Na próxima quarta-feira, 16 de abril, o COPOM provavelmente elevará a taxa Selic. O Banco Central do Brasil tentará derrubar a inflação mundial através de juros mais altos. Sim, não é piada (ou é) os integrantes do COPOM querem derrubar preços de produtos cotados internacionalmente através de política monetária doméstica.
Se as autoridades monetárias de um país com uma participação muito modesta na economia mundial conseguir deter uma inflação que não é nacional, e sim, global, vão merecer o prêmio Nobel, não só da Economia, como também da Paz.
Porém, o mais provável é que isto não aconteça. Porém, quem está no BCB não precisa do dinheiro do prêmio Nobel. A grana que vão ganhar no mercado financeiro depois de saírem da insituição vai ser bem maior.
sábado, 12 de abril de 2008
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Hey Galvão, vai tomar ...
Esporte fica mais interessante com bairrismo. Devemos torcer para os time de nossas cidades, os pilotos de nossos países. Mas como dizia um velho comentarista esportivo da Bandeirantes, "a gente torce, mas não distorce".
Ontem, depois de ter vido a corrida em um restaurante, durante o período da tarde, procurei, durante a noite, um Youtube com o Brasil-il-il e a musiquinha. Encontrei. E tive a infelicidade de ouvir o Galvão Bueno transformando um momento de alegria em um momento de rancor e revanchismo. "E pra quem queria tirar o Felipe Massa da Ferrari", "pra quem não confiava no talento de Felipe Massa". Ora, Felipe Massa tem seu valor por estar na Fórmula 1, ter sido contratado para correr na Ferrari e conseguir ganhar umas corridas, e não será impossível que ele ganheo campeonato neste ano. Agora, ele tem suas limitações. Foi quarto colocado em 2007, quando seu companheiro de equipe foi campeão. E quem abandona uma corrida sem falha mecânica, como na Malásia, certamente vai ser cobrado.
Se um não-brasileiro rodasse uma Ferrari sozinho, o Galvão certamente iria malhar. No ano passado, ele adorava falar dos erros do Hamilton.
E para saborear, dois clássicos do Galvão Bueno, comentando Michael Schumacher. Um no GP do Japão de 1991, outro em 1993. Falar merda no GP do Japão é a pior coisa que tem, pois é a corrida com mais gente gravando.
http://www.youtube.com/watch?v=axb9-UXlbuI&feature=relatedhttp://www.youtube.com/watch?v=MpZ4CrbklIo
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Imitações femininas do Bob Dylan
Enquanto a Cate Blanchett interpretando uma das personalidades do Bob Dylan ainda não chega, me contento com uma bela gravação de Highway 61 Revisited feita pela PJ Harvey.
http://www.youtube.com/watch?v=cPTTmsQSrFM
http://www.youtube.com/watch?v=cPTTmsQSrFM
O dia de Reinaldo Azevedo
8h: acorda
8h30: Depois de ter escovado os dentes, feito a barba e tomado o café, vai passear com o cachorro, no momento mais relax do dia, antes da árdua labuta. Vai pensando nos xingamentos que escreverá ao longo do dia. No caminho, a maioria das pessoas não o reconhece. Uma ou outra senhora fala “parabéns, se todos os brasileiros tivessem acesso aos seus textos, o país não teria esta bandalheira toda”.
9h15: Senta na frente do computador, onde pasará quase o dia inteiro. Começa seu trabalho checando os comentários dos petralhas. Encontra alguns que servem muito bem de escada, para respondê-los.
10h: Terminada esta primeira etapa, entra no blog do Luís Nassif para refutar algum texto. Encontra um post dizendo que os juros altos e o câmbio sobrevalorizado fazem mal ao país. Começa escrever que é típico dos anões morais defender a corrupção e a proteção aos traficantes e ser contra o governo na única coisa que ele acerta. Telefona para algum economista do PSDB para saber que argumento que tem que usar para responder às críticas ao BC. Recebe a resposta “ele está certo, esta política monetária é ruim, sempre achávamos nos tempos de Primeira Leitura achava isso e você teve amnésia, se seu blog serve pra atacar o governo, diz que o governo é uma bosta porque faz umas políticas estúpidas como estas”. Responde “bom, se eu falar mal do BC, meus chefes na Veja não vão gostar, então deixa pra lá”.
10h30: Meio sem idéias, faz o que costuma fazer nos momentos de preguiça. Entra no site do Estadão, acha uns artigos e editoriais conservadores, e os reproduz em seu blog.
11h: Entra no site do Olavo de Carvalho, para repercutir algum artigo, adicionando alguns elogios, mas o mais recente diz que o PT e o PSDB são tudo da mesma putada lá da USP. Resolve deixar pra lá e esperar o próximo artigo.
11h15: Fica cansado da árdua labuta até então e entra no Youtube pra relaxar com alguns vídeos engraçados.
11h30: Entra no site do Globo pra ver o último artigo do Ali Kamel, reproduzi-lo em seu blog, com comentários finais “brilhante, fantástico”. Telefona pro Ali Kamel, diz como ele é um jornalista competente e honrado. Oferece alguns serviços de proteção, porque normalmente os jornalistas conservadores são indefesos.
12h: Entra na comunidade Olavo de Carvalho nos odeia pra ver se tem alguma coisa pra refutar. Sem citar o nome, é caro, pra não fazer divulgação.
12h30: Seus filhos chegam da escola. Almoço em família. O filho diz que na aula de História, xingou o professor de petralha e esquerdopata porque foi ensinado que a crise de 1929 foi culpa do liberalismo e que o mundo capitalista prosperou entre 1950 e 1973 durante o período do Estado Keynesiano. RA diz estar orgulhoso do filho que tem. Aí este pergunta pro pai que argumento ele tem que usar quando alguém diz o que o professor de História disse. RA responde que vai pesquisar.
13h30: Terminado o almoço e o descanso, manda um e-mail pro Giambiagi perguntando que argumento tem que usar pra responder ao texto de Economia do blog do Luís Nassif e também ao professor de História do filho.
14h: Entra de novo no blog do Luís Nassif pra ver se tem textos mais fáceis pra refutar. Encontra mais um capítulo do dossiê contra a Veja. Telefona pro Mário Sabino pra saber como deve ser refutado. É instruído pra não refutar e também para fazer silêncio sobre o assunto.
14h15: Exalta o brilhantismo do último pod-cast do Diogo Mainardi, liga pra ele e diz que vai fazer três, ao invés dos habituais dois elogios semanais, caso Diogo lhe arrume uma cadeira permanente no programa Manhattan Connection.
14h45: Elogia o mais recente texto de Caio Blinder.
15h: Começa ficar sem idéias. Procura vários sites de notícias e descobre uma dizendo que o viaduto do município de Coisa Linda da Serra, administrado pelo PT, está sofrendo rachaduras. Reproduz esta notícia em seu blog.
15h30: Escuta uma música do U2 saindo do quarto da filha. Vai até o quarto e diz pra ela não ouvir essas coisas porque o Bono é mau, já que ele não acha o cristianismo superior ao islamismo, e que portanto, suas músicas não têm qualidade.
15h45: Checa o e-mail pra ver se recebeu a resposta de Giambiagi. Como a resposta não chegou, decide ele mesmo criar um argumento. Diz que esses estatizantes querem transformar o Brasil em uma Cuba de dimensões continentais.
16h30: Recebe um comentário de um estudante indignado porque o DCE de sua universidade escreveu um texto defendendo o socialismo. Publica este texto em vermelho, com a refutação em azul. A refutação diz: esses esquerdopatas têm doença mental. O capitalismo é melhor porque na Coréia do Su tem riqueza e liberdade e na Coréia do Norte tem miséria e opressão. Acha que esta refutação vai convencer todos os estudantes.
17h: Termina o expediente da empregada. Antes dela ir embora, ele a alerta que se a Marta tiver mais votos em seu bairro do que o Kassab, não vai ter panetone no Natal.
17h30: Seu filho recebe um convite pra ir ao cinema com os amigos no fim de semana. RA liga pra Isabela Bocóv pra saber se o filme proposto é adequado ou não.
19h: Vai jantar com a família em um restaurante. Ao fundo toca Chico Buarque. Ele chama o garçom e diz que a música é ruim porque o cantor votou no Lula e defende Fidel Castro.
22h: Vai dormir. Reza um Pai-Nosso, com final diferente. Ao invés de “mas livrai-nos do mal”, diz “mas livrai-nos dos petralhas e dos esquerdopatas”. Aí se lembra de que sem eles, não teria assunto.
8h30: Depois de ter escovado os dentes, feito a barba e tomado o café, vai passear com o cachorro, no momento mais relax do dia, antes da árdua labuta. Vai pensando nos xingamentos que escreverá ao longo do dia. No caminho, a maioria das pessoas não o reconhece. Uma ou outra senhora fala “parabéns, se todos os brasileiros tivessem acesso aos seus textos, o país não teria esta bandalheira toda”.
9h15: Senta na frente do computador, onde pasará quase o dia inteiro. Começa seu trabalho checando os comentários dos petralhas. Encontra alguns que servem muito bem de escada, para respondê-los.
10h: Terminada esta primeira etapa, entra no blog do Luís Nassif para refutar algum texto. Encontra um post dizendo que os juros altos e o câmbio sobrevalorizado fazem mal ao país. Começa escrever que é típico dos anões morais defender a corrupção e a proteção aos traficantes e ser contra o governo na única coisa que ele acerta. Telefona para algum economista do PSDB para saber que argumento que tem que usar para responder às críticas ao BC. Recebe a resposta “ele está certo, esta política monetária é ruim, sempre achávamos nos tempos de Primeira Leitura achava isso e você teve amnésia, se seu blog serve pra atacar o governo, diz que o governo é uma bosta porque faz umas políticas estúpidas como estas”. Responde “bom, se eu falar mal do BC, meus chefes na Veja não vão gostar, então deixa pra lá”.
10h30: Meio sem idéias, faz o que costuma fazer nos momentos de preguiça. Entra no site do Estadão, acha uns artigos e editoriais conservadores, e os reproduz em seu blog.
11h: Entra no site do Olavo de Carvalho, para repercutir algum artigo, adicionando alguns elogios, mas o mais recente diz que o PT e o PSDB são tudo da mesma putada lá da USP. Resolve deixar pra lá e esperar o próximo artigo.
11h15: Fica cansado da árdua labuta até então e entra no Youtube pra relaxar com alguns vídeos engraçados.
11h30: Entra no site do Globo pra ver o último artigo do Ali Kamel, reproduzi-lo em seu blog, com comentários finais “brilhante, fantástico”. Telefona pro Ali Kamel, diz como ele é um jornalista competente e honrado. Oferece alguns serviços de proteção, porque normalmente os jornalistas conservadores são indefesos.
12h: Entra na comunidade Olavo de Carvalho nos odeia pra ver se tem alguma coisa pra refutar. Sem citar o nome, é caro, pra não fazer divulgação.
12h30: Seus filhos chegam da escola. Almoço em família. O filho diz que na aula de História, xingou o professor de petralha e esquerdopata porque foi ensinado que a crise de 1929 foi culpa do liberalismo e que o mundo capitalista prosperou entre 1950 e 1973 durante o período do Estado Keynesiano. RA diz estar orgulhoso do filho que tem. Aí este pergunta pro pai que argumento ele tem que usar quando alguém diz o que o professor de História disse. RA responde que vai pesquisar.
13h30: Terminado o almoço e o descanso, manda um e-mail pro Giambiagi perguntando que argumento tem que usar pra responder ao texto de Economia do blog do Luís Nassif e também ao professor de História do filho.
14h: Entra de novo no blog do Luís Nassif pra ver se tem textos mais fáceis pra refutar. Encontra mais um capítulo do dossiê contra a Veja. Telefona pro Mário Sabino pra saber como deve ser refutado. É instruído pra não refutar e também para fazer silêncio sobre o assunto.
14h15: Exalta o brilhantismo do último pod-cast do Diogo Mainardi, liga pra ele e diz que vai fazer três, ao invés dos habituais dois elogios semanais, caso Diogo lhe arrume uma cadeira permanente no programa Manhattan Connection.
14h45: Elogia o mais recente texto de Caio Blinder.
15h: Começa ficar sem idéias. Procura vários sites de notícias e descobre uma dizendo que o viaduto do município de Coisa Linda da Serra, administrado pelo PT, está sofrendo rachaduras. Reproduz esta notícia em seu blog.
15h30: Escuta uma música do U2 saindo do quarto da filha. Vai até o quarto e diz pra ela não ouvir essas coisas porque o Bono é mau, já que ele não acha o cristianismo superior ao islamismo, e que portanto, suas músicas não têm qualidade.
15h45: Checa o e-mail pra ver se recebeu a resposta de Giambiagi. Como a resposta não chegou, decide ele mesmo criar um argumento. Diz que esses estatizantes querem transformar o Brasil em uma Cuba de dimensões continentais.
16h30: Recebe um comentário de um estudante indignado porque o DCE de sua universidade escreveu um texto defendendo o socialismo. Publica este texto em vermelho, com a refutação em azul. A refutação diz: esses esquerdopatas têm doença mental. O capitalismo é melhor porque na Coréia do Su tem riqueza e liberdade e na Coréia do Norte tem miséria e opressão. Acha que esta refutação vai convencer todos os estudantes.
17h: Termina o expediente da empregada. Antes dela ir embora, ele a alerta que se a Marta tiver mais votos em seu bairro do que o Kassab, não vai ter panetone no Natal.
17h30: Seu filho recebe um convite pra ir ao cinema com os amigos no fim de semana. RA liga pra Isabela Bocóv pra saber se o filme proposto é adequado ou não.
19h: Vai jantar com a família em um restaurante. Ao fundo toca Chico Buarque. Ele chama o garçom e diz que a música é ruim porque o cantor votou no Lula e defende Fidel Castro.
22h: Vai dormir. Reza um Pai-Nosso, com final diferente. Ao invés de “mas livrai-nos do mal”, diz “mas livrai-nos dos petralhas e dos esquerdopatas”. Aí se lembra de que sem eles, não teria assunto.
quarta-feira, 26 de março de 2008
Tudo é Senna X Piquet
Beatles é Senna. Rolling Stones é Piquet.
Pelé é Senna. Maradona é Piquet.
Lula é Senna. Brizola é Piquet.
Pearl Jam é Senna. Nirvana é Piquet. (Apesar da coincidência de Kurt Cobain e Senna terem ido embora em um intervalo de menos de 30 dias)
Ronaldo é Senna. Romário é Piquet.
João Paulo II é Senna. Bento XVI é Piquet.
Pelé é Senna. Maradona é Piquet.
Lula é Senna. Brizola é Piquet.
Pearl Jam é Senna. Nirvana é Piquet. (Apesar da coincidência de Kurt Cobain e Senna terem ido embora em um intervalo de menos de 30 dias)
Ronaldo é Senna. Romário é Piquet.
João Paulo II é Senna. Bento XVI é Piquet.
sábado, 15 de março de 2008
Abertura do comércio aos domingos: debate para além da dicotomia esquerda e direita
Li no Desestresse um texto sobre a chatice dos comentadores de Internet. Concordo com o texto. Além de serem chatos, tais comentadores de panelinha são pretensiosos, pois pensam que vão converter alguém com suas linhas tecladas. E reduzem tudo à dicotomia esquerda e direita. Não é sobre isso que vou escrever agora. Vou apenas aproveitar o gancho para abordar uma discussão impossível de ser reduzida à dicotomia do Bobbio: a restrição em relação ao funcionamento do comércio aos domingos.
Pelo critério mais usual da diferenciação esquerda/direita, quem fosse de esquerda defenderia maior restrição à abertura das lojas, por uma questão de defesa dos direitos dos trabalhadores. O comércio emprega muita gente e se tudo pudesse ser aberto aos domingos, a qualidade de vida dos comerciários seria deteriorada, devido ao comprometimento de suas vidas sociais. Não tem graça ter o descanso semanal na segunda ou terça-feira, quando todo o resto da família está trabalhando. Quando a abertura parcial do comércio aos domingos foi aprovada, a CUT soltou uma nota dizendo que pimenta nos olhos dos outros é refresco. Quem fosse de direita, por sua vez, defenderia menos restrição, apoiada no argumento de que o mercado é melhor que o Estado para alocar recursos. Com liberdade para funcionar no dia em que a maioria das pessoas está de folga, as lojas poderiam ter receita maior com um mesmo número de funcionários, e portanto, ter mais lucro. E os consumidores teriam mais liberdade de escolha.
Agora quando a discussão sai da economia e vai para os costumes, a situação se inverte. A maior flexibilidade em relação ao funcionamento do comércio foi uma exigência natural da maior igualdade entre os gêneros. Quando as mulheres não trabalhavam fora de casa, elas podiam fazer compras em meio de semana. O fechamento do comércio aos domingos poderia ser solicitado em nome da tradição religiosa: domingo deve ser um dia de descanso, tanto de trabalho, quanto de consumo. Os opositores desta idéia argumentariam que o Estado é laico, e que a crença religiosa de alguns (mesmo sendo a maioria) não pode virar lei escrita.
Em resumo, há dois tipos de conflito de valores na discussão sobre liberar ou não o comércio aos domingos. Um deles é o direito dos trabalhadores X livre mercado, o outro é sociedade tradicional X sociedade moderna. Portanto, os comentadores de Internet não conseguirão formar panelinhas "de esquerda" e "de direita" para discutir o assunto.
Aqui no estado da Turingia, a lei permite que as lojas funcionem quatro domingos por ano. A maioria da população é contra a abertura irrestrita. Conseqüentemente, os dois principais partidos políticos são contra. O CDU adota o não de direita, usando como argumento a tradição cristã, e o SPD adota o não de esquerda, enfatizando a qualidade de vida dos comerciários.
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