sexta-feira, 1 de outubro de 2010

De 2000 a 2008, o Datafolha SUPERESTIMOU a votação do PT na véspera

A última vez que a Datafolha cometeu um erro grave ao subestimar a votação em um candidato do PT ocorreu na eleição para governador de São Paulo em 1998. A pesquisa de véspera apontava Paulo Maluf em primeiro com 31%, e em empate técnico, em segundo, Francisco Rossi, Mário Covas e Marta Suplicy, respectivamente com 18%, 17% e 15%. Para evitar um segundo turno entre Maluf e Rossi, alguns simpatizantes do PT deram voto útil em Covas. Depois de apurados os votos, Maluf terminou realmente na frente, Covas foi para o segundo turno com uma pequena vantagem sobre Marta, e Rossi terminou alguns pontos atrás. O voto útil induzido pela pesquisa tirou Marta do segundo turno. Mas foi um simples erro, cometido também pelo Ibope. Muito provavelmente, alguns eleitores indecisos optaram pela Marta na última hora.


Depois disso, a tendência mais comum da Datafolha é superestimar a votação do candidato do PT nas pesquisas realizadas em véspera de eleição. Isto vale para as eleições para prefeito de São Paulo, senador de São Paulo e presidente do Brasil.
A tabela abaixo mostra em vermelho escuro os erros de superestimação dos votos do PT em menos de um ponto percentual, em vermelho claro os erros entre um e dois pontos, e em laranja os erros em mais de dois pontos (este último tipo de erro é superior à margem).

Percentuais de votos válidos em candidatos em eleições selecionadas, de acordo com pesquisas Datafolha divulgadas na véspera e resultados finais divulgados pelo TSE

Fonte: Datafolha e TSE
Nas eleições para prefeito de São Paulo de 2000, 2004 e 2008, a votação da Marta foi superestimada no primeiro e no segundo turno. No primeiro turno de 2004 e 2008, os erros foram bastante acentuados.
Nas eleições para senador de São Paulo, a diferença entre Suplicy e Afif apontada pela pesquisa de véspera foi brutalmente superior à diferença verificada na apuração.
No primeiro turno das eleições para presidente do Brasil de 2002 e de 2006, a votação de Lula foi superestimada. O instituto apontava nas duas vezes a possibilidade de decisão no primeiro turno (em 2002 pela margem), o que acabou não ocorrendo.
Somente na eleição para governador de São Paulo, a superestimação da votação no candidato do PT não ocorre. Em 2002 e 2006, assim como havia ocorrido em 1998, o candidato do PT cresceu significativamente da véspera para o dia da votação. Nas três vezes, pode ter ocorrido o efeito Lula. O eleitor sabia que ia votar em Lula, mas deixou para decidir votar no candidato do PT a governador só no dia.
Os resultados divergentes em relação à pesquisa de véspera e ao resultado oficial podem ter duas causas: mudança de decisão do eleitor na última hora e erro de amostragem. A pesquisa boca de urna estaria imune à primeira fonte de erro. Mas as pesquisas boca de urna do Datafolha de 2000 e 2002 foram mais semelhantes às pesquisas de véspera do que ao resultado final. Portanto, o erro pode estar na escolha da amostra.
Posteriormente, o Datafolha não fez mais pesquisas boca de urna.
Em 2010, as pesquisas do Datafolha apontam vantagem menor para a Dilma do que as pesquisas de outros institutos. Pode ser que o instituto tenha aprendido a coletar amostras que não superestimem a votação no PT.
De qualquer forma, a observação do histórico de pesquisas e resultados eleitorais mostra aos petistas que eles não devem comemorar antes da hora. Como dizia um provérbio chinês do século VI DC, "o jogo só termina quando o juiz apita".

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