá gancho para o próximo tópico...
Considerar que todas as mulheres, e integrantes de minorias étnicas e sexuais devem necessariamente ser de esquerda
A política já teve ou tem mulheres como Margaret Thatcher, Angela Merkel, Sarah Palin, Kátia Abreu, Yeda Crusius e Roseana Sarney. O ministro das relações exteriores do governo de Angela Merkel já foi o gay assumido Guido Westerwelle. O governo Sarkozy já teve ministras árabes. Bush Senior já indicou negro para a Suprema Corte. Bush Junior teve Condoleeza Rica e Colin Powell em seu governo. Muitas vezes, progressistas têm dificuldade de entender a presença de minorias em governos conservadores. E alguns deles acabam fazendo comentários involuntariamente preconceituosos. Vide o caso do Joaquim Barbosa, que dá gancho para o próximo tópico...
Até agora não
estava falando de PT, estava discutindo abordagem de pautas que não têm a ver
com PT, mas como muita gente pensa erroneamente que esquerda é igual a somente
PT, não tem como não abordar este tema. Pega muito mal escritores
reconhecidamente defensores do PT dizerem sobre escândalos de corrupção que “sempre
foi assim, todo mundo fez”. Se sempre foi assim, sempre foi errado. Se todo
mundo fez, todo mundo estava errado. Quem continua usando esta desculpa acaba
ajudando a queimar mais ainda o filme do PT, pois passa a impressão de que a
única defesa que se pode fazer do partido é dizer que os outros também fizeram
coisa errada. Como muitos blogueiros/colunistas de esquerda são simpatizantes
do PT, e isto ajuda a passar a impressão de que esquerda=PT, a desculpa do “todo
mundo fez” ajuda a queimar o filme da esquerda.
Metralhar posts de política no Facebook
Isso, qualquer um que é muito envolvido em política, de qualquer orientação ideológica faz. É o melhor caminho para receber muitos unfollow. É sempre conveniente alternar política com amenidades.
Conservadores também se sabotam frequentemente, mas eu não vou dar dica para eles.
Metralhar posts de política no Facebook
Isso, qualquer um que é muito envolvido em política, de qualquer orientação ideológica faz. É o melhor caminho para receber muitos unfollow. É sempre conveniente alternar política com amenidades.
Conservadores também se sabotam frequentemente, mas eu não vou dar dica para eles.
Assinar:
Postagens (Atom)