terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O que Soninha disse, o que Soninha deve ter pensado

Em letras normais, eu reproduzo o mais recente post do blog da subprefeita da Lapa, Soninha Francine. Em itálico, escrevo o que eu penso que ela pensou na hora em que ela cometeu este texto. Como as frases em itálico são o que ela provavelmente pensou, mantenho a primeira pessoa.


L9 - o Fenômeno
Impressionante o que carisma e currículo podem fazer - além de uma estratégia fenomenal de comunicação, oposição desmobilizada e imprensa com receio de ir contra a maré.

Me limito a dizer que a imprensa tem receio de ir contra a maré, porque se eu disser que a imprensa é petista, já vão achar que eu estou parecida demais com Olavo de Carvalho, e eu quero parecer uma opositora progressista e boazinha.

O presidente do Brasil foi escolhido "Homem do Ano" pelo Le Monde, que elogiou (reproduzo o que ouvi na TV, não li o original) o "crescimento econômico", o "combate à miséria" e "o desenvolvimento que privilegia o meio ambiente", entre outras coisas - mais ou menos na mesma linha da exaltação escrita por Zapatero dias atrás no El País.
Essa avaliação se baseia totalmente em impressões subjetivas. No "clima" que exala do governo brasileiro. Na propaganda oficial.

Eu ía dizer que o Le Monde foi patrocinado pela Petrobrás, pelo Banco do Brasil e pela Caixa Econômica Federal, mas não tive tempo de olhar o original para ver se tem anúncio dessas empresas.

O Brasil vai bem? Muito bem? Sim, em prestígio internacional. Em estabilidade institucional e financeira. Assim como o Flamengo, temos a capacidade de transformar limão em limonada (ou caipirinha) como ninguém. Somos o país que inventou a feijoada, transformando os restos indesejados pelos brancos em um prato delicioso (embora não seja exatamente saudável). Não nos deixamos abalar facilmente por coisas como mega escândalos de corrupção; temos uma capacidade de assimilação impressionante. Outros países sobreviveram a várias guerras; nossa resiliência se manifesta na tolerância infinita a desvios de conduta (depois de alguns minutos de indignação seletiva e polarizada).

É menos pior passar por muitas guerras do que por muitos escândalos de corrupção. O Afeganistão é um país maravilhoso.

Mas o Brasil, meu deus, continua horrível. O que é que estamos comemorando, a empolgação de presidentes de outros países? O aplauso da mídia estrangeira? A consagração de nosso governante? Mas é isso mesmo que é o mais importante em um país?
É, o Brasil está na moda. Mais uma vez. Tivemos nosso grande momento nos anos 50 e 60 - Bossa Nova, Cinema Novo... Juscelino, Brasília, indústria automobilística, Copa do Mundo. Tudo muito bacana, charmoso, mas... Enquanto isso, estávamos construindo um país desigual, injusto, cruel.

Antes de JK, o Brasil era igual, justo e humano.

Hoje reclamamos do passado como se ele tivesse sido uma imposição de deuses mitológicos, um acaso astrológico ou algo assim. "Não temos ferrovias! Destruímos nossos rios, desmatamos o litoral, nossas cidades não foram preparadas para o crescimento. Não tem redes adequadas ou suficientes de transporte sobre trilhos, não tem sistemas de drenagem, não tiveram planejamento. Nossa educação é deficiente, há milhões de analfabetos. O campo expulsa a população pobre para as cidades".

Eu li vários historiadores e sociólogos, representativos do pensamento brasileiro a ponto de podermos colocar o que pensam na primeira pessoa do plural, e todos eles dizem que os problemas do passado foram causados por deuses mitológicos. Caio Prado Jr. achava isso, Celso Furtado achava isso, Bóris Fausto achava isso, Florestan Fernandes achava isso.

Verdade, e não foi só o Regime Militar o responsável por esses descompassos. Fizemos da fabricação de automóveis nosso maior orgulho, o passaporte para o primeiro mundo; das estradas de rodagem a coisa mais bonita do mundo. Destruímos serras, várzeas, florestas, mangues. E continuamos nesse passo, longe do desmame do transporte individual motorizado, talvez o mais forte símbolo de sucesso, expressão máxima do consumo como forma de realização pessoal - por extensão, nacional.

Visitei a Alemanha várias vezes e lá eu descobri que a cobertura original da Floresta Negra continua intacta.

Continuamos nos gabando de nossa grandeza e invocando, quando conveniente, nossa condição de pobreza, fragilidade, o chavão consolidado: somos um país "em desenvolvimento". (Desde que eu estava no colégio, o governo - naquela época, o militar - rejeitava o rótulo de "subdesenvolvido". A nova tag acabou pegando). Seremos a 5a maior economia do mundo muito em breve!

O FMI e o Banco Mundial usam a expressão "em desenvolvimento" e não "subdesenvolvido" porque foram influenciados pelo Regime Militar brasileiro.

O petróleo nos transformará em superpotência! Emprestamos dinheiro ao FMI! Mas ainda falamos com desprezo dos "ricos"; os ricos que poluíram e aqueceram o mundo e agora vem encher o saco querendo preservar as florestas, melhorar o clima e blá-blá-blá. Deixem-nos crescer! Se precisarmos desmatar, poluir e aquecer, nós o faremos. No máximo, prometemos não aumentar tanto assim as agressões ao ambiente e pronto, esse é o nosso sacrifício. Em vez de diminuir as emissões de carbono, vá lá, vamos aumentar menos.
(É essa a grande proposta que o governo brasileiro levou à Cop-15... Que um comentarista na Globo News saudou como "audaciosa". Fantástico).

Nós da oposição dividimos o trabalho. Se o governo quer fazer o Brasil crescer, mesmo tendo que imitar a China para atingir tal objetivo, eu, da turma consciente faço chororô. Agora, se o governo não colocar o crescimento como prioridade, aí a turma economicista do PSDB reclama que o Brasil está crescendo muito menos que a China. E sim, a Globo é do PT.

O Brasil continua muito miserável, desigual, cruel, injusto. O campo continua expulsando as pessoas - não porque o mundo mudou e a mecanização chegou a todas as lavouras, mas porque continua gerando muita riqueza para alguns e miséria para tantos outros. Os velhos e aparentemente eternos coronéis, as chamadas "elites" políticas e econômicas continuam mantendo seus currais eleitorais às custas da pobreza, da dependência, do papel de salvadores da pátria. Eles são os que intercedem junto ao poder central de modo a conseguir um auxílio, um socorro, uma esmola. Dirigidos, limitados, finitos, jamais transformadores e capazes de levar à independência, à autonomia.

Não tive muito tempo para olhar os dados sobre êxodo rural na última década, mas tudo bem, acredito que meus leitores não farão o mesmo.

O povo continua na merda (RT @opresidente). As cidades, incapazes de absorver dignamente os expulsos do campo, incham, se espraiam e deterioram. Aumenta a desigualdade, a violência. Não é a pobreza a causa da violência, é a falta de projeto, de uma perspectiva que não a aspiração do prazer imediato e do consumo. Pesquisas recentes traduziram em números o que mitos já observaram no contato direto e diário: a maioria das meninas se prostitui para conseguir bens como celulares. A maioria dos meninos entra para a indústria do crime para se fazer admirar pela "valentia"; para serem admirados pelas meninas que, imersas nesse mundo em que a "ascensão social" se dá pelo crime, adoram as armas ostentadas por eles.

Há cerca de 25 milhões de meninas entre 10 e 24 anos, ou seja, que potencialmente se prostituiriam. Se a maioria delas se prostitui, então há pelo menos 12,5 milhões de jovens prostitutas em todo Brasil. Se o município de São Paulo concentra aproximadamente 5% da população brasileira, então há em torno de 625 mil prostitutas só em São Paulo. Ei, isto seria um absurdo, a conta deve estar errada. Tudo bem, a maioria dos meus leitores não vai reparar.

O Brasil cresceu pouco - aliás, os números da economia no último trimestre foram comentados, muito discretamente, como sendo "decpecionantes" para o governo. E tudo bem. Parece até que vale mais a propaganda ufanista do que o fato em si - "Ah, não vamos abaixar o astral da população, o mundo inteiro aplaudindo o Brasil, o país do momento, e a gente vai contrariar a maioria agora?".

Em 2009 eu sei que o Brasil vai ter um crescimento zero. Estou com preguiça para pesquisar o quanto o Brasil cresceu de 2004 a 2008. Tudo bem, meus leitores não se preocupam com essas coisas.

O Brasil cresceu pouco e redistribuiu muito mal. Tenho curiosidade em saber: quantas pessoas recebem o Bolsa Família há vários anos? O que seria delas AGORA se perdessem o benefício? Transferência de tenda é medida emergencial necessária, mas não pode ser mecanismo de eterna dependência. Além de reunir vários benefícios em um só, qual é, afinal, a grande diferença dessa Bolsa para a do governo Fernando Henrique, que criticamos tanto? O quanto melhorou a VIDA das pessoas - não apenas o COMSUMO? Ironizávamos as declarações do então presidente quando ele dizia que a população estava comprando mais dentaduras, frango e iogurte. Não era disso que falávamos quando exigíamos reformas, revoluções. Mas agora erguemos um brinde à venda de carros e geladeiras, como se a nação estivesse melhor por conta do carnê das Casas Bahia. Sim, as pessoas erguem suas casas com material de construção mais barato, compram eletrodomésticos de última geração - mas moram no Pantanal na Zona Leste de São Paulo, uma obra conjunta da qual as últimas quatro ou cinco administrações podem se orgulhar... E continuam se chacoalhando várias horas por dia na condução, jogando lixo em qualquer lugar à sua volta porque essa é a paisagem a que se acostumaram, e repetindo com os colegas os lugares-comuns sobre os políticos que não prestam.

Trabalho para um prefeito do DEM, e muitos eleitores deste partido acham que redistribuir renda é redistribuir pobreza, que uma distribuição de renda, mesmo muito desigual não é injusta quando obtida a partir de trocas voluntárias, e que cada um deve ter uma renda compatível com seu esforço. Mas eu sou uma esquerdista do PPS e só estou na subprefeitura porque eu gosto da Lapa.
É uma aberração pobre querer ter geladeira. Eu, para dar bom exemplo de consciência ecológica, não tenho geladeira e não me preocupo em conservar meus alimentos. Eu compro comida orgânica todo dia. E pobre consciente não tem carro. Pobre consciente vai ao trabalho de bicicleta, mesmo se morar a mais de 10 km do serviço.

Temos imagens horríveis para mostrar ao mundo, como sempre. Depois da exaltação internacional à India e à China, chegou a vez do Brasil mostrar suas belezas. Assim como India e China, nossa beleza ainda exclui milhões. Nosso sorriso continua banguela. Mas os miseráveis não aparecem tanto, exceto em casos de flagelos - ou nas manisfestações organizadas em cidades governadas pela oposição... Antes, a culpa pela miséria era do governo central. Agora, é dos tucanos, dos demos, de qualquer um, menos do presidente. O presidente combate a miséria e a fome. Se não dá certo, não é ele quem tem de responder por isso.

Falo mal da China e da Índia, mas se precisar, reclamo que não crescemos como estes países, como eu acabei de fazer em parágrafos anteriores.

A história pessoal do presidente é belíssima. Mas o que já foi motivo de chacota indecente agora virou anteparo indevassável; criticar o presidente Lula é quase blasfêmia. E ele investe - inconscientemente, creio - na imagem do homem humilde de baixa escolaridade de modo a acentuar, artificialmente, essas características. O discurso de Lula deputado criticando o Bolsa Escola era muito mais elaborado do que a fala de hoje em dia, com mais expressões chulas e erros de concordância que ele antes não cometia...

Em 2001 e 2002, quando o Bolsa Escola existia, Lula era deputado e eu gostava dele.

Lula antes queria falar de igual para igual com os poderosos e precisava provar que era capaz. Hoje quer provar que é "do povo", e esculacha sua sintaxe para se fazer entender. Não precisa. Não devia. Sua coloquialidade é uma graça; a vulgaridade, um desperdício. Lula consegue se manter com alta popularidade no sétimo ano de governo entoando um discurso de oposição. "Vamos tirar o povo da merda! Vamos mostras às elites quem é que manda". Mas Lula não é mais o sindicalista, o opositor eloquente, o intruso na festa dos bacanas, o delator dos 300 picaretas. Lula é o anfitrião. Lula é governo. Lula tem a caneta, a faixa presidencial, o poder. Mas os governistas se comportam como mártires da oposição, desqualificando toda crítica como invejosa, ressentida, golpista. Lula pode dizer o que quiser que passa como graça, e os grandes movimentos organizados de outrora - sindicatos, estudantes - quedam-se calados, talvez comentando entre eles que "nessa o presidente pisou na bola", mas jamais convocando manifestações, publicando charges, pichando muros. Resta a um ou outro opositor mainstream fazer um comentário crítico, destilar veneno irônico na televisão ou no jornal e aos pequenos movimentos radicais colar lambelambes de "Fora Sarney, Fora Todo Mundo".

Porque se a CUT, a UNE e o MST realmente defendessem o povo brasileiro, eles organizariam grandes passeatas contra os erros de português cometidos por Lula.

Lula é um grande personagem. Mas o governo Lula é muito ruim, especialmente no balanço a longo prazo. Nos primeiros anos, ocupando o Executivo pela primeira vez, é de se esperar que haja dificuldades. Lidar com o Parlamento venal é sempre um problema, mesmo quando não há uma oposição aguerrida, quase encardida como a que fazia o PT. Mas já se passou tempo demais. E, nesse tempo, os oligarcas se acomodaram. As grandes reformas não saíram. Antigas posições foram abandonadas. O governo se deslumbrou com o aplauso das agências de risco, o deslumbramento de banqueiros, o luxo palaciano, a amizade dos poderosos. Agora não quer queimar o filme com os novos amigos, e se vê defendendo Renans e Sarneys, celebrando Collors e quetais.

Meu amigo Serra era amigão do Arruda, mas, tudo bem. Ele não sabia...

Não é raro acontecer essa canonização de um personagem. Quando um Lech Walesa, Nelson Mandela (ou Obama...) chegam ao poder, é difícil criticá-los. Apontar seus erros pode parecer a condenação de toda a luta, de toda a trajetória, da esperança. E não faltará quem aja deliberadamente dessa maneira, pronto a apontar o primeiro deslize, a primeira tentativa frustrada, o primeiro inevitável problema para dizer "Estão vendo? É tudo uma farsa! São todos farinha do mesmo saco! Que saudade de seus antecessores!". E talvez essa reação intolerante, raivosa e injusta seja exatamente o fermento para que, junto com o belo passado, a popularidade de um político aumente sobremaneira. Lula e o PT foram escorraçados de maneira grotesca em vários momentos. Um psicanalista ganhou capa da Folha de São Paulo ao dizer que o acidente da TAM em Congonhas era obra do "governo assassino", uma aberração absoluta. Um canal de TV (se não me engano, a Record) fez um cliping que colava imagens da Marta Suplicy e sua declaração sobre "relaxar" em meio ao caos aéreo à explosão do avião. Uma denúncia de corrupção contra um vereador petista no interior de Minas Gerais gerava uma onda de comentários "e agora, o presidente vai dizer que não sabia de nada?". A governadora do Pará foi cobrada por não saber que um distrito policial a centenas de quilômetros da capital tinha uma menina de 15 anos presa junto com homens. Lula foi vaiado na abertura do Panamericano, mistura de galhofa e grosseria na qual muitos acharam graça. Lula fez uma pergunta sincera, singela e espontânea ("afinal, o Ronaldo está gordo ou não está?") e de novo acharam graça na resposta deselegante de Ronaldo - que estava gordo.

Preciso mostrar que sou uma opositora "esclarecida" e não uma opositora "preconceituosa", porque meus leitores são "esclarecidos", e não "preconceituosos".

E, como se gabavam alguns, Lula cresceu feito massa de pão (quanto mais apanha...). E hoje é isso, um presidente que é descrito segundo sua própria propaganda, independentemente de fatos que o desmintam. Não acabamos com a fome, longe disso. Não diminuímos significativamente a miséria, embora massas tenham adentrado o maravilhoso mundo do crediário. Temos uma rota levemente ascendente? Temos, até porque muitas coisas mudaram no mundo a ponto de se tornarem mesmo mais baratas e acessíveis - a tecnologia, por exemplo. A internet e os benditos celulares. As passagens de avião. Mas no máximo mantivemos uma tendência, quando precisávamos de um salto. Chacoalhar as estruturas, modificar a lógica, revolucionar. E isso não fizemos. Diminuiu um pouco a participação proporcional de São Paulo no PIB? Grande coisa, devia ter diminuído muito mais. Continuamos desiguais demais.

Até cheguei a pensar em procurar as estatísticas do quanto que a miséria diminuiu de 2002 para 2009, para mostrar o quanto a mudança foi insignificante. Mas fiquei com preguiça. Tudo bem, meus leitores não se preocupam com essas coisas.

Será que é porque ainda estamos verdes, nossa recém-conquistada democracia é imatura? Quem sabe. Continuamos reféns de ídolos carismáticos, simpáticos, salvadores. Continuamos dividindo o mundo em bons e maus. Continuamos simplistas, imediatistas, superficiais. E não é só um problema de baixa escolaridade não - graduados e pós-graduados também produzem juízos de valor preconceituosos, auto-referentes, reproduzindo velhos conceitos cristalizados e jamais revistos. Na biblioteca comunitária do Jardim Fontales ou em uma turma da GV, o nível de conhecimento e informação sobre instituições políticas, por exemplo, é parecido. Ninguém sabe quem faz o que. Ninguém nunca teve a chance de aprender.

Para embasar meu argumento, eu ia citar alguma pesquisa que mostra o quanto uma turma da GV conhece as instituições políticas. Mas não achei o link, por isso, fica por isso mesmo. Ninguém vai me cobrar.

Não tenho esperança de que isso melhore a curto prazo. Os que estão dispostos ao debate são muito mais inclinados a simplesmente avacalhar o outro lado do que pensar que não existem só dois lados, duas cores, bons e maus, certos e errados. E há os que sequer estão interessados no debate - "quero saber do meu interesse". Mas se não acreditar que a médio prazo vamos ter mais gente inclinada ao pensamento mais complexo, o olhar generoso e multifacetado, a compreensão das coisas em todas as suas nuances, não sei o que vou fazer. Continuo trabalhando em política, buscando lugares de poder, lendo, escrevendo, debatendo ou vou logo para o Nepal meditar e catar lixo na rua, como oferenda de trabalho? Não sei. No fim de um ano dos infernos como este último não devo estar no melhor dos estados para decidir.

Se a Dilma ganhar, me mudarei para o Nepal. Lá é um paraíso onde as pessoas vão de bicicleta ao trabalho.

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