Depois disso, a tendência mais comum da Datafolha é superestimar a votação do candidato do PT nas pesquisas realizadas em véspera de eleição. Isto vale para as eleições para prefeito de São Paulo, senador de São Paulo e presidente do Brasil.
A tabela abaixo mostra em vermelho escuro os erros de superestimação dos votos do PT em menos de um ponto percentual, em vermelho claro os erros entre um e dois pontos, e em laranja os erros em mais de dois pontos (este último tipo de erro é superior à margem).
Percentuais de votos válidos em candidatos em eleições selecionadas, de acordo com pesquisas Datafolha divulgadas na véspera e resultados finais divulgados pelo TSE
Fonte: Datafolha e TSE
Nas eleições para prefeito de São Paulo de 2000, 2004 e 2008, a votação da Marta foi superestimada no primeiro e no segundo turno. No primeiro turno de 2004 e 2008, os erros foram bastante acentuados.
Nas eleições para senador de São Paulo, a diferença entre Suplicy e Afif apontada pela pesquisa de véspera foi brutalmente superior à diferença verificada na apuração.
No primeiro turno das eleições para presidente do Brasil de 2002 e de 2006, a votação de Lula foi superestimada. O instituto apontava nas duas vezes a possibilidade de decisão no primeiro turno (em 2002 pela margem), o que acabou não ocorrendo.
Somente na eleição para governador de São Paulo, a superestimação da votação no candidato do PT não ocorre. Em 2002 e 2006, assim como havia ocorrido em 1998, o candidato do PT cresceu significativamente da véspera para o dia da votação. Nas três vezes, pode ter ocorrido o efeito Lula. O eleitor sabia que ia votar em Lula, mas deixou para decidir votar no candidato do PT a governador só no dia.
Os resultados divergentes em relação à pesquisa de véspera e ao resultado oficial podem ter duas causas: mudança de decisão do eleitor na última hora e erro de amostragem. A pesquisa boca de urna estaria imune à primeira fonte de erro. Mas as pesquisas boca de urna do Datafolha de 2000 e 2002 foram mais semelhantes às pesquisas de véspera do que ao resultado final. Portanto, o erro pode estar na escolha da amostra.
Posteriormente, o Datafolha não fez mais pesquisas boca de urna.
Em 2010, as pesquisas do Datafolha apontam vantagem menor para a Dilma do que as pesquisas de outros institutos. Pode ser que o instituto tenha aprendido a coletar amostras que não superestimem a votação no PT.
De qualquer forma, a observação do histórico de pesquisas e resultados eleitorais mostra aos petistas que eles não devem comemorar antes da hora. Como dizia um provérbio chinês do século VI DC, "o jogo só termina quando o juiz apita".
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