terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Como reagir a colunistas trolls raivosos da ultradireita

Depois de apresentar informações talvez pouco conhecidas sobre Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo e Rodrigo Constantino, exponho agora minha opinião sobre como devemos lidar com estes colunistas e outros que pertencem à mesma corrente de pensamento.
Alguns dizem que esse tipo de colunista deve ser completamente ignorado. Isto porque esses colunistas gostam de aparecer, são do tipo que amam ser odiados por alguns, e que, portanto, falar sobre eles, mesmo emitindo opinião negativa, é ajudar a divulga-los.
Concordo parcialmente com este argumento. É verdade que todos esses colunistas adoram aparecer, que falar deles ajuda a coloca-los em evidência. Mas o fato é que desde 2003, esse tipo de colunista vem ganhando muita evidência na mídia, seja escrita, seja televisiva, seja radiofônica, seja online. Alguns já são suficientemente conhecidos para não precisarem mais do "nosso" trabalho de divulgação. E existe o risco deles fazerem a cabeça de pessoas. Isto não seria nem um pouco bom. Pois haverá danos à saúde pública se as pessoas passarem a pensar que não há problema em não levar crianças para tomar vacina ou que campanhas governamentais de uso de preservativo são ruins. Haverá danos à tolerância às minorias se fosse padrão as pessoas pensarem que homossexualidade é uma doença ou que o cidadão mais oprimido é o homem, branco, heterossexual e cristão. Haverá danos à segurança pública se linchadores passassem a ser vistos como algo "até compreensível". Haverá danos aos conhecimentos do país sobre sua história se a mentira de que só "terroristas" foram assassinados durante a ditadura militar for vista como verdade. Haverá danos ao conhecimento dos brasileiros sobre ciência se as pessoas disserem que "o aquecimento global não existe" com base apenas no "eu acho que".
Portanto, esses colunistas merecem resposta, mas a resposta precisa ser bem feita. Caso contrário, as preocupações dos que defendem que esses colunistas devem ser ignorados tornam-se reais.
Escrevo aqui um conjunto de sugestões tanto para colunistas de revistas de esquerda e lideranças de esquerda (muito provavelmente eles nunca vão encontrar este texto, mas quem sabe...), quanto para críticos de Facebook, Twitter e Blog.

1) Colunistas muito conhecidos devem ser criticados. Colunistas pouco ou nada conhecidos devem ser ignorados.

2) Não é recomendável publicar em Facebook, Twitter ou Blog um texto de um ultradireitista preconceituoso acompanhado apenas de comentários como "absurdo, nojento". Porque isto ajuda apenas a divulgar. É importante responder aos argumentos do texto. É muito bom que especialistas em determinadas áreas de conhecimento respondam às "groselhas" proferidas por esses colunistas, como vemos aqui.

3) Quem deve responder a esses colunistas direitistas raivosos é uma questão importante. Pessoas com conhecimento acadêmico ajudam a desmentir patacoadas desses colunistas. Às vezes, nem é necessário tanto conhecimento assim. Só não é recomendável que acadêmicos muito conhecidos, lideranças muito importantes de partidos políticos e lideranças muito importantes de movimentos sociais escrevam críticas a colunistas ultradireitistas. Devem fazer isso apenas em réplica, quando atacados. Em situação normal, esses colunistas precisam ser criticados por pessoas menos conhecidas que eles. Quando o crítico é muito conhecido e importante, gera muita publicidade para quem não merece. Considero uma decisão equivocada a do Guilherme Boulos de ter escrito uma coluna inteira criticando o Reinaldo Azevedo. O MTST é um movimento muito mais importante do que o blog do Reinaldo Azevedo. Para o colunista da Veja, foi como um troféu ter recebido um texto do Guilherme Boulos. Bons acadêmicos desconhecidos são pessoas ideais para criticar colunistas ultradireitistas. A crítica a esses colunistas deve ser um trabalho horizontal e de formiguinha. Vale a pena divulgar no Facebook e no Twitter as boas críticas.

4) Colunistas direitistas trolls e colunistas que têm as mesmas posições políticas, escrevem para os mesmos periódicos, mas mantém aparência de sérios e respeitáveis devem ser tratados sem distinção, a não ser que critiquem abertamente os colunistas trolls. Da mesma forma que esperamos que islâmicos em geral expressem repúdio contra terroristas que utilizam o nome da religião islâmica para cometer atentados, para que o terrorismo não seja associado à religião; esperamos que os "sérios e respeitáveis" repudiem publicamente quem usa a trollagem para defender as mesmas posições políticas que as deles.

5) Nunca devemos caluniar ou difamar qualquer colunista. Nenhuma boa causa, no caso, o repúdio ao extremismo de direita, deve ser defendida por mentiras. Se defensores de determinada causa consideram que são necessárias mentiras para defender esta causa, muito provavelmente a causa não é tão boa assim.

6) Nunca fazer graça com a aparência física de qualquer colunista, nem fazer piadas sexuais.

7) Usar o naofo, isto é óbvio.



2 comentários:

Alex disse...

Olá Marcelo,

Achei seus apontamentos interessantes. Parabéns pelas ideias. Se possível trocarmos algumas ideias sobre o assunto.

Marcelo Brito disse...

Seja bem vindo