sexta-feira, 7 de março de 2008

"Questão de ordem" no STJ

Ainda não li nenhum argumento decente contra as pesquisas com células-tronco. Não é aborto, pois os embriões a serem utilizados não virariam bebês no futuro caso não fossem. E se o problema é a possibilidade de futuro fazerem seres humanos artificiais com células tronco (o que não é possível por enquanto), por que não fazer gritaria somente se isto for tentado? Por que ficar enchendo o saco de quem quer fazer pesquisas que podem auxiliar cura de diversas doenças?
Mas o pior não é a posição em si, e sim o comportamento do ministro Carlos Alberto Direito. O STJ não é Câmara dos Deputados, onde se vota projetos de leis. A função do STJ é interpretar a lei, portanto, opiniões religiosas pessoais poderiam ter sido deixadas na porta de entrada. O tal ministro se portou como um estudante autoritário em assembléia, que ao saber que é minoria, adia a votação esperando ser maioria no futuro.

domingo, 2 de março de 2008

Os olhos enganam



Quem olhou rapidamente, sem atenção, para a página do Yahoo Brasil neste domingo, teve a impressão de ter visto duas, e não uma, chamada de notícia sobre Fórmula 1.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Texto sobre o Bolsa Família

Na semana passada, saiu uma boa reportagem sobre o programa bolsa família na revista inglesa The Economist. Vale a pena ler http://www.economist.com/world/la/displaystory.cfm?story_id=10650663
A matéria diz que a experiência pioneira foi no México, com o Oportunidad, se espalhou pela América Latina, chegou a Nova York e vai ser implementado no Egito. Em seguida, é explicado o funcionamento do programa no Brasil, e depois, seus efeitos são destacados. Os principais são o aumento da freqüência escola e o alívio da situação de miséria absoluta de uma grande parcela da população brasileira, com uma modesta quantia de dinheiro gasta. Também destaca o fato do programa ser continuação do Bolsa Escola, implementado pelo governo anterior. A revista ainda apresenta as críticas ao programa, sem, porém, aderir a elas.
Programas de transferência direta de renda, como o Bolsa Família, são inofensivos para quase todas as correntes de pensamento econômico. Socialistas (moderados, é claro) gostam porque existe redistribuição de renda. Liberais gostam porque isto é feito com parcela pequena do orçamento e ainda por cima, o programa não cria distorções no sistema de preços relativos. Vale lembrar que The Economist é uma revista liberal no bom e no mau sentido.
Outro ponto importante destacado pela matéria é que a globalização facilita a difusão de boas idéias, no caso mencionado, programas sociais baseado em transferência direta de renda. Eu já havia presenciado isso no meu ambiente globalizado que é minha sala de aula. Meu professor de Introdução às Políticas Públicas, que morou no México, apresentou um caso a ser discutido sobre a implementação do Oportunidad. Além da discussão de casos, a aula conta com trabalhos individuais em que cada aluno escreve sobre um problema de seu país. Minha colega turca se propôs a falar sobre meninas da parte asiática da Turquia que não freqüentam a escola ou por extrama pobreza, ou por preconceitos culturais. Meu professor disse que uma simples e boa política a ser implementada é o governo pagar uma bolsa a cada família pobre com a condição de que as crianças freqüentem a escola, sendo maior o valor para meninas do que para meninos.
Enquanto isso no Brasil, tem gente com a convicção de que quem recebe o Bolsa Família é vagabundo e que a finalidade do programa é comprar votos. A maior tragédia não é este tipo de opinião em si, mas a preguiça de pensar, que faz pessoas repetirem idéias sem qualquer exame crítico. E como se resolveria este problema, investindo em educação? Não, não adianta. Os papagaios (ou ovelhas) do "Bolsa Família é pra comprar voto de vagabundo" pertencem à parcela mais instruída da população brasileira. Quase todos eles têm "deproma".

sábado, 26 de janeiro de 2008

My Blueberry Nights: faltou o peru

Acabei de chegar do cinema. Vi "My blueberry nights", de Wong Kar Wai. Fazendo uma metáfora, este filme é que nem uma ceia de Natal composta por uma deliciosa farofa de nozes, um fantástico arroz com passas uma ótima sobremesa, mas sem o principal, que é o peru. A trilha sonora estava fantástica, combinando muito bem com as belas imagens dos EUA, os truques de filmagem (de distorcer a imagem nas mudanças de cena) encaixaram muito bem no filme, a atuação de Norah Jones foi boa (temia-se o fato dela não ser atriz profissional). E o menu de beldades do filme não é pra ninguém botar defeito. Além da cantora e da Natalie Portman, tinha a Rachel Weisz, mais linda do que normalmente ela é em outros filmes. Agora, só faltou um enredo.
Foi uma pena ver as três falando Alemão. Principalmente a Rachel Weisz, a que mais perdeu com a remoção de sua voz e sotaque original.
Como Jude Law e Rachel Weisz não apareceram na mesma cena, não foi possível eles comentarem suas experiências na Batalha de Stalingrado. Ed Harris também não apareceu na mesma cena de Jude Law. Caso contrário, ele teria falado "eu não matei você, seu desgraçado?"

domingo, 6 de janeiro de 2008

Pra quem acompanha a corrida presidencial nos EUA

Uma vez meu colega dos EUA perguntou se no Brasil comenta-se bastante as eleições presidenciais norte-americanas. Eu respondi que, normalmente, pelo tamanho da cobertura na imprensa brasileira na semana que antecede, parece até que nós também vamos votar.
Aqui na Alemanha não é muito diferente. Houve destaque nas capas dos principais jornais para as primárias de Iowa, tendo sido comentada muito mais a vitória de Obama do que a de Huckabee, que áo contrário do democrata, parece ter menos chances nas outras primárias, mesmo com o apoio de ninguém menos do que Chuck Norris.
Esta é a primeira corrida presidencial, depois de muito tempo, em que ambos os partidos apresentam grande disputa interna. Nas vezes anteriores, ou havia campanha pela reeleição, ou pela eleição do vice do presidente que ficou 8 anos. Desta vez, o Cheney está velhinho.
Este link tem a posição dos candidatos nas primárias sobre os diversos assuntos http://www.2decide.com/table.htm

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

O Fla-Flu das revistas semanais brasileiras

A revista semanal que mais leio agora é a Spiegel (normalmente na Internet, só comprei um exemplar impresso). Mas anteontem eu dei uma entrada nos sites das revistas Veja e Carta Capital para conferir o que é que tinha nas edições de fim de ano.
Na Veja, tinha um texto chamado "Pede pra sair, esquerda embolorada" http://veja.abril.com.br/291207/p_140.shtml. Na Carta Capital, tinha entrevista com os empresários Manuel Felix Cintra Neto (BM&F), Jorge Gerdau Johannpeter (Gerdau) e Roger Agnelli (Vale), discutindo o futuro do Brasil, tema que contou com outros textos http://www.cartacapital.com.br/edicoes/477.
Tem gente que diz que Veja e Carta Capital praticam o mesmo tipo de jornalismo, apenas com o sinal contrário. Se isto for uma opinião sincera e amparada em fatos, tudo bem. Basta me mostrar algum texto da Carta Capital cujo título seja "Pede pra sair, direita embolorada" que eu acredito nesta tese. Caso contrário, penso que quem nivela Veja e Carta Capital lê pouco ambas as revistas.
Sem evidência na realidade, qual seria a motivação para dizer que Veja e Carta Capital praticam o mesmo tipo de jornalismo com sinal contrário? A motivação pode ser mostrar uma certa maturidade ficando em cima do muro. Não acho que este seja o melhor caminho para a maturidade. Aos que gostam de sempre ter a opinião intermediária, muito cuidado. Isto pode viciar. Em uma discussão sobre saltar da janela do primeiro andar ou saltar da janela do terceiro andar, estes proporiam saltar da janela do segundo andar. Considerariam como extremismo a sensata opinião de simplesmente não saltar da janela.
Maturidade se adquire estudando e vivendo, e não atirando opiniões de cima do muro.