terça-feira, 5 de outubro de 2010

A destruição do mito do "paulista reaça"

Embora as principais candidaturas para a Presidência da República convirjam para o centro desde 2002, quem acompanha debates na web e nas ruas pensa que o Brasil vive clima de intensa polarização, não apenas política, como também regional.

Surgem estereótipos regionalistas estúpidos. Um deles é o do "nordestino vagabundo que vota no PT porque recebe o Bolsa Família". O outro, igualmente estúpido, com sinal trocado, é o da "elite paulista preconceituosa" ou do "paulista reacionário".
Estas eleições ajudaram a afundar este estereótipo por vários motivos:
1. É natural que um candidato a presidente obtenha maioria onde ele foi governador. Mas 59,4% dos eleitores de São Paulo votaram contra José Serra. Em 1989, Collor obteve maioria esmagadora no estado de Alagoas.
2. Plínio teve mais do que 1% dos votos no estado de São Paulo, mas não no Brasil como um todo.
3. O candidato a senador mais votado foi um ex-guerrilheiro. O segundo foi uma feminista. O terceiro foi um artista popular negro. O quarto foi um engajado em ética empresarial e causas ambientais.
4. Somente São Paulo e Rio de Janeiro elegeram deputados do PSOL.
5. Foram eleitos muitos deputados federais de partidos de esquerda. Com a ajuda dos votos em um humorista cearense (ou seja, tem gente que pode ter mal gosto para votar, mas não é preconceituosa).
6. O partido que obteve maior número de cadeiras na Assembléia Legislativa foi o PT, com 24. O PSDB obteve 23.

Uma tendência interessante pode ser observada no mapa eleitoral publicado no Estadão. Em azul claro estão os municípios onde Serra teve maioria simples, em azul escuro onde ele obteve maioria absoluta. Em vermelho claro estão os municípios onde Dilma teve maioria simples, em vermelho escuro onde ela obteve maioria absoluta.
É possível observar que Dilma obteve algumas vitórias no Oeste, em municípios localizados no Vale do Ribeira e no Pontal do Paranapanema, perto da divisa com Paraná e Mato Grosso do Sul. Tradicionalmente, o voto de esquerda em São Paulo esteve concentrado em bairros pobres de municípios grandes e ricos. Principalmente nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, e nos eixos da Anhanguera, da Anchieta e da Dutra. O Oeste, que apesar de ser a parte menos rica do estado, era uma fortaleza conservadora. Esta tendência está sendo revertida.




Obtido em http://www.estadao.com.br/especiais/geografia-do-voto,120705.htm

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