Sempre quando o Brasil entra em crise fiscal, aparecem propostas para as universidades públicas cobrarem $ dos estudantes. É fato que nenhuma solução pra universidade pública é perfeita, todas têm seus contras. As 3 são:
1) Manter como está. Universidade pública gratuita (leia-se impostos e doações). Tem o problema de que universidades de países que cobram têm mais recursos. E também o inevitável problema do fato de os pais dos estudantes universitários terem renda média mais... alta que a da média da população. Isto não acabaria nem se o ensino básico fosse bom.
2) Universidade gratuita para os pobres e paga para os ricos. O problema dessa solução é sua sustentabilidade política. Os que pagam podem se revoltar por estarem pagando para receber o mesmo serviço que os que não pagam. Agravado pelo fato de muitos dos não pagantes serem cotistas, o que elevaria a tensão (sou a favor das cotas, mas é tema pra outra discussão). O 2 duraria pouco e já passaria pro 3.
3) Crédito estudantil para os pobres. O problema dessa é que o conceito de "igualdade na largada" iria pro espaço. O filho do pobre começaria sua vida profissional com dívidas e o filho do rico não. As universidades públicas ficariam ainda mais elitizadas, pois muitos pobres desistiriam de cursar, pois não quereriam arriscar um endividamento. Estudo não é única barreira para filho do pobre no mercado dos bons empregos.
Ainda acho que o 1 (gratuita pra todos) é o mal menor. Importante lembrar que Harvard (paga) é mais elitista do que a USP e as universidades de Paris (não pagas). E as universidades brasileiras não precisam fazer toda a pesquisa que as norte-americanas já fizeram, portanto, podem ser mantidas a custos mais baixos. O efeito distributivo perverso pode ser compensado por mudanças no sistema tributário (aumento o peso dos impostos pagos pelos ricos) e por mudanças na política de outros gastos públicos.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
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